15.8.12

Dabbous, Koya, etc: os melhores restaurantes de Londres



Já disse isso na Folha e em outros lugares, mas repito: Londres, hoje, é uma das melhores cidades do mundo para quem gosta de comer bem. Cada vez mais multiétnica, a mistura de povos reflete-se no mix de restaurantes: come-se maravilhosamente bem em todas as línguas e tribos. Há desde udons (macarrões japoneses) esplêndidos no Koya, a curries melhores do que os servidos em Mumbai; de alta gastronomia super descompromissada servida em pérolas como o Dabbous a lugarzinhos ultra-casuais dando show de perfeccionismo (o Albion é um). O fio condutor que os une: reverência quase religiosa ao ingrediente de primeira, de preferência inglês, e servido sem disfarces.

restaurante CUT, especializado em carnes, do celeb-chef Wolfgang Puck



Nesta minha última ida a Londres, quase não tive decepções. O único lugar que experimentei e não gostei muito foi a "churrascaria" chique do Wolfgang Puck, chamada CUT. Comida boa mas caríssima, climinha estranho, de lugar onde só vai gente em expense account. Metido a besta, em suma. Também não sairia da rota para comer o brunch do Bistrothèque que achei muito normalzinho para justificar o longo trajeto de táxi.


Mas outros todos onde fui comer estavam ótimos. E um disclaimer: o título diz "os melhores restaurantes de Londres", mas na verdade, são "os melhores restaurantes da viagem". :)
Vejam a seguir a lista:

restaurante Dabbous


Dabbous
Este foi o que mais me impressionou.
Há muitos anos não se via um new kid on the block ascender assim, meteoricamente, em Londres. Ollie Dabbous, depois de chegar ao posto de chef no famoso restaurante Le Manoir Aux Quat'Saisons e passar por curtos estágios em outros restaurantes renomados, como o Noma, em Copenhague, juntou dinheiro de parentes e sócios e abriu o Dabbous sem esperar que emplacasse. Em meras duas semanas, recebeu a primeira de uma série de críticas entusiasmadamente positivas e viu-se com o melhor problema que um chef pode ter: telefone tocando sem parar e inbox entupida de emails. A dura batalha por uma mesa vale a pena: o chef consegue extrair o máximo de sabor do mínimo de ingredientes. Sim, um cozido de perna de vitela com spelt (um cereal) e salsão é muito mais do que a soma de três elementos potencialmente sem-graça. Cebola grelhada com sour cream, beterraba e talos de agrião, idem. “Acredito em simplicidade restrita e clean. Quero um prato que tenha um fator-uau mas pareça fácil, e não tenha cara de comida de chef".
39 Whitfield Street, tel. +44 20 7323-1544


Hedone
Não há como não avisar antes: este restaurante fica muito fora de mão, no extremo oeste de Londres. O consolo: vale as 30 libras da corrida de táxi. A embalagem – um décor singelo, quase sem-graça – esconde um recheio recompensador. A comida, além de excelente, custa relativamente pouco, com um menu-degustação de sete pratos custando L 75 e o almoço com entrada, prato e sobremesa, meros L 30. Espere sabores puros de ingredientes ingleses da melhor qualidade: o chef-proprietário, um ex-blogueiro sueco, busca obssessivamente o mais fresco e mais autêntico produto de seu terroir de adoção, de ovos de pato com gema gigante à incrível arraia de Cornuália que frita na manteiga.
301-303 Chiswick High Road, tel. +44 20 8747-0377  


Udon do restaurante Koya: delícia!


Koya
Melhor do que pedir dica ao primeiro taxista é perguntar a um bom chef onde ele gosta de comer nas noites de folga. Quando vários deles dão a mesma resposta – Koya, o japonês no bairro do Soho – é porque o lugar merece ser levado a sério. Não pelo ambiente, completamente despido de luxos e formalidades, quase espartano, mas sim pela comida, restauradora no melhor sentido da palavra. Os udons (grossos macarrões japoneses) podem ser pedidos frios ou quentes, nadando em saboroso caldo com perfume de peixe, com ou sem ovo cozido, tofu frito, nacos de carne de porco e outras gostosuras. Bebe-se chá, compartem-se mesas e o melhor: gasta-se pouco.
49 Frith Street, tel. +44


St. John
Há anos este é o templo inglês da gastronomia nose-to-tail (fuça ao rabo), em que aproveita-se cada parte do bicho sacrificado. Reverenciado por chefs e críticos, o audaz (e doidinho) chef Fergus Henderson serve em um espaço todo branco pratos sui generis (tutano com salada de salsinha está entre os carros-chefes), em pratos sem enfeites nem firulas. Escondido em ruazinha pacata perto do mercadão de carnes do East End, o St.John é para iniciados e fãs resolutos de miúdos e carnes em cortes incomuns.
26 St. John Street tel. +44 20 3301 8069

 
Upstairs at the Ten Bells
Se o nome estranha, o lugar pode espantar os incautos. Chega-se a esse novíssimo restaurante pop-up ao lado do mercado Spittalfields, no East End, atravessando um ruidoso pub e subindo escadaria estreita, nos fundos do salão. Depara-se com uma sala antiguinha e escurinha, com velas nas mesas, cujo foco do décor é um óleo humorosamente homoerótico. O que os jovens chefs Giorgio Ravelli (ex-The Ledbury) e Isaac McHale fazem de especial? Seguem o mantra produto, produto, produto. Carne de vaca maturada a seco por períodos obscenamente longos (até 66 dias); ovo de faisão com pepino em conserva; perna de cordeiro com anchova e batata. A Inglaterra no prato, em ambiente para lá de cool.
84 Commercial Street, tel. +44 7530492986, sem site


Albion Café: bonitinho e NADA ordinário!



Albion
Por mais luxuoso que seja um hotel, nunca se pode esperar que sirva ovos mexidos devidamente cremosos ou croissants que se esfarelam na primeira mordida. Café da manhã perfeito é verdadeira raridade e o Albion, no hotel The Boundary, passa na prova com louvor. Servindo salmão defumado de fazer virar os olhos, baguetes esplêndidas, a melhor Danish de Londres (massa folhada com creme e frutas) e geleias artesanais, esse mixto de café e boulangerie atrai não-hóspedes de toda a cidade, formando longas filas nos fins de semana. Também servem almoço e jantar, com a mesma pegada apresentação-simples-e-execução-impecável. Além de comes e bebes impecáveis, o Albion ainda tem uma clientela descolada e ambientação ultracool, já que o dono é ninguém menos que o sir Terence Conran, dos maiores nomes do design inglês.
2-4 Boundary Street, tel. +44 20 7729 1051

Amuse bouches do The Ledbury


The Ledbury
Logo que o primeiro amuse-bouche chega à mesa já se começa a ver como é que o belo restaurante em bairro fora do circuito conseguiu galgar este ano 20 posições no mais importante ranking que há, o The World’s 50 Best Restaurants, ficando em 14o. A exímia beleza de cada bocado que se leva à boca não passa da primeira metade da alegria: a outra está na maestria de combinações e cocções. Ostra empanada com dill? Deliciosa. Filé e costela de vaca inglesa cozidos lentamente, com cebola defumada? Sublime. Soufflé de maracujá no qual mergulham, à mesa, bolota de sorvete de vinho Sauternes? Fora de série. Isso sem falar no serviço impecável e no lindo salão com vista para charmosa rua de sobrados e árvores frondosas. Perfection.
127 Ledbury Road, tel: +44 20 7792-9090 


Roka
Um ótimo japonês especializado em robatas, no Soho. Não é novo mas mesmo assim vive cheio e badalado. Mais uma vez, comi maravilhosamente. Dos mesmos donos do Zuma, outro que está na lista dos melhores restaurantes de Londres.
37 Charlotte Street, tel: +44 20 7580-6464


The Corner Room
Nuno Mendes está entre os três chefs de língua portuguesa mais influentes no mundo, mesmo se pouco conhecido pelos brasileiros. Vive há muitos anos no East End de Londres, onde conquistou fama e estrelas com seu restaurante de cozinha experimental Viajante (que de portuga só tem o nome). Há pouco, abriu um segundo restaurante no mesmo endereço – o hotel Town Hall – chamado The Corner Room. Simpático e mais acessível que o irmão maior, tornou-se rapidamente ponto de encontro de gourmets aventureiros. Salmão com aspargos; beterraba com salmão curado e migas de pão: Mendes casa bestsellers nos pratos, mas sempre com algum twist e em apresentações delicadas e belas que gritam alta cozinha. Os preços, entretanto, são 100% bistrô: no almoço, o menu fixo incluindo entrada, prato e sobremesa sai por L 21.
Patriot Square, Bethnal Green, tel. (44-20) 7871-0461

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