Só faltou a Luiza, que tava no Canadá...
E faltaram também alguns queridos membros da Legião Boa Vida que estavam, como tendem a estar, viajando.... Um em Paris, outro em Nova York, uma trabalhando em Santa Catarina, dois na praia com a filharada, etc.
Mas nem isso estragou a farra. Comilança e bebelança profissional, que deixou até o mais guloso dos cozinheiros pasmo. O porquê do encontro? A vontade de alguns de finalmente irem ao Mocotó. A gula. O espírito de comunhão. Este blog Boa Vida.
Ou, simplificando, acho que nos reunimos na Vila Medeiros para celebrar a vida.
E como celebramos!
Partimos em nosso "transporte coletílico" do Jardim Europa, devidamente fornido de boa cachacinha e cerveja gelada. No som, Luiz Gonzaga, claro.
Seguimos para a Vila Medeiros, onde já nos esperavam, na gostosa cozinha experimental do Mocotó (chamada Engenho Mocotó) um timaço.... Rodrigo Oliveira era o anfitrião, e Alberto Landgraf e Jefferson Rueda, os chefs convidados. Alex Atala mandou a sobremesa. E outros ajudaram no esforço coletivo: Julien Mercier, Alex Gomes....
O Engenho Mocotó: segredo bem guardado do Rodrigo Oliveira |
Comemos e bebemos como reis - mas não acho que vem ao caso a descrição minuciosa de cada prato. Basta dizer que tivemos a grande sorte de ver "os meninos" na mais amistosa e descontraída sessão-cozinha que se pode imaginar.
Abrimos os trabalhos com as deliciosas orelhinhas de porco crocantes do Alberto Landgraf (Epice).
Alberto também serviu uma pecaminosa terrine de joelho de porco com ameixa, que comemos com uns biscoitos de polvinho salpicados com pimenta de Espelette (idéia do Julien).
O Alberto, além de fazer os aperitivos, serviu um polvo como só poucos no Brasil conseguem preparar, no ponto ideal, com cilindros de pupunha, folhas novinhas de azedinha e temperado com mel e limão.
Provamos em primeira mão algumas coisas que o ótimo Jefferson Rueda servirá em seu restaurante Attimo, que abrirá em breve em sociedade com o restaurateur Marcelo Fernandes.
Exemplo? Sopressata, favo de mel, pão com tomate.
E não é que dá certo esse samba?!
O que veio a seguir deixou a gente de queixo caído: papada de porco com purê de aipim e ovas de arenque. Chose de lóc! Textura inexplicavelmente parecida com a de um peixe gordo (Chilean sea bass, mais especificamente). Como pode um papo de porco lembrar um peixe?! Acreditem se quiser....
Alguns de nós preferimos acompanhar esse prato com uma cachacinha ao invés do vinho. Tínhamos uma senhora cachaça à mão: a Enluarada do mr. G. Mas quando acabou, partimos para uma outra, bem boa, levada pelo Jefferson, e que ele explica melhor no vídeo a seguir:
Não é ótimo o sotaque dele?
Esse post deveria ter som, só para vocês poderem ouvir o nome do prato mais inesperado da tarde saído da boca do próprio Jefferson.
Galinha ao molho parrrrrrrrrrrrrrdo, com o erre bem caipira!
Sabem há quantos anos eu não comia este meu favorito da infância passada na fazenda? Melhor não dizer...
Em casa, o sangue vinha da galinha cujo pescoço a cozinheira torcia naquela mesma manhã. No Engenho, a coisa foi bem menos traumatizante:
Vai mais sangue aí? |
O chef Alex Gomes dá uma força e serve a polenta branca com queijo meia-cura |
Antônio - que trouxe a sobremesa - e Andrea: Alex Atala muitíssimo bem representado! |
A sobremesa foi outro "petáculo": doce de abóbora chamuscado, de crosta deliciosamente durinha e miolo mole como purê. Servido com sorvete de tapioca e um pó de ervas carbonizadas. E uma tal "rocha de açúcar" e um nadinha de espuma de côco tinta com o mesmo pó de carvão.
Os cozinheiros em momento relax, e, à mesa, Edgard e Dudu |
Paxonei: camiseta do Jefferson, presente do estilista Walério Araújo |
A horas tantas, alguém deu brilhante ideia: descer ao Mocotó e tomar uma saideira! E não é que assim que fizemos isso demos de cara com o Antônio e a Andrea?! Danados! Os dois tinham saído de fininho para comerem uma mocofavazinha básica lá embaixo....
Ah, se eles soubessem com quem estavam lidando... :)
Adivinhem o que fizemos? Pedimos não só umas mocofavas como também torresminho, dados de tapioca, carne de sol com pimenta biquinho, caiporas de jabuticaba e siriguela.....
ROUND 2!!
O melhor torresmo da cidade, e os famosos e copiadíssimos dadinhos de tapioca |
Mocofava |
Pastel de carne seca, que ninguém é de ferro! |
Caipora de jabuticaba.... |
Seu Zé Almeida com o amigo Maurício.... |
O almocinho foi até 9 da noite, quando Jefferson deu outra ideia: saideira no Dona Onça, o bar da Janaína, mulher dele - a dona Onça em pessoa!
E toca a reunir a galera pra zarpar na lotação que nos esperava....
Jefferson foi comandando a trupe e contando causos....
Dona Onça tinha saído mas o sócio dela Júlio César de Toledo Piza, grande boêmio, nos recebeu de uiscão em mãos...
Tudo muito bom, tudo muito bem, mas queríamos achar a Dona Onça!
Jefferson, desconfiado, então disse:
Tô indo encontrar ela no nosso bar favorito, mas só levo vocês se não falarem pra ninguém desse lugar, é o nosso refúgio e queremos que continue sendo.
Que dúvida? Pegamos uns táxis e tocamos pra lá!
Promessa cumprida, Jeffinho.... Essa, só quem viveu viu que não foi em vão.
A todos os que fizeram parte dessa epopéia, o meu mais sentido e sincero obrigada.