24.10.10
Tapas24, em Barcelona: chef Carles Abellan serve tapas nota 10
Quantos lugarzinhos servindo tapas será que há em Barcelona? 200? 300? Nem tento descobrir… O fato é que não se pode assumir que se uma cidade é famosa por alguma coisa – tapas, no caso – elas serão sempre boas. Seria como esperar que todo chope de boteco carioca fosse bem tirado, ou que todo pastel de feira paulistano fosse entregue ao cliente quentinho e bem recheado.
O que fazer, então, quando se chega a Barcelona com poucos dias e muita fome? Como não errar na escolha, e provar tapas bem feitas? No meu caso, resolvi apostar no chef por trás das tapas.
Mais especificamente, Carles Abellan, outro famoso ex-El Bulli que partiu para carreira solo e se deu bem.
Mas esqueçam a parte chef-que-trabalhou-no-famoso-restaurante-de-comidas-estranhas (ele foi chef no lendário restaurante de 1985 a 91, para ser exata). No Tapas24, seu barzinho de tapas, não há nenhum vestígio de cozinha de vanguarda, felizmente. Só tapas à moda antiga. E das boas!
Pra começar (e amaciar a espera), chopinho. E na sequência, um pouquinho disso aqui:
Sim, sardinhas em escabeche. Ah, sim, e também umas anchovas do Cantábrico ma-ra-vi-lho-sas.
Uma das coisas que costumo dizer e que surpreendem as pessoas é que na Espanha não tem essa de torcer o nariz para sardinha ou anchova ou peixes enlatados ou em conserva: muito pelo contrário!
Acho que eles são os maiores mestres em coisinhas do mar em conserva, seja em vidro, em lata, em azeite, em molho atomatado, pouco importa.
Mas nem só de peixinhos se faz um jantar, então logo seguimos com patatas bravas, uma larica ligeiramente ogra que eu adoro. Basicamente, batata frita com molho picante.
Aliás, o mesmo molho picante coroa as “bombas”, umas bolotas fritas deliciosas que são minhas tapas favoritas. Tanto que nem deu tempo de tirar foto! Ah, e repeti o erro com essa outra tapita: só fui clicar quando metade das lulinhas já tinha sido devorada…. Não reparem….
E o croquete, meu Deus do céu, o que era aquilo?! Não sei se foi o cansaço, ou o chopinho de barriga vazia, mas devorei absolutamente tudo, inclusive essa carninha com molho chimichurri: bela “importação” dos nossos vizihos portenhos…
Ah, sim: e não dá pra ir embora sem provar essa sobremesa: um creme bem grosso de chocolate, quase um pudim, salpicado com cristais de sal, e mais um pouquinho de ótimo azeite e torradinhas superfinas. NHAM.
Quem disse que sobremesa era só pra moças?
Tapas24: Rua Diputació, 24, 269. Barcelona, tel. (34-93) 488-0977. Não fazem reserva, sugiro ir às oito em ponto para evitar a fila…
Hotel Mandarin Oriental em Barcelona: arquitetura incrível e restaurante by Carme Ruscalleda
O Riq Freire, o grande expert em viagens, é quem sempre diz que se o orçamento for limitado o negócio é dar uma economizada no começo da viagem para depois encerrar em grande estilo.
Pois segui à risca o conselho do mestre.
Fui a Barcelona e fiquei hospedada no charmoso sobrado histórico da minha amiga Marina, e depois, na última noite, PÁ! Dei um megasuper upgrade me hospedando no lindíssimo Mandarin Oriental.
Eu tinha que ficar lá, pelo menos uma noite: logo que vi as fotos de divulgação do novo hotel, fiquei encantada. Vejam que show:
Ocupando a antiga sede de um banco, fica em pleno Passeig de Gràcia, pertinho da magnífica La Pedrera, de Gaudí.
Os arquitetos são espanhóis – Carles Ferrater e Juan Trias de Bes – e souberam criar uma obra-prima, combinando originalidade, audácia e beleza (é fácil, quando se sabe!). Alguns elementos do antigo banco foram mantidos, como a parede de cofres que enfeita o bar.
Geralmente, os Mandarin Orientals são…. orientais. Têm elementos asiáticos no décor. Mas não este.
Até o spa – o forte dessa rede – parece diferente, meio escandinavo em sua economia visual.
E um elemento muito importante do hotel e, que eu saiba, ainda pouco falado, é o restaurante tocado pela grande Carme Ruscalleda.
Pra quem não sabe, ela é simplesmente a única mulher a fazer parte do seleto time de sete espanhóis cujos restaurantes têm 3 estrelas no Guia Michelin:
Em San Sebastián e arredores:
Akelare, Martín Berasategui e Arzak
Na Catalunha:
El Bulli (Rosas), Can Fabes (Sant Celoni), El Celler de Can Roca (Girona) e o Sant Pau de Carme, em Sant Pol de Mar, logo ao norte de Barcelona.
A chef escalou seu filho Raul Balam para cuidar da cozinha no dia-a-dia, já que ela tem dois outros restaurantes onde precisa estar presente.
Esse aqui é o outro restaurante do hotel, onde servem um SUPER café da manhã:
A ida à Espanha foi maravilhosa mas também puxadíssima: eu tinha que experimentar restaurantes todo santo dia, no almoço e no jantar. Pode parecer fácil mas não é. O corpo, a certa altura, protesta. Isso sem falar nas poucas horas de sono….
Enfim, eu estava exausta, então quando entrei no meu quarto, meio escurinho e simplesmente delicioso, eu pensei: aaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh……
Fui direto ao banheiro e preparei meu banho de espuma:
aaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!
Vesti meu robe e literalmente pulei pra dentro da cama:
Aaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhh! Agora sim!
De-lí-cia!
Só fui reparar nos detalhes do quarto na manhã seguinte. E que detalhes! Tinha uma caixa de couro com todos os plugues possíveis e imagináveis:
E revistas novinhas em folha. E uma deliciosa poltrona de leitura. E uma pia gigaaaante no banheiro, com mil creminhos e coisas, balança digital, secador ultrapotente.
Basicamente, o hotel é tão lindo que a gente percebe, ficando lá, que tem muita gente que entra no lobby só pra olhar, mesmo….
Resumindo: Riq tinha razão. Nada como um banho de luxo pra fechar uma viagem com chave de ouro!
Site oficial de Carme Ruscalleda.
Site do Mandarin Oriental em Barcelona.
Chef Inaki Aizpitarte e os melhores restaurantes bistronomiques de Paris
Faz tempo, infelizmente, que não passo uma temporada em Paris, por isso não sou grande expert em bistronomiques (onda relativamente recente), mas pelo pouco que sei posso dizer o seguinte: os bistrots gastronomiques continuam super em alta.
Pra quem pegou o bonde andando, a bistronomia é tendência que já pegou força há tempos em Paris e Barcelona, principalmente, e ganhou embalo durante a última recessão.
O princípio é o seguinte: chef de alto pedigree, com passagens por restaurantes gastronômicos, sai e abre negócio próprio privilegiando um ambiente despojado e menu de pratos simples mas feitos com uma pegada de haute cuisine.
Técnicas e capricho típicos de haute cuisine, menu, vibe e preços de bar de tapas = restaurante bistronômico.
O termo foi cunhado em 2003 pelo crítico gastronômico Sébastien Demorand: "procurávamos uma expressão para descrever um restaurante que aliava a convivialidade e a descontração de um bistrô e o lado "grande restaurante" da cozinha".
Um bistronomique, em essência, serve alta gastronomia num ambiente simples e descontraído. Comida de primeiro nível, preços lá embaixo (jantar de três serviços entre 32 e 45 euros, sem bebidas). Geralmente, os bistronomiques são pequenos bistrôs fundados por chefs que passaram por grandes restaurantes e que, na hora de abrirem o próprio negócio, não tinham nem grana nem disposição pra fazer um lugar grande, chique ou caro.
Quem ganha com essa dos bistronomiques? Eu e vocês, claro.
Já contei aqui que em setembro eu passei quatro dias no mato com um bando de chefs, na Lapônia. Pois estava lá o Iñaki Aizpitarte, um basco crescido e criado em Paris, super charmoso e divertido. Ele é dono, justamente, de um ótimo bistronomique chamado Le Chateaubriand.
Chef Iñaki Aizpitarte no Cook it Raw, evento de chefs na Lapônia |
Chefs Iñaki Aizpitarte (à esq.) e Petter Nilsson (do La Gazzetta, em Paris) |
Aproveitando que estamos nesse tema, achei que a lista a seguir poderia ser útil....
Os melhores "bistronomiques" de Paris:
Rue Dupin, 11, Sexto arrondissement, tel. 33 1 42 22 64 56
Um dos pioneiros da bistronomie, esse minúsculo bistrozinho tem grandes ambições culinárias. No menu, pratos como crocante de pé de porco com queijo de cabra fresco e alface frisée, e ris (glândula do timo) de cordeiro com fondue de espinafre e molho de lagostins.
Le Chateaubriand, chef Iñaki Aizpitarte
Av. Parmentier, 129, 11o arrondissement, tel. 33 1 43 57 45 95
O chef basco é dos bistronômicos mais audazes e usa e abusa de desconstruções, espumas e molhos inesperados. O serviço tem fama de ser meio rude, a não ser com habitués, mas o brilho do chef compensa a falha.
Spring, chef Daniel Rose
Jantar a 39 euros
Rue de la Tour d’Auvergne, 28, Nono arrondissement, tel. 33 1 45 96 05 72
O chef é americano, de Chicago, mas formou-se na França. O lugar é minúsculo e disputadíssimo. E a cozinha, de autor, pode combinar, por exemplo, escargots, foie gras e beterrabas cruas no mesmo prato.
La Régalade, chef Bruno Doucet
Avenida Jean Moulin, 49, 14o arrondissement, tel. 33 1 45 45 68 58
Jantar a 32 euros
O bistrô foi fundado por Yves Camdeborde, o pai da bistronomia em Paris, em 92. Ele passou por grandes cozinhas – culminando na do Le Crillon, sob a batuta do mentor Christian Constant, e ao abrir o Régalade lançou tendência ao servir um menu a preços ultra acessíveis e com serviço super descontraído. A coisa pegou, forte, e seus amigos chefs resolveram copiar a fórmula. Depois de 12 anos de sucesso ininterrupto, resolveu vender e partir pra outra. Quem tomou as rédeas foi Bruno Doucet (ex-Pierre Gagnaire e Apicius), que prudentemente mateve várias tradições do Régalade: o menu mudado semanalmente, a 32 euros, a terrine caseira servida para quem espera mesa, etc. O prato mais famoso é o soufflé ao Grand Marnier.
Le Comptoir, chef Yves Camdeborde
Le Comptoir, 9 Carrefour de l’Odéon, 6th Arr., Paris; 011-33-1-43-29-12-05
O mais cheio e badalado dos bistronômicos, foi aberto pelo chef Yves Camdeborde depois que ele vendeu o La Régalade, e fica num hotelzinho chamado Relais St. Germain, dele também. No começo da refeição, trazem à mesa um pão inteiro sobre tábua de madeira. Oferecem queijos afinados pela maison Boursault, com acompanhamentos: mel, geléia de pimentão e de blackberry, etc. No almoço e no jantar dos fins de semana, está mais pra brasserie. Mas nos jantares durante a semana vira um mini restaurante gastronômico, servindo menus degustação de 5 serviços a 32 euros. Imprenscindível reservar com MESES de antecedência!
Chez L’Ami Jean
Rue Malar, 7, tel. 33 1 47 -5 86 89
Jantar a 34 euros
Ruidoso, com garçons pouco pacientes e menu às vezes difícil de decifrar. Mas a comida maravilhosa compensa qualquer chateação. Carne de vaca desfiada com creme de cenoura, gazpacho com ravióli, bochechas de porco com penne, etc.
E mais:
Onde comer bem e barato em Paris, por Riq Freire no Viaje na Viagem
Restaurantes de Nova York: dicas para o Benny
O chef Benny Novak está indo logo logo pra Nova York e me pediu umas dicas. Por coincidência, eu tinha acabado de ler uma crítica super elogiosa, na New Yorker, do novo Hecho en Dumbo que me deixou com água na boca. Um restaurante mexicano sacado, em plena Bowery. Benny, veja no final do post a crítica na íntegra.
Além desse, e correndo o risco de chover no molhado, eu recomendaria o seguinte:
Para um ótimo hambúrguer: The Standard Grill, no hotel Standard, Meatpacking District, ou o DBGB do Daniel Boulud (DBGB: Rua Bowery, 299, tel. (212) 933-5300)
Para uma noite especial: Del Posto, o italiano chique do Mario Batali
Para poder contar pros amigos que foi à última novidade: Lincoln, do Jonathan Benno (ex-chef do Per Se), opening mais high-profile da estação. Aqui, matéria no The New York Times com preview do menu.
Para provar um menu degustação bacana, bem-pensado e bem-executado: Faustina, também na Bowery.
Faustina: The Cooper Square Hotel (25 Cooper Square, tel. (212) 475-5700,
Para ver como se faz barbecue direito: Fatty Q
Fatty 'Cue: Smoking Fat Heritage Breeds & Malaysian Flavors on the Barbie
O Fatty Crab, no West Village novaiorquino, sempre foi um dos restaurantes favoritíssimos do meu irmão (e concordo com ele). É muito bom mesmo: pratos do sudeste asiático, preços relativamente baixos, ambiente bem relax. Pra usar o clichê que mais detesto, vale a visita.
Por isso achei ótimo saber que o chef-proprietário Zak Pelaccio abriu no começo do ano um Fatty ‘Cue (de barbecue, ou churrasco) em Williamsburg, no Brooklyn.
Tem um vídeo que mostra TUDO sobre as carnes temperadas com pimentas e marinadas asiáticas, assadas na brasa e defumadas, que dá água na boca. Bem carnívoro, bem troglodita, mas… nham! Fatty ‘Cue: 91 South 6th St., Williamsburg (cliquem aqui pra ver onde fica no mapa)
Fatty Crab West Village
643 Hudson Street
(entre as ruas Horatio e Gansevoort)
Tel: (1-212) 352-3592
Links Úteis:
- post sobre a Bowery, com lista dos restaurantes e mapa
- post dos meus restaurantes favoritos em Nova York: Daniel, Minetta Tavern, Ssam Bar
- o Michelin 2011 de Nova York: lista dos estrelados
- índice de todos os posts sobre Nova York
E a crítica sobre o Hecho en Dumbo:
Subscribe to:
Posts (Atom)