15.5.11

Cotswolds, perto de Londres: onde Liz Hurley e as Kates passam o verão

A pedido de um leitor, o PêEsse, reproduzo aqui um texto meu sobre Cotswolds, a belíssima região inglesa que visitei em 2008 e da qual nunca me esqueço. Foi uma das melhores viagens da minha vida!

Vou revirar meus arquivos e postar em breve mais sobre os Cotswolds....

Damien Hirst é o artista mais valorizado desta década. Sua caveira cravejada de brilhantes, obra da última safra, foi vendida por 50 milhões de libras. Poderia expor sua coleção em qualquer lugar do mundo, onde bem quisesse. Mas escolheu Costwolds, pedacinho mais-que-lindo da Inglaterra, uma hora e meia ao oeste de Londres. Em 2005, pagou 3 milhões de libras por uma deslumbrante mansão vitoriana chamada Toddington Manor, com janelas e torre góticas, claustros e tetos com vigas de madeira aparentes. Está gastando três vezes mais na reforma e pretende, eventualmente, se mudar para lá com seu acervo, a mulher Maia e os filhos Connor, Cassius e Cyrus.




Hirst não é o único. De uns anos para cá, várias celebs inglesas descobriram o charme rural-chic dos Cotswolds. A região é de uma beleza comovente. Minúsculos vilarejos pontilham vales verdejantes. Todas as casas são feitas inteiramente de pedra, já que é proibido construir qualquer coisa que não combine com a arquitetura histórica. Só qe apesar da aparência rústica, essas cottages adoráveis estão sendo arrematadas por milhões de libras. Kate Winslet e seu marido Sam Mendes, por exemplo, se instalaram no vilarejo de Church Wescote e freqüentam o Wescote Inn, o gastropub local. Liz Hurley comprou casa em Ampney Knowle e outros não páram de chegar.




Se em Londres Hurley e cia. dividem seu tempo entre avant-premières, desfiles, jantares e festas, nos Costwolds o programa é outro. Tardes são passadas no jardim, bebericando chá ou colhendo ervas para temperar o jantar. Pela manhã, fazendeiros vendem lingüiças, cidras, tortas e queijos fantásticos nos farmers' markets. Moradores passeiam em seus conversíveis vintage, de capota abaixada, passando zunindo por campos onde ovelhas pastam placidamente. A partir de junho, começo da alta estação, acontecem também vários festivais de música e dança.


A ligação com o campo é levada muito a sério e gente importante com casas na região tem levantado a bandeira do movimento orgânico. O príncipe Charles, que passa férias e fins de semana com os filhos no palácio de Highgrove, nos arredores, é um dos mais ferrenhos defensores da sustentabilidade. E não é só papo, não. Em abril ele abriu a Highgrove Shop, uma elegante loja onde vende louças com o brasão real, taças de cristal, geléias, chás, livros de receitas e verduras (orgânicas, claro) de sua horta. Todo o lucro vai para as fundações de caridade do príncipe.



A loja ocupa o térreo de num sobrado histórico onde já funcionou filial do Georgian Lloyds Bank. Fica na rua principal do vilarejo de Tetbury e tem portas e janelas pintadas de azul e fachada de pedra. Mas não se deixe enganar pela aparente simplicidade da “casinha”. A imobiliária Edward Blake Ltd. gastou 2 milhões de libras reformando os apartamentos dos andares de cima, que acabam de ser postos à venda por uma fortuna e vêm com confortos de cidade grande, como cozinhas com equipamentos de última e bancada de granito.

Se a Highgrove Shop é fantástica, ainda não se compara à Daylesford Organic (na foto abaixo), de longe o mercadinho mais chique dos Cotswolds. Nunca se viu um lugar com comidas tão maravilhosamente embaladas e expostas, cashmeres tão macios, flores tão perfeitas, enfeites para casa tão elegantemente singelos e pães tão cheirosos.



A Daylesford exala luxo de cada poro, e não é à toa. A dona, uma socialite chamada Lady Bamford (seu marido sir Antony Bamford é herdeiro de uma grande companhia de tratores, a JCB), tem um bom gosto raro. A maior parte dos produtos vem das fazendas do casal e o cuidado em seguir as regulamentações da agricultura orgânica é quase uma obsessão. “Nós damos a maior importância para a saúde de nossos animais e nosso solo”, diz uma placa no açougue.



Todo o high londrino e celebs como Kate Moss (outra que comprou cottage de luxo nas redondezas) freqüentam o lugar.


Nos fundos da Daylesford funciona um lindíssimo day spa, o Bamford Haybarn, eleito pela Condé Nast Traveler UK em 2008 o melhor da Inglaterra. As massagens são feitas em encantadoras casinhas de cor verde-sálvia. A butique anexa vende encantadores cashmeres infantis. No mezanino dão aulas de ioga, pilates e meditação (e dia 28 de junho vão fazer um inspirador atelier sobre “a arte do êxtase”).



A chegada de lojas ultra-finas e de glamuretes em bandos têm incomodado alguns famosos low-profile como a escritora Marion Chesney. Ela comprou casa lá para fugir do badalo e para curtir estar entre “tratoristas e camponeses”, como diz. E acha o fim episódios como o ocorrido ano passado, quando Kate Moss, de casaco de pele, foi salva por moradores locais depois que seu carro pifou. Sim, Kate também tem endereço nos Costwolds. E aliás, voyeurs podem dar uma espiada no seu pied-à-terre perto de Fairford, que aparece num vídeo do You Tube em que ela, meio altinha, dá uma canja com seu darling de sempre Pete Doherty. Nunca a vida campestre foi tão cool…

Os melhores hotéis dos Cotswolds, concorridíssimos em julho e agosto, oferecem os luxos esperados pela clientela jet-setter. No The Manor House, por exemplo, lindo castelo de pedra construído no século 14, o porteiro veste fraque, e arcos e tacos de croquet pontilham o vasto gramado impecavelmente aparado.



Trata-se de um cinco-estrelas de sangue azul, coisa que fica muito clara para quem entra na biblioteca e dá de cara com porta-retratos de “amigos da casa” arranjados sobre a mesa: rainha Elizabeth, Margaret Thatcher e por aí vai. Alguns quartos ocupam o interior do castelo em si, outros ficam numa ala de cottages super charmosa. Em comum, têm os banheiros reformados e totalmente do século 21: ducha a vapor, banheiras super modernas, etc. O hotel empresta bicicletas para quem quer passear pelo adorável (e microscópico) vilarejo de Castle Combe e estradinhas da região. Há ainda um premiado campo de golfe (18 buracos, par 72), recentemente ampliado.

Para quem gosta de férias no campo mas se entediaria num château no meio do nada, uma boa nova: muitos hotéis de primeira ficam bem no centrinho de alguns dos vilarejos mais charmosos da região, ao lado de lojas, galerias e cafés. O melhor exemplo? O bacanudo Cotswold House, em plena rua principal de Chipping Camden, clássico cartão-postal da região.



Recentemente, o hotel recebeu uma lufada de ar fresco e design contemporâneo. Minha suíte, número 16, era nota dez: banheira hi-tech com vista para a igrejinha antiquíssima, TV de plasma, toiletries da Acqua di Parma, máquina de café.



São 21 quartos e 4 junior suites, alguns bem melhores do que os outros, então faça questão de pedir para ficar na ala nova, a Montrose House, ou em um dos cottages. Johnny Depp se hospedou na melhor suíte de todas, a Grammar School, cavernosa como um castelo medieval.


O importante é fazer como os locais: ter um vilarejo como base e explorar os outros de carro, marcando almoços e visitas a jardins famosos pelo caminho. Uma parada que não pode faltar na lista é Cheltenham, que tem um adorável farmers market aos sábados e um famoso colégio interno onde Madonna matriculou a filha (aliás, dizem por aí que a cantora acaba de comprar casa ali perto, em Somerford Keynes).



Também imperdíveis, Snowshill, Blockley, Castle Combe e Upper Slaughter parecem saídos de um conto de fada, perfeitinhos. E o melhor: ainda são relativamente desconhecidos e livres de turismo de massa - Kate, Madonna e Liz Hurley que o digam! Uma coisa assim como os Hamptons vinte anos atrás. Se melhorar, estraga.

Cotswold House
www.cotswoldhouse.com

Daylesford Organic
www.daylesfordorganic.com

Highgrove Shop
www.highgroveshop.com

The Manor House
www.exclusivehotels.co.uk


E aqui, um outro texto que escrevi sobre a região, mais focado na gastronomia...





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