Esses dias já vinha contando pra vocês do MAD Foodcamp, que aconteceu no fim de semana passado em Copenhague. Quem quiser saber os detalhes, pode clicar aqui. Agora, reproduzo a coluna de hoje no Folha Comida, que fala um pouquinho do que penso sobre o tema...
Não basta saber cozinhar
Por trás de um nome que atinge fama há um chef que maneja superbem a mídia e que esbanja carisma |
Chefs nas listas dos melhores do mundo não chegam lá por acaso, como já venho dizendo neste espaço. Há que saber cozinhar e criar menus autorais com maestria, lógico, mas não basta. A verdade é que por trás de um nome que atinge fama e sucesso há um chef que maneja superbem mídia e outros relacionamentos, dá atenção quando realmente conta, e, acima de tudo, esbanja carisma. O carisma move montanhas.
Que o diga René Redzepi, do restaurante Noma, em Copenhague. Ao notar que hoje ele e seus colegas gozam de prestígio e poder jamais vistos, disse em artigo publicado no jornal inglês The Guardian: "Chefs têm uma nova oportunidade -e talvez até uma obrigação- de informar ao público que comidas fazem bem, e por quê". O "talvez" está ali por educação, já que para Redzepi é obrigação de todo chef, sim, "aprender mais sobre questões que são críticas ao nosso mundo: história culinária, flora nativa, relação entre comida e sistemas de distribuição, sustentabilidade e o significado social de como comemos".
Não é só blablablá. O entusiasmo dele convence. Tanto assim que Redzepi e parceiros conseguiram reunir mais de 200 chefs do mundo todo em um prado selvagem perto de Copenhague no fim de semana passado para falar de comida e sustentabilidade, sem patrocinadores, oba-oba ou superprodução. Só mato, feirinha de grãos e verduras, feno, fogueira e gente apaixonada pelo bem comer. Subiram ao púlpito para falar chefs do calibre de Gaston Acúrio (Peru) e Michel Bras (França). Atala também, claro.
O MAD Foodcamp (MAD de comida, em dinamarquês, e Foodcamp fazendo referência ao clima de acampamento do encontro) pretende dar o pontapé inicial em uma conversa internacional sobre comida saudável, sustentável e local versus comida má (superprocessada, muito viajada ou saída de mega plantações que enforçam a monocultura besta). O tema já pipocou por aí, mas se tem alguém com poder de bala para fazer o mundo prestar atenção de uma vez por todas, é ele. Ou assim espero.
ALEXANDRA FORBES é jornalista gastronômica, "foodtrotter" e autora de "Jantares de Mesa e Cama"
E aqui, um ótimo slideshow de fotos do MAD Foodcamp, por Mads Eneqvist.