Rolinhos desajustados do Sto. Bentô: recheio de salmão e cream cheese e, por fora,
farelo de pele de salmão e raspa de limão
farelo de pele de salmão e raspa de limão
Há uns dez dias fui conhecer um novo japonês, o Sto. Bentô, em Pinheiros. Apesar do nome, que faz pensar em bentôs (PFs japoneses), trata-se de um restaurante comum, servindo rolinhos, combinados, menus degustação, etc.
A primeira olhadela no menu já serviu de aviso para esperar muito mais fusion do que japonismos. Nada contra misturas, claro, mas trata-se de areia movediça, o chef que não sabe 100% onde anda, naufraga.
O chef, nesse caso, é Renan Brassolatti, que trabalhou por mais de quatro anos com Adriano Kanashiro, no restaurante Kinu do hotel Grand Hyatt e, mais recentemente, passou pela Brasserie Erick Jacquin. Currículo bem bom, por isso me surpreendi com os escorregões.
Pouparei o leitor de todos os detalhes, mas basta dizer que as misturas tinham mão pesada, mascaravam os peixes sem acrescentar sabores que preenchessem o vácuo e o arroz deixava a desejar.
Buri (olho-de-boi) desaparecido em molho excessivo
A longa introdução serve para explicar o porque da minha alegria intensa, ontem à noite, ao jantar no Kinoshita. Depois de duas noites de sushis meia-bomba, nada melhor do que sushis impecáveis para lavar a alma.
Cheguei e já fui avisando ao Murakami que não queria quentes, nem experimentações, nem fritura. “Podemos ficar só nos crus?”, implorei, morrendo de vontade de jantar só sushi e sashimi.
No começo, o Murakami fez minha vontade: atum, salmão, vieiras canadenses partidas ao meio na horizontal, delícia.
Aí, quando viu que dava, que meu humor já tinha melhorado, mudou a rota e começou a inventar. Serviu, por exemplo, um temaki de carne de wagyu crua, lindamente marmorizada.
Comi com gosto, fechando os olhos, suspirando.
E saí dali convencida que faço bem de recomendar a tanta gente o Kinoshita: sabendo pedir, e sentando-se no balcão, é imbatível.
A seguir, alguns highlights:
Para esta aqui, que nunca tem desejo de comer uni (ouriço), esse de ontem foi uma revelação. Talvez pelo vago defumadinho do shoyu, ou pelo gohan (arroz) mais-que-perfeito, não sei. O fato é que estava chose de lóc.
Danado, esse Murakami. Como não tinha toro, bateu um pouco de atum na faca com um naco de foie gras levemente selado, mas ainda mole. Moldou em cilindro com os dedos, em segundos, e arrematou com alga e ovas e raspas de limão siciliano. Minhanossasenhora!
Outro bocado surrealmente delicioso: sushi de ovas de bacalhau prensadas com gema de codorna. Preciso dizer mais?
Repeti as vieiras, e, no fim, Mura serviu um pratinho colo-de-mãe: arroz, shoyu, pasta de yuzu (cítrico japonês), fiapinhos de cebolinha e um ovo saborosíssimo, orgânico, com gema mole. Deus do céu!
Ao sair de lá, não conseguia apagar da cara o sorriso. Isso é japonês, o resto é conversa….
Sto. Bentô
Rua Artur de Azevedo, 299, Pinheiros
Tel: (11) 2579-2527
Kinoshita
Rua Jacques Félix, 405, Vila Nova Conceição, tel. 11 3849-6940
E mais Murakami e Kinoshita no Boa Vida:
Como descobri o Murakami, e o relato de um almoço no Kinoshita
Vídeo: Murakami canta Sinatra na cozinha do El Bulli!
aff ovo eu como em ksa.
ReplyDeleteBom dia, Ale! Tudo bem?
ReplyDeleteSeu post foi selecionado para a #Viajosfera, do Viaje na Viagem.
Dá uma olhadinha no http://www.viajenaviagem.com
Até mais,
Bóia Paulista
Fantastico, sr. Boia Paulista, adorei!
ReplyDeleteHá coisas maravilhosas neste blog que nunca vi numa temakeria em são paulo!
ReplyDeleteQuero experimentar tudo que parece bem gostoso!
KKKKKKKKKKKKKKKK, Kinoshita famoso no brasil todo por ter comida estragada e vencida na cozinha...nem de graça comer nessa bosta.
ReplyDeleteEu nao entendi o primeiro,Atum?pelo que vejo,sao pargos e Salmao,me corraja se estiver errado.
ReplyDeleteE quanto ao kinoshita vender comida estragada,vc esta completamente errado,ele repartiu as porcoes e nao colocou a data que foi reembalado,erro grave,mas a dif. e grande de servir comida estragada,principalmente um restaurante nesse calibre.