4.12.12

Os melhores restaurantes de Montreal: Joe Beef, Park, etc.

Joe Beef


Eu moro em Montreal, embora passe boa parte do ano no Brasil - mas nem parece! Escrevo pouco sobre minhas peregrinações a restaurantes daqui, talvez porque ache que interessa pouco aos leitores do Brasil, e talvez porque estou sempre contando de lugares onde como pelo mundo afora.



Mas resolvi consertar isso, compartindo aqui links para duas listas bem diferentes que fiz recentemente para dois grandes portais. Uma lista, dos melhores restaurantes de Montreal (na minha opinião, claro) foi publicada pela super blogueira e viajante Rachel Verano, em seu blog na Vejinha.




A outra lista, em inglês, eu fiz para o portal EATER, e é de "hot" restaurants, querendo dizer os que estão em alta, na moda... não necessariamente os melhores. Difere um pouco da primeira. Vem com mapa interativo.

Em ambos os casos misturei hi e lo, lugares caros (Joe Beef) e baratos (Grumman78), sem grande rigor, muito subjetivamente. A quem interessar possa.......




2.12.12

Novas hamburguerias em São Paulo e mais: últimos posts na FOLHA


Abraço dos chefs MartinPicard (de gorro) e Massimo Bottura: confluência de dois mundos


Mais uma vez, para os seguidores do BOA VIDA, compartilho aqui os links dos meus últimos posts na FOLHA:

Duas novas hamburguerias acabam de abrir em São Paulo: MEAT e Vapor Burger

Vídeo: o dia em que eu testemunhei o chef Massimo Bottura descobrindo o louco Québec do chef Martin Picard

Chefs Daniel Humm, David Chang, Alice Waters, etc em São Paulo (com vídeo do ensaio da escola de samba Vai-Vai, a que os chefs assistiram)

Melhores restaurantes de Nova York segundo o site EATER: The Nomad, Rosemary's, etc.

Coluna na FOLHA: o que os chefs gringos (David Chang, Alice Waters, etc)  acharam dos restaurantes paulistanos

Alice Waters, Carlo Petrini (presidente do Slow Food) e outros estrangeiros famosos almoçam no Complexo do Alemão, no Rio

Vídeo: um "restaurante" pop-up muito louco, em um vagão de metrô novaiorquino

As melhores lembranças desta minha última visita ao Brasil: D.O.M., Tordesilhas e Roberta Sudbrack

Vídeo: o chef italiano Massimo Bottura me mostrando os melhores acetos balsâmicos do mundo

Os donos do Vaca Véia abrem o bar La Maison Est Tombée, também no Itaim

Chef Alex Atala irá abrir um bar em sociedade com Facundo Guerra

Uma coluna polêmica no caderno COMIDA: "O Corpo e o Sangue do Bicho"

Programa incrível em Paris: assistir a um filme a bordo de uma canoa!


3.11.12

Piemonte: restaurantes e o Salone del Gusto em Turim

Vitello tonnato do Le Vitel Etonné, em Turim



Acabo de voltar da Itália, onde estive para fazer duas coisas: jantar na Osteria Francescana, em Modena, e participar do Salone del Gusto, em Turim. Da Osteria ainda não falei muito: preciso reunir as fotos e as anotações em um longo post. Também falta escrever sobre os outros mega-jantares, no Combal.O, no Piazza Duomo, etc.

Mas já pude contar muito do que vi em Turim em posts e matérias na FOLHA. Eis os links:

Le Vitel Etonné: meu restaurante favorito em Turim

Salone del Gusto, gigantesco evento gastronômico em Turim: a matéria publicada no COMIDA

E mais Salone del Gusto: fotos do evento, inclusive das chefs brasileiras que deram palestra (Mara Sales, Aninha Soares, Neide Rigo)

O super simpático Franceschetta, segundo restaurante de Massimo Bottura, em Modena - coluna no COMIDA

Entrevista com o carismático presidente do Slow Food, Carlo Petrini - com vídeo


Carlo Petrini, presidente do Slow Food (que, aliás, estará esta semana em São Paulo para a Semana MESA SP)

14.10.12

Chef David Chang lança programa de TV com Anthony Bourdain


 Já faz tempo que o chef David Chang deixou de cozinhar para dedicar seu tempo à administração de seus muitos restaurantes e a outros projetos, como a sua revista de gastronomia Lucky Peach. A última dele? Um programa de tevê que, segundo o site Eater, vai estrear dia 9 de novembro no canal americano PBS. Vejam o trailer no blog na FOLHA (aqui, o link).

10.10.12

Um filme incrível de um restaurante incrível: 41 Grados, em Barcelona, de Albert Adrià



Sugestão: reservar 10 minutinhos do seu dia para ver esse filme. Grandíssimo, a meu ver. E tá no blog da FOLHA hoje, na íntegra, em alta resolução.

3.10.12

Despedida




Nem sei por onde começar.

Certamente não vai ser falando de pedras que rolam, novos desafios ou cafonices do tipo.

Tenho um carinho imenso por este Boa Vida e, mais ainda, pelos sábios e viajados e generosos leitores que o blog foi colecionando ao longo desses nove anos.

Este não é um adeus, mas sim um "venham até ali comigo".

Ali onde? Ora, a Folha! Venho, nos últimos meses, estreitando meus laços com o caderno COMIDA - quem me conhece sabe que até hoje sinto saudades dos meus tempos de redação de jornal, e que morrerei repórter. Pois tenho o maior gosto em poder seguir reportando, agora para o COMIDA.

A Folha me chamou para juntar-me ao seu time de blogueiros e, como não dava para manter um pé lá, outro cá, anuncio, oficialmente, que este Boa Vida está entrando, hoje, em um período sabático.

Ele continuará aqui, sem novos posts porém firme e forte, com sua ferramenta de busca para quem quiser saber o que achei dos últimos restaurantes que provei em Paris, Londres ou Lima. Mas, de hoje em diante, estou em endereço novo.

E espero dos meus muito queridos leitores que venham nessa comigo. Sem vocês, não teria graça nenhuma.

Não sou de escrever coisas assim, mas hoje, acho que faz sentido: um beijo para cada um de vocês, seguidores deste Boa Vida. Vocês sabem quem são, e eu lhes sou muito, muito grata.

Que vocês gostem da nova "casa"....

A.

Aqui, o link para o novo blog... deixem lá seus comentários!

28.9.12

Guia Michelin UK 2013: pub de Heston Blumenthal ganha uma estrela

Chef Heston Blumenthal, em seu laboratório em Bray, vizinho ao pub Hinds Head,
que acaba de ganhar sua primeira estrela
 

Desde ontem só se fala no "vazamento" da lista dos estrelados pelo guia Michelin inglês, edição 2013. Como vazou? Quem revelou a bombástica notícia? Ora... e isso lá tem alguma importância para alguém além dos donos dos restaurantes? Much ado about nothing... 

Hoje, soltaram o release oficial. Este ano, não há nenhuma grande novidade, conforme podem ver a seguir... Digna de nota, só a estrela que deram ao Hinds Head o pub que Heston Blumenthal tem vizinho ao seu The Fat Duck, em Bray.

15.9.12

Roberta Sudbrack e Beto Pimentel representam o Brasil no Salone del Gusto, em Turim




A chef Roberta Sudbrack com Helena Rizzo,
nos bastidores do San Sebastian Gastronomika


Este Boa Vida anda meio pesadamente "chefístico", admito. Só fico falando de chefs e eventos internacionais! Mas.... sinto dizer que vou ter que, de novo, falar de um fórum gastronômico, porque a) esse é bacaníssimo e b) estaremos muito bem representados.

Acontecerá em Turim no fim de outubro o Salone del Gusto, ligado ao Slow Food (que, para quem lê este blog, dispensa explicações...). Embora tenha sido pouco ou nada divulgado, descobri que haverá uma grande cerimônia de homenagem à América Latina. Será um jantar de gala preparado por Bottura, Roberta Sudbrack, Gastón Acurio e outros sul-americanos que está dis-pu-ta-dís-si-mo:

Domenica 28 il Salone dedica un omaggio speciale alle due Americhe nell’Appuntamento a Tavola America Latina: Terra Madre incontra l’Italia: i prodotti delle comunità del cibo latinoamericane sono protagonisti di una cena a più mani in cui lo chef pluristellato Massimo Bottura guida una brigata d’eccezione con Roberta Sudbrack dal Brasile, Carlos Garcia dal Venezuela, Matias Perdomo dall’Uruguay, Gaston Acurio dal Perù edEnrique Olvera dal Messico.


Adorei o termo usado para descrever o Massimo Bottura: pluristellato. Vou adotar. :)

Por falar em Bottura, acabei de entrevistá-lo em Lima e... que chef! Que cabeça, que generosidade. Fiquei boba, confesso. E vejam lá quem é citada logo em seguida: Roberta Sudbrack.

O Salone del Gusto, de tão grande e complexo, me está parecendo difícil a compreender. Site confuso é apelido! Tem Teatro do Gosto pra cá, Laboratório do Gosto pra lá, um verdadeiro carnaval de comilanças e bebelanças e aprofundadas conversas sobre comida, meio-ambiente, Amazônia, bichos, gentes, apetites, descobertas vegetais, etc.


Haverá "performance" (que será isso?!) não só de Roberta mas também do Beto Pimentel, o carismático e extrovertido chef do Paraíso Tropical em Salvador, que tem dos quintais de restaurante mais produtivos do Brasil (nem sei dizer todas as frutas que se colhem ali).

Vejam a lista de "performers" (dall'estero = do exterior):


De lá, alguns vêm praticamente direto ao Brasil, porque vão participar da Semana Mesa SP (o grande evento anual da revista Prazeres da Mesa): Virgilio Martinez (o peruano que eu vivo elogiando), a Alice Waters, Enrique Olvera, etc.

O Gastón Acurio, que estará em Turim pouco depois de ter ido a Tóquio reunir-se com o tal do G9 (grupo de überchefs representando as "potências gastronômicas mundiais"), diz que vai a São Paulo também.

Eita circuitinho intenso, esse. Quando é que sobra tempo pra cozinhar?



14.9.12

Chefs Daniel Humm (Eleven Madison Park) e Grant Achatz (Alinea) trocam de cozinha



Essa ideia leva, na minha opinião, o prêmio de originalidade. Os chefs Grant Achatz e Daniel Humm, super amigos, resolveram trocar de cozinha por uns dias, com equipe e tudo. Achatz vai cozinhar no Eleven Madison Park, em Nova York, e Humm vai cozinhar no Alinea, em Chicago, #1 dos Estados Unidos no 50 Best.

Esse vídeo explica melhor: MUITO bom!





O mistério é proposital. Maiores informações "vazarão" no Facebook, nesta página aqui.



Como já escrevi algumas vezes, acho que o Daniel Humm está no auge de sua carreira.
(Aqui, o texto que escrevi sobre ele no caderno COMIDA, da Folha).

E o melhor: Humm está de viagem marcada para São Paulo! Ele vai palestrar na Semana Mesa SP e cozinhar no restaurante Clos de Tapas na semana do 5 de novembro.

ADENDO - agora soltaram uma página explicativa, respondendo a várias FAQs (frequently asked questions) - neste link.


12.9.12

Mistura, a incrível festa celebrando a gastronomia peruana



Lavradoras andinas, orgulhosas do prêmio "Rocoto de Oro" que ganharam no Mistura


Acabo de chegar em casa, ainda "misturada", como diria a chef Roberta Sudbrack, com tudo o que vi em Lima e no fantasticamente democrático evento Mistura, que está mais para festa popular do que fórum de gastronomia.

Fui cobrir o evento para a Folha - a matéria está no jornal de hoje.

Os organizadores estimam que 600.000 pessoas compareçam à feira, que conta com 330 seguranças e boa infra-estrutura.  O ingresso custa o equivalente a 15 reais e a maioria vai em busca de diversão (há shows musicais, bonecos e dançarinos) e uma infinidade de comes e bebes (cujos preços variam de 8 a 15 reais).

Foto: APEGA



No gigantesco parque Campo de Marte (190,000 metros quadrados!!) foram montadas 54 barracas de restaurantes e 75 carrinhos dos mais diversos tipos de comida, de bombons de chocolate e churros a ceviches e anticuchos (espetinhos típicos, de coração de boi).

Provando o porco à pururuquíssima da La Caja China
com Quique Dacosta e Gastón Acurio
Foto: Victor Idrogo



Havia ainda 16 espaços do que chamam de “cozinha rústica”: cercados com fogueiras, fornos e fogões a lenha, e porcos assados no fogo de chão ou em tambores de lata e panelões de cozidos.

Multidões pacíficas passeavam pela feira e sentavam-se em mesas de piquenique para comer.

Foto: APEGA



 “É pirante”, disse a chef Roberta Sudbrack do restaurante homônimo, no Rio, cuja palestra abriu o evento. “Deveríamos ter algo parecido no Brasil!"

 Rodrigo Oliveira, do restaurante Mocotó, que não palestrou mas fez dois jantares no restaurante de cozinha amazônica Amaz, fez coro: “no Brasil faltam o apoio do poder público e recursos”.  Ambos, como a maioria dos outros chefs entrevistados, diziam estar impressionados com o aspecto popular do evento e o entusiasmo e orgulho coletivos dos peruanos por sua gastronomia e seus ingredientes nativos.

A primeira-dama Nadine Heredia discursando na inauguração do Mistura 
Foto: Apega


   Desculpando-se pela ausência do presidente peruano Ollanta Humala, que estava na Rússia, a bela primeira-dama Nadine Heredia deu show de oratória no último dia 7 em Lima ao discursar na abertura da feira gastronômica Mistura. “Nossa cozinha está se irradiando pelo mundo, cativando paladares, olfatos e visões. Para mim é a maior honra declarar inaugurado o mais importante evento de gastronomia do continente”, disse, fazendo também um apelo para que o povo e os cozinheiros “lutem pela biodiversidade” e “comecem uma nova lógica de que comer à peruana é comer saudável”.

Passeando pelo Mistura com Gastón Acurio e Quique Dacosta


Tive a grande sorte de ser guiada pela feira por ninguém menos que Gastón Acurio, com exclusividade. Veio conosco o chef Quique Dacosta, da Espanha, que foi a Lima para dar uma palestra no Mistura (leiam entrevista que fiz com ele, no site da FOLHA). Ficou absolutamente maravilhado com o que viu no "passeio" com Gastón.

Chefs Quique Dacosta e Gastón Acurio, posando em frente ao painel
onde "mistureros" são convidados a deixarem seus comentários sobre a feira
Foto: Victor Idrogo


Nem mesmo a primeira-dama conseguiu ofuscar a atenção dirigida a Gastón Acurio, mais famoso e carismático chef do Peru, proprietário do Astrid y Gastón e inúmeros outros restaurantes no Peru e pelo mundo.

Gastón Acurio e a dona da banca descrevem diferentes batatas



Infinidade de quinoas no Mistura  Foto: Victor Idrogo


Ele fundou o evento anual, que está em sua quinta edição e tem um impacto impressionante. Ano passado ele abdicou da direção do Mistura, passando o bastão para a Apega – Associação Peruana de Gastronomia – e explicou que “o poder tem que ser temporário, agora outros vão dar continuação ao que começou como um pequeno sonho meu. Apesar do desligamento oficial, era seu nome na ponta de todas as línguas. Tratado como estrela de primeiro quilate, Gastón Acurio atrai multidões por onde passa, necessitando de seguranças para conseguir andar.

Gastón, à esquerda, seguido por bando de fotógrafos
Foto: Victor Idrogo


Chef Gaston Acurio posa para foto com lavradora andina, no Mistura
Foto: Victor Idrogo


  “Una fotito por favor!” e “Gastón, un autógrafo!” iam implorando as pessoas que seguiam-no como uma procissão de fãs fascinados. De senhoras idosas a grupos de estudantes e crianças pequenas, tentavam furar o bloqueio dos guarda-costas e faturar a tão sonhada foto (poucos conseguem). Sob uma grande tenda com teto de palha batizada de “el mercado”, fazendeiros andinos, com sorrisos largos, vestindo trajes típicos e cheios de ouro nos dentes, exibiam-nos o fruto de seu trabalho no campo. Acurio ia descrevendo tudo, dando incontáveis apertos de mãos, posando para fotos, provando amostras, fazendo perguntas e encorajando-os: “Êxito!”, ou “Sorte, campeão!”.


Foto: APEGA


 Havia batatas de inúmeros tamanhos e cores, algumas belíssimas, rajadas de roxo ou cor-de-laranja. Um senhor explicou porque planta 70 variedades distintas de quinoa, um dos produtos icônicos do Peru, em sua chácara de três alqueires nos Andes : “Cultivo o necessário, e é necessário porque é nosso dever manter a biodiversidade, somos do campo e nascemos com essa cultura”.

Grãos peruanos, homenageados este ano no Mistura
Foto: Victor Idrogo

Achei incríveis umas batatas desidratadas, duras, esbranquecidas, que Gastón mostrou-nos. Os andinos secam-nas no gelo dos Andes, assim podem guardá-las o inverno todo. Devem ralar essas "pedras" de batata, como se fosse katsuo boshi, imagino...

Batatas desidratadas pelo gelo dos Andres
Foto: Victor Idrogo

Segundo Acurio, esse espaço, montado como uma feira onde expõem-se e vendem-se também pimentas, frutas da selva, queijos e muito mais, serve para mostrar aos peruanos o que eles têm em seu país.

Provando uma cerveja de milho (não dá pra dizer que seja gostosa....)
enquanto Gastón engole uma garfada de
pimentão recheado
Foto: Victor Idrogo

“É uma cadeia virtuosa, quando chefs veem algo aqui e o incorporam a seus menus cria-se uma cadeia virtuosa e fortalece-se o orgulho pelo que a terra nos dá”, disse Acurio. Ressaltou que há hoje em Lima 200.000 crianças desnutridas e culpou em parte “o marketing que prioriza alimentos industrializados”.

Quique Dacosta dando palestra no Mistura
Foto: Apega


Enquanto dezenas de milhares de pessoas passeavam pela ruidosa e festiva feira, formando imensas filas em suas barracas de comida favoritas e lotando o que parecia ser um mar de mesas de piquenique, o clima era bem mais sério no auditório em que chefs peruanos e estrangeiros apresentavam suas receitas e filosofias. Na plateia, havia principalmente estudantes de gastronomia e jornalistas vindos de vários países.

O pâtissier espanhol Paco Torreblanca, no Mistura
Foto: APEGA


Este ano as maiores estrelas eram os espanhois Paco Torreblanca (pâtissier), Joan Roca (do El Celler de Can Roca, cotado como o segundo melhor do mundo) - cujas palestras perdi, porque já tinha ido embora de Lima - e Quique Dacosta, do premiadíssimo restaurante homônimo, e o italiano Massimo Bottura, da Osteria Francescana.

Este último comoveu a plateia com seu discurso poético ligando arte, emoção e cozinha.


Massimo Bottura depois de sua palestra no Mistura, dando autógrafos e posando para fotos: legião de fãs
Fotos: APEGA




Ligadíssimo ao mundo artístico, ele acaba de reinaugurar seu restaurante, e descreveu como agora integra ainda mais arte contemporânea do que na encarnação pré-reforma.

A chef Roberta Sudbrack, apresentando-se no Mistura
Foto: APEGA


   Dacosta e Bottura apresentaram seus restaurantes e receitas altamente vanguardistas, com a ajuda de vídeos mostrando os passo-a-passos. Roberta Sudbrack, do restaurante homônimo no Rio, representou muito bem o Brasil. Abriu a série de palestras falando dos laços íntimos que busca criar com seus fornecedores. Por respeito aos ingredientes prefere trabalhá-los com as mãos, transformando-os o mínimo possível, explicou.

A chef demonstrou três receitas de seu repertório brasileiríssimo, usando, entre outros ingredientes, farinha de parte interior de cascas de banana e rapadura. Improvisou uma quarta receita com produtos peruanos que encontrou no mercadão de Lima: pão, quinoa e algazinhas esféricas que a encantaram.



E mais gastronomia peruana no Boa Vida:




  

3.9.12

Os melhores restaurantes de Lima e a feira de gastronomia MISTURA



Coisa boa: estou de partida, mais uma vez, para Lima. Vou cobrir, pela segunda vez, o impressionante evento de gastronomia MISTURA, que começa dia 7. Em preparação para a viagem, já estou planejando onde comer. E vai faltar tempo para ir a todos os restaurantes que eu gostaria de visitar ou revisitar... Resolvi aproveitar o embalo e dividir aqui os endereços que dei na matéria acima, que saiu na última CASA VOGUE (cliquem para vê-la em tamanho maior), e mais alguns que ficaram de fora... Lá vai:

RESTAURANTES


Astrid y Gastón
O QG de Gastón Acurio e sua mulher Astrid, que em breve se mudará de endereço.

Central
O restaurante da maior estrela em ascensão na cidade, Virgilio Martinez. Foi meu jantar favorito na última ida a Lima. Aliás, ele irá participar este ano da Semana MESA SP, em novembro.

Maras
Este fica no belo hotel Westin, um dos salões mais elegantes e convidativos que vi na cidade. A cozinha é sofisticada mas, para mim, deixa a desejar em originalidade. Usa muitos ingredientes peruanos mas tem gostinho de déja vu.....

Além desses três favoritos, recomendo também o divertido Panchita, do Gastón Acurio, especializado em anticuchos (espetinhos). Despretensioso e gostoso, com clima de churrascaria.

Fui a outros restaurantes além desses. Como o Malabar, por exemplo, que achei muito bom - pratos lindamente apresentados - mas um tanto triste, rígido. Estive também no Mayta, de outro jovem talento, Jaime Pesaque, onde também preferi a comida ao ambiente. Excelente bar de piscos.


E eis a lista dos restaurantes que quero muito experimentar desta vez:

Amaz 
O novo do Pedro Miguel Schiaffino, do Malabar. A novidade do ano em Lima. Pretende ser uma versão mais acessível do Malabar, onde democratiza-se e simplifica-se a cozinha amazônica que o tornou famoso.
Tel. +511 221-9393 / 221-9880
Av. La Paz 1079 - Miraflores
reservas@amaz.com.pe


Ache
O novo do chef Hajime Kasuga, que já esteve no comando de restaurantes japoneses cotados como os melhores da cidade em outras épocas (Hanzo e Summum).
Av. La Paz, 1055, Miraflores

Maido
Um nikkei (nipo-peruano) muito bem cotado, do chef Mitsuharu Tsumura. Minha amiga e também jornalista Maria Canabal foi há alguns dias e me contou em um email: "me parecio espectacular.
Por fin un Nikkei de verdad, y no un restaurante que se llama Nikkei porque incluyo en su menu en aguacate..."

Calle San Martin 399, esquina com Calle Colón, Miraflores

Chez Wong
Lugarzinho-de-um-prato-só cult, de um protegé do Gastón chamado Javier Wong, que, para muitos, faz os melhores ceviches de Lima. Aliás, o melhor, no singular. Acho que ele só faz ceviche de linguado, e sequer tem menu. Só abre no almoço e, mesmo assim, só para quem reserva com antecedência. Não entendi muito bem o esquema, e até por isso, tenho curiosidade de ir experimentar. Abaixo, uma reportagem televisiva bem completa sobre ele, em espanhol.
Calle Enrique León García 114, Santa Catalina, La Victoria, +511 470-6217




E outras dicas que dei na Casa Vogue:

LOJAS DE DESIGN


Dédalo Boutique y Cafe



Galeria Lucía de la Puente


Atrações Turísticas


Museo Larco


Sala Luis Miró Quesada Garland


MALI ( Museo de arte de Lima)


Casa Aliaga


E mais gastronomia peruana no Boa Vida:



1.9.12

Um almoço na cabane à sucre do chef Martin Picard

cabane à sucre do chef Martin Picard, e canteiro de abóboras


É fácil etiquetar chefs. Pegar um cara multi-facetado e resumi-lo em uma frase. Mas quando fazem isso com o cultuado Martin Picard, deixam de ver um retrato muito mais interessante do que a caricatura. Ele tem um lado sensibilíssimo, também esbanja criatividade e, em termos de execução de suas ideias, manda muito bem, fico impressionada a cada vez. Nunca repeti um prato. E comi poucos que não estivessem de ótimos para cima.

Hoje passei o dia no que ele chama de cabane à sucre (este post explica melhor). O salão do "restaurante" é como um lodge de fazenda ultra rústico, mesonas de madeira pesada e bancos e pratos servidos family-style. Lá fora, uma varanda com cadeiras "adirondack", algumas cobertas com peles de urso.

Normalmente, ele só abre esse pop-up, que fica dentro de uma chácara dele, durante a primavera, quando a "cabane" produz maple syrup. É um antigo costume do Québec, reunir gente para comer em cabanes à sucre. Pois ele se perguntou: por que não fazer o mesmo no outono, estação das maçãs, com um menu focado em maçãs? Há campos e campos e mais campos de macieiras no entorno. Fazia todo o sentido.



Na cabane há cardápio, não se escolhe nada além das bebidas (há um martini de maçã que, ao contrário daquela gororoba adocicada e verde que garotas tomam pelos bares da vida, é um verdadeiro martini, com o mais pálido toque de maçã na forma de um miolo da fruta, que substitui a azeitona habitual).

Trata-se portanto de um "banquete-degustação". Todos comem de tudo. Abrem o serviço um fromage de tête feito de porco ao invés de vitela, e presunto cru feito também lá mesmo. Servem as finíssimas fatias sobre uma caveira de porco. Não tirei foto, uma pena. Mas esta foi uma das ocasiões em que viver o momento era mais importante e prazeiroso do que documentá-lo.... ops!

Junto com a charcuterie servem queijo de ovelha fresquíssimo, praticamente um iogurte de tão molinho e alvo, com torradas finas e bem tostadas, favas de mel, lâminas de foie gras e brotos variados. Deusdoceu.



Ah, e uma sopa de squash (tipo de abóbora) com gruyère e ementhal e croutons por cima.

O próximo serviço era a pasta. Ravioli recheado de fígado de galinha que trazem à mesa em uma panela de ferro pelando. Aí despejam os ravioli dentro de um queijo parmesão cavado em forma de tina. Aí - escutem só essa - o chef abre um saco em que há foie gras cozido sous vide e despeja aquilo sobre a massa. Aí mistura-se os ravioli e o foie dentro do parmesão e... voilà! Chose de lóc.


Aí vieram os últimos pratos. Um panelão de carne cozida lenta e longamente, com ostras por cima e cenouras submersas no denso molho. De acompanhamento, deliciosas panquecas de berinjela, folhas de alface Boston bib (que usávamos para enrolar nacos de carne) e brócolis com molho encorpado de amendoim e sementes de gergelim.


E um salmão assado "en papillote", só que nesse caso o "papillote" era jornal.

garçom abrindo o pacote de jornal que contém o salmão


Entre os dois lombos do salmão, meteram ervas (poderia ter menos manjericão) e finíssimas fatias de maçã. Ao lado, um molho para o peixe feito de endívias cozidas lentamente até caramelizarem, com conhaque e creme.


Ah, e umas ostras cruas, que ninguém é de ferro.

Ainda bem que eu, conhecendo o esquema, me contive até a hora da sobremesa. Ou, melhor dizendo, da orgia de sobremesas.



Em uma embalagem de creme reaproveitada, trouxeram um sorbet de crab apple (maçãzinha daqui que para comer crua não presta) e algodão doce.



Não poderia faltar, claro, uma apple pie. Só que a dele é feita de massa folhada. Claro. E chega morna à mesa. Claro.

Em seguida, um sticky toffee pudding: típica sobremesa inglesa, um bolo de maçã e ameixa com aroma de especiarias sobre o qual despejam caramelo quente. Nesse caso, assaram o bolo... em uma lata! E abrem a lata à mesa. Todo mundo pira, claro.



Por fim, veio um suflê de maçãs com uma espécie de creme de chocolate no fundo. O único escorregão, achei. Doce demais.

E assim foi. Um sábado memorável e um chef que ainda vai dar (mais) o que falar.

O menu:
  • Marinated eggplant
  • Pickled cauliflower and miniature pickles.
  • Cream of squash au gratin Amaretti garnished with apples.
  • Cured ham from the “Cabane PDC” and “tete fromagee”.
  • Goat yogurt with honey, slivers of foie gras on toast.
  • Ravioli stuffed with chicken livers, cavatelli apple sauce accompanied with a confit of foie gras.
  • Salmon “en papillotte” with escargots and apple cider sauce
  • Glazed apple beef roast, eggplant crepes, warm oysters, hazelnut brocoli and lettuce.
  • Apple Pie… A classic.
  • Soft marbled ice cream and apple sorbet.
  • Apple and prune cake (sticky toffee pudding) with caramel sauce

E mais Martin Picard:

Chef Martin Picard: quem é esse gentil gigante
O novo livro de Martin Picard
Minha descrição do livro, em detalhes, em inglês

31.8.12

Chef Martin Picard serve banquete de maçãs no meio do mato


É raro eu falar aqui no Boa Vida de chefs de Montreal. Talvez porque ache que vá interessar a relativamente pouca gente no Brasil. Mas para meus favoritos eu abro exceção. E Martin Picard definitivamente estrá entre meus favoritos.

Ele não é exatamente flor que se cheire. Já me deu umas baita estilingadas. Mas é do tipo de cão que ladra mas não morde. No fundo, é um gentil gigante. E tem uma genialidade difícil de explicar.

Picard gosta de passar horas no seu sítio, a 40 minutos de Montréal, onde tem árvores de maple e produz maple syrup, além de criar porcos. Lá funciona um pop-up restaurant dele, durante algumas semanas da primavera, cujos lugares são reservados com UM ANO de antecedência pelos doidos admiradores do chef.

Pois este ano ele resolveu abrir o mesmo pop-up, pela primeira vez, no outono, que começa este fim de semana. O tema do menu outonal? Maçãs. Nem preciso dizer que no mesmo dia em que ele anunciou o plano, uns meses atrás, os lugares esgotaram-se.

Amanhã vou passar o dia lá. Mesona de dez. Depois conto...  vejam a seguir um vídeo que eu fiz em uma das minhas idas ao "sítio", ou Cabane à Sucre, com a chef francesa tri-estrelada Anne-Sophie Pic:

E mais Martin Picard:


Chef Martin Picard: quem é esse gentil gigante
O novo livro de Martin Picard
Minha descrição do livro, em detalhes, em inglês

28.8.12

Chef Iñaki Aizpitarte impressiona-se com o Brasil: "senti grande interesse pela cozinha"

Chef Iñaki Aizpitarte colhendo musgos

Nunca vi tantos estrangeiros querendo ir para o Brasil... para comer! Cada dia ouço falar em algum chef renomado que está de passagem marcada ou acabou de voltar. O Jordi Roca, pâtissier-gênio, passou os últimos dias em Tiradentes, Minas Gerais. Daniel Boulud outro dia mandou um tweet enquanto jantava no Oro de Felipe Bronze. E logo antes disso, o controvertido Iñaki Aizpitarte, chef-proprietário dos dois lugarzinhos mais cool de Paris (Le Chateaubriand e Le Dauphin), esteve no Rio e em São Paulo.

O jovem Thomas Troisgros foi seu cicerone e digamos que os dois... divertiram-se a beça. Teve tarde de sábado no Mocotó que emendou com galinhada no Dalva e Dito, e muito, muito mais.

Fiquei curiosa para saber as impressões do chef parisiense, então liguei para ele. Ouvi o seguinte:

"Incrível como o Brasil mudou desde minha última visita, nove anos atrás. Senti um movimento, um grande interesse pela cozinha, há dinheiro e as coisas encareceram muito, os preços são quase como os de Paris! Adorei o Mocotó, onde comi uns ótimos cubos de tapioca, o chef me deu a receita e vou testar aqui. Fui ao D.O.M., claro, que é a referência, e provei várias coisas que me impressionaram. Achei especialmente fantástico o arroz negro crocante, e o abacaxi com formigas que ele serve como uma espécie de trou normand. Me levaram também a uma churrascaria onde me pareceu absurdamente rápido o ritmo com que nos serviam as carnes".

Iñaki é um chef curioso. Parece meio arredio, quiçá até grosso a quem não o conhece. Mas é só fachada: ele é simples, direto, nada fresco. Jantei em seus dois restaurantes uns meses atrás, para escrever uma matéria na revista GQ:

 
Se eu tivesse que resumir minhas impressões do tão falado Le Chateaubriand, diria que é apertado, charmosamente francesinho, caloroso, com garçons apressados e às vezes bruscos. O menu degustação é cheio de personalidade, de misturas inusitadas, umas bem-sucedidas, outras menos. O prato de queijos é matador. Boas sobremesas.

Já o Le Dauphin é ainda mais barulhento, ainda menor. Pouco cômodo, em suma. Arquitetura famosamente assinada por Rem Koolhas (leia-se: mármore branco everywhere). Aqui não há menu degustação, mas sim vários pratinhos. Foi a grande surpresa da minha viagem, tudo o que provei estava espetacular. Por isso escolhi um prato do Le Dauphin para abrir a matéria da GQ (acima, ostras com cenouras e beterrabas curtidas). Aqui também notei parelhas estranhamente felizes de ingredientes raramente casados, como uni e picles; peixe cru e repolho roxo; sopa de couve-flor e ostras. Pode soar estranho, mas na boca é só alegria.

Tem viagem marcada para Paris? Anotem minha lista bistronomiques, incluindo os do Iñaki, onde a boa comida compensa o aperto:

Chatomat
Apertado, minúsculo, fora de mão, serviço de poucos amigos mas.... comida absolutamente deliciosa e descomplicada, focada nos ingredientes.
6 rue Victor Letalle, tel. +33 1 47 97 25 77

Le Chateaubriand
A alta cotação no ranking dos 50 Melhores Restaurantes do Mundo elevou demais as expectativas. Vá esperando um bistrozinho de bairro um tanto bagunçado mas que serve menus-degustação transados e instigantes. E reserve com muita antecedência.
129 Ave. Parmentier, tel. +33 1 43 57 45 95

Le Dauphin
Segundo bistronomique do Iñaki, serve pratos pequenos (prove pelo menos quatro ou cinco) em ambiente ainda mais apertadinho e ruidoso. Grandíssima cozinha!
131, avenue Parmentier, tel: + 33 1 55 28 78 88

Ze Kitchen Galerie
Um dos favoritos da crítica gastronômica carioca Constance Escobar, em cujo taco confio. Para ela, o chef William Leudeuil “sabe ousar sem se perder e preocupar com modismos”.
4 rue des Grands Augustins
tel. +33 1 44320032
http://www.zekitchengalerie.fr

E mais Iñaki Aizpitarte no Boa Vida:

Testando restaurantes em Paris, março de 2012: restagrams
Os "bistronomiques" de Paris: um pouco de background

21.8.12

Chef Alex Atala no TEDx Campos: vídeo da palestra



Mais Alex Atala, hoje no blog... É que queria dividir com vocês esse vídeo que soltaram ontem: a palestra que ele deu em junho no TEDx em Campos do Jordão, na íntegra.


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