24.7.11

Juraci, ex-Jun Sakamoto, abre o restaurante Aya em Pinheiros

Balcão do restaurante Jun Sakamoto


Li a notinha no jornal e levei um susto. O quê?! Juraci saiu do Jun?!

Tem gente que vai comer no Jun religiosamente e pede (pedia, melhor dizendo) para sentar em frente ao Juraci, porque supostamente o sushi dele ganha até do sushi do Jun. Se é verdade, não sei, mas a fonte é segura.

Juraci Pereira, ex-Jun, acaba de abrir o Aya  Foto: divulgação


E, afinal de contas, o Juraci dividia o "serviço" com o Jun há tantos anos que eu simplesmente não imaginava aquele balcão sem o Juraci detrás, ao lado do Jun. Daí o susto.



Deixar o ninho e abrir restaurante próprio sempre é um perigo. Chefs (e sushimen) nem sempre entendem que saber cozinhar é uma coisa, saber ser dono de restaurante, outra bem diferente.

Que o diga Luciano Boseggia....

Mas enfim: dizia a nota no jornal que "o sushiman Juraci Pereira deixa o Jun Sakamoto para abrir seu próprio restaurante, o Aya", inaugurado dia 21. No menu, um tal de "banquete de sashimis", com 25 pedaços variados, a 97 reais. Ele tem um sócio, chamado Roberto Ganme e descrito em blogs e sites que achei por aí como "amante da culinária japonesa".

Juraci disse ao crítico gastronômico Arnaldo Lorençato o seguinte:
“Tinha o sonho antigo de montar meu restaurante. Havia muitas restrições no Jun e eu queria atender o público do meu jeito. Aqui, os clientes não ficarão constrangidos em pedir sashimi, por exemplo. Só não teremos invenções loucas com cream cheese e maionese. Ficarei no clássico. ”

 Restaurante Aya, o novo vôo do Jura   Foto: Divulgação

De peixe e mariscos e arroz de sushi, Juraci entende, óbvio. O que em um restaurante japonês já é meio caminho andado. Só que.... fui procurar colher opiniões no Twitter e levei um segundo susto: dois "twitteiros" caíram matando, dizendo já terem ido ao Aya e se decepcionado.

Não estou aqui para julgar antes de ver/provar/comer - que fique bem claro. Tampouco quero que pensem que a opinião de duas pessoas deve ser entendidas como fatos, ainda mais considerando que eles foram lá meros dias depois da inauguração. Mas que soaram preocupantes os comentários, soaram. Tanto assim que julguei pertinente reproduzi-los abaixo:


Rafael (@razev)
Foi desastroso mesmo, em todos os sentidos. De dar pena. Atendimento pretensioso, peixes sem graça e sem variedade, alga mole, opções ridículas de saquê e shochu. Torço pra que melhore, mas a experiência não foi das melhores, pra dizer o mínimo. Um pouco mais barato (do que o Jun), omakassê por R$180. E o serviço tão over quanto, embora mais desastrado.


Joaquim Barbosa de Almeida (@DonFabrizio) disse, também no Twitter que ouvira de amigos que jantaram lá que o peixe estava ruim.

Peixe ruim?! Como pode?! Fiquei perplexa e ansiosa para ir tirar a teima. Derrapagem na largada, apenas? Assim espero... A ver. Depois conto!


Aya: Rua Pedroso de Morais, 141, Pinheiros, tel. (11) 2373-6431
Sábado, só jantar. Não aceita Amex.

A comida de rua de Nova Déli: coluna desta semana na Folha


Pelas ruas de Déli com o fotógrafo Rodrigo Zorzi, do Glamurama


Quem segue este blog está cansado de saber que voltei de Déli doente. Já contei e mostrei bastante da viagem, mas faltou falar da comida. Na coluna desta quinta no caderno Comida da Folha, expliquei o porquê de eu ter tão pouco a contar nesse departamento...


 Quem tem medo do curry mau?

   “Cuidado com a Déli belly”, avisou meu amigo Tony, referindo-se à dor de barriga e diarreia que vitimam tantos turistas, quando soube que eu estava de partida semana passada para a Índia. Mais alertas aterrorizantes juntaram-se ao dele – “Nem encoste na água da torneira! Você não vai escapar de adoecer com os curries! “ -- de modo que já pisei em Nova Déli tomada por um medo para mim inédito. Medo de comer.

   Ruim, isso. Afinal, gosto de conhecer o mundo justamente por seus  restaurantes, feiras e barraquinhas de rua. Pequena, meu pai repetia a cada almoço em restaurante: “Em Roma, coma como os romanos”. Ou seja: se quiser comer bem, prove sempre alguma especialidade daquele lugar.

   Meu irmão, ainda meninote, teimava. Se íamos, por exemplo, ao grande (e já extinto) restaurante  C’a’doro, de cozinha lombarda, ele nem hesitava: “Estrogonofe, por favor”. Papai logo avisava ao garçom que esquecesse aquilo. Pedia algo como língua e cotechino do bollito misto (carnes e embutidos cozidos) seguidos de codorna para mim, agnolotti triplo burro para o Gui.

   Sabores adultos demais para criancinhas, quiçá, mas valiosa lição que me serve até hoje. Em minhas andanças pelo mundo procuro sempre saber, ao chegar, o que se faz bem ali. “Qual é o prato que mais sai?”, pergunto – e em seguida, peço o mesmo, seja numa barraca de tacos de Oaxaca ou no italiano mais chique de Manhattan. Dificilmente me dou mal. E de lambuja ainda aprendo um pouco sobre costumes e gostos locais. Mostra-me o que comes e te direi quem és.


   Pois Nova Déli mostrou-se a mim. Vi gente de cócoras tostando pães-panqueca em chapas e brasas de carvão.


Passei por botecos onde, sobre fogões, ferviam panelas contendo cozidos misteriosos.
Indianos bangelas empurravam carrinhos com milho assado da brasa ou samosas. Mas oprimiam-me o ar pesado e quente, as nuvens de moscas, os cheiros mesclados de esgotos, corpos sem banho e lixo. E agulhavam-me as tenebrosas profecias que ouvira de tanta gente, como um alarme constante. Envergonhada, confesso: não tive coragem de provar comida de rua nenhuma. Rendi-me ao bufê qualquer nota do cinco estrelas...



Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...