29.12.11

Comer ou tuitar: eis a questão - coluna da Folha



Interrompemos o boletim de fuxicos trancosenses por um post: só para reproduzir a última coluna no caderno Comida da Folha:



Comer ou tuitar, eis a questão

Outro dia, Prince apresentou-se em Montréal e, da plateia, uma chef mandou uma bronca pelo Twitter: "Quem passa um show tuitando parece aqueles turistas que vão ao Louvre e não largam a filmadora".

Não só entendi a comparação como vesti a carapuça. Acostumei-me a narrar jantares em 140 caracteres (nada muito pessoal, foco em temas gastronômicos), chegando a dedicar cinco horas diárias a tuítes.

Pior: de uns meses para cá, adicionei a esse um segundo vício: o aplicativo Instagram.

Experiências e opiniões gastronômicas compartidas publicamente nas redes sociais são uma faca de dois gumes. Por um lado, aprende-se enormemente: naquela serra Pelada consigo garimpar frases de chefs famosos não filtradas por assessorias de imprensa; descubro quais restaurantes andam mais frequentados pelos "foodies" e vejo milhares de fotos de pratos. Essa fonte de notícias personalizadas me mantém por dentro das últimas novidades gastronômicas. Troco mensagens com gente que, não fosse o Twitter, dificilmente estaria tão rapidamente disponível para "conversar", como Daniel Boulud, Grant Achatz, René Redzepi e Massimo Bottura, entre dezenas de outros chefs renomados. Em contrapartida, no afã de ficar teclando e clicando à mesa (e "dando uma lidinha" nos últimos tuítes) acabo vivendo menos intensamente cada lance de um jantar.

Em Barcelona, levei um pito do chef Albert Adrià, irmão de Ferran. Enquanto jantava no 41º, seu novo restaurante, eu tentava "instagramear" o maravilhoso temaki de barriga de atum, cone de alga em uma mão, telefone na outra. Ele veio à mesa e disse: "Esse tem que ser comido no mesmo instante, deixe as fotos para depois". Tinha razão.

Fotomaníacos estão virando praga em restaurantes gastronômicos.

Cliques incessantes quebram o ritmo e a magia de uma grande refeição e incomodam. Eu -e a crescente legião de fanáticos das mídias sociais- não devemos perturbar o prazer de comer bem.

Como um bom foie gras, o ato de dividir em fotos e curtas pensatas o que vivemos à mesa é delicioso -desde que em dose certa.

Mallmann no Jacaré e Maritaca: meus restaurantes favoritos em Trancoso



Confesso: sou muito parcimoniosa na hora de dividir meus achados de Trancoso. Já basta ver a cidadezinha ao sul de Porto Segura ser invadida no dia 26 de dezembro por batalhões de paulistas com bolsas Vuitton, celulares e biquínis grifados demais e desconfiômetro de menos. E dá-lhe vestidinhos de paetês e salto alto no Quadrado....

Mas por outro lado já cansei de saber de amigos meus desavisados caindo em roubadas. E roubadas não faltam: esta é a terra do restaurante-caro-e-medíocre e da pousada nota 6,5 cobrando mil reais a diária. Comer bem aqui é mais difícil do que se pensa....

As minhas dicas, portanto, são poucas:

Etnia Clube de Mar: paraíso


- Almoço na  Etnia Clube de Mar,  a nova filial praiana da pousada Etnia. Tem que reservar (tel. (73) 3668-1237, e os hóspedes das cinco "casinhas" chiquíssimas têm prioridade, naturalmente, mas ali se pode encontrar um ambiente civilizado, com SER-VI-ÇO, e boa comida, sem o carnaval desorganizado das outras pousadas de praia. Less is more. No caso, less people!

- Cair do dia na pousada Capim Santo, tomando caipirinhas e comendo bolinhos de aipim com camarão molinhos e sedosos

pizza de carpaccio do Maritaca


- Pizzas e chope no Maritaca (essa é manjada, mas sempre válida). Trata-se do mais estável e confiável restaurante de Trancoso. Há pratos que quase nunca achamos na Bahia, como spaghetti com bottarga, e uma ma-ra-vi-lho-sa pizza de carpaccio (a massa, um finíssimo biscoito, é assada sem nada, depois colocam a carne fria por cima, temperam e coroam com raspas de parmesão). Outro prato que amei? O paillard de filé mignon com spaghetti bem al dente que pedi para minha filha! Isso sem falar no soufflé de goiabada, o mais gostoso que já comi. Produtos de primeira, importados direto da Itália pelo Taliberti, o carismático patrone.



Fernando Droghetti, o Jacaré, e seu sócio-por-um-verão, o chef Francis Mallmann

- Carnes e peixes na brasa na pousada Jacaré do Brasil Casas, onde este verão funciona uma filial do Los Negros, famoso restaurante do igualmente famoso chef argentino Francis Mallmann. Tão bom que não tenho mais vontade de ir a outro lugar. Janto ali noite sim, noite não, e sempre maravilhosamente bem. Prato favorito: um atum daqui, pequeno mas notável, servido quase cru, com legumes em ratatouille assados super longamente. Também delicioso, o ojo de bife (de contra-filé argentino, por supuesto) servido sobre uma espécie de gauffre de batatas chips, ultracrocante. Há ainda incríveis casquinhas de batata com sal de primeira e salsinha, um dip de beringela com gostinho de brasas que gosto de comer sem o pão, de colherada, mesmo, e saladas impecáveis. Isso para não falar do décor de cair o queixo. Vejam só que beleza:









25.12.11

As melhores festas de Trancoso: Henrique Pinto, Etnia no Pára-Raio...


Quando a décima pessoa me ligou querendo saber maiores detalhes sobre a festa de réveillon do milionário mineiro Henrique Pinto aqui em Trancoso, eu concluí que seria mais fácil postar neste Boa Vida um resumo do que vai rolar.

Este ano, como sempre, os mais "animados" vão ver o raiar do dia no Taípe mas acho que o tal Henrique Pinto - com as fortunas que gastou e mais uma ajudinha providencial do casal Nizan e Donata no capítulo guest-list - tirou o gás daquela que sempre foi a balada mais concorrida de Trancoso. Pinto cimentou sua fama de bom festeiro quando alugou o iate Christina O, que foi de Aristóteles Onassis, em Saint Tropez, para receber uns 30 lucky few.

De longe o convite mais disputado deste réveillon (Deus, quanta futilidade!), ao contrário do que a maioria pensa, ele varia conforme o convidado.

Explicando: há o convite de Henrique Pinto nível A: jantar para 150 pessoas, cedo, com comida feita pela chef Morena Leite, do Capim Santo. Há o convite nível B, tipo "venha depois que terminar de jantar", que dá direito a passar a meia-noite. E o terceiro convite é para a fase baladona, depois da meia-noite. Como disse minha amiga J, esse último trata-se do convite "rapa do tacho". Morena está encarregada de servir comidinhas a noite toda e contou que são esperadas 800 pessoas.

A superprodução, com entrada grátis, vai rolar à beira da praia, na chamada "fazenda dos búfalos" - aquela que se passa no caminho para o Espelho. Ou seja: bem fora de mão. Duty, o DJ de São Paulo, está cuidando da instalação do som. Mas quem vai "comandar as picapes", para usar um termo ultrabrega, são outros DJs: Paulinho Boghosian e Raul Boesel. Não sem antes algumas horinhas de banda ao vivo tocando Sinatra e outros hits de casamento....

O dono da festa chega hoje (segunda) em - claro! - um jatinho privado e hospeda-se em uma casa em Itapororoca.

A outra festa que promete, mesmo se bem mais low-profile, acontece dia 29 no Pára-Raio, que para quem já foi alguma vez a Trancoso, dispensa apresentações. Os anfitriões são Corrado Tini e André Zanonato, donos das duas pousadas Etnia (sim, porque agora eles têm uma "filial" na praia, com cinco casinhas ultra chiques, saibam mais clicando aqui). Essa tem um custo - ingresso a 100 reais - mas o lucro vai todo para caridade - mais especificamente, a Associação Ecoesporte Trancoso e a creche Recanto de Apoio à Criança Feliz. Estão vendendo ingressos na pousada Etnia e na bilheteria do Para-Raio. Vejam abaixo o vídeo da mesma festa, no ano passado...


E caso eu não "passe" mais por aqui até o Réveillon, que todos vocês tenham um super 2012, repleto de deliciosas viagens!



www.pararaiotrancoso.com.br  tel. (73) 3668-1025


18.12.11

Restaurante Ban, na Liberdade, do Haraguchi San: super sushis

Sushis do Ban      Foto: Bronza


Graças ao Edgard Costa, que me deu a dica tempos atrás, virei fã do Izakaya Issa, da figuraça dona Margarida, lá na Liberdade.

Lugar para ir tomar ótimos saquês e comer pratos quentes e rústicos, bem autênticos (fui lá pela primeira vez com um amigo que manja tudo de peixe e vive indo ao Japão, e ele, mais entendido que eu, aprovou a cozinha e saiu de lá mais-do-que-impressionado).

Então quando eu soube que o marido da dona Margarida, o  chef Massanobu Haraguchi (ex-Miyabi) tinha aberto ali pertinho o Ban (Rua Tomás Gonzaga, 20, Liberdade tel. 11/3341-7748), nem pensei duas vezes. Escalei Melany, minha amiga sushihólica de todas as horas, para fazer comigo o test-drive.

Quem me conhece sabe que toda vez que eu chego em São Paulo não sossego até comer meu primeiro sushi - então fui lá correndo, recém-chegada, depois que consegui escapar da redação.

Ao chegar, achei o Ban, em comparação ao Izakaya Issa, grandalhão e claro demais. Sem vibe. Mas pouco liguei: não era o que importava.

Abrimos os trabalhos com um zaru soba, das coisas que mais amo comer em noites quentes. Bom demais!


Sentamos no balcão e tentei ver com o próprio Haraguchi San o que deveríamos pedir de crus. Não deu: lost in translation total, ele mal fala português!

Salvou a noite o Alexandre, dono da Adega de Sake, que entende muito de Liberdade - óbvio. Mandei um S.O.S. pelo Twitter e ele logo respondeu: "peça ajuda à Yukari, minha cunhada"! Ela trabalha no Ban, e, toda solícita, nos abriu a porta do paraíso, sacando um caderninho onde tinha anotado os saquês disponíveis (carta oficial, com os nomes e os preços das garrafas, nem pensar....).

Nos sushis, quem ajudou foi o jovem sushiman Marcelo, ponta firmíssima.



Provamos muitos mas piramos no uni e na vieira chilena - de primeiríssima! - que repetimos três vezes....

Esse é pra ir sem medo de ser feliz - mas de preferência com um tradutor simultâneo no celular.

DICA: Tem Twitter? Não sabe qual saquê pedir? Então use e abuse dos conselhos de "sakelerie" em tempo real do Alexandre da Adega de Sake, o username dele é @OAdegadeSake

Adega de Sake: Rua Galvão Bueno, 387, tel. 3209-3332

Ban
Rua Tomás Gonzaga, 20, Liberdade tel. 3341-7748

Rua Barão de Iguape, 89,Liberdade, tel.  3208-8819


View Larger Map


Uni do Ban    Foto: Bronza

Hecho en Mexico: restaurante mexicano com menu by Lourdes Hernandez



São Paulo nunca teve grandes restaurantes mexicanos. Trata-se de uma cozinha praticamente desconhecida por aqui, onde o que mais se acha são laricas tex mex com muito queijo derretido. Mas uns dois anos atrás o casal Lourdes Hernandez e Felipe Ehrenberg (ele, um renomado artista plástico), começou a mudar isso. Abriram, sem alarde, a Casa dos Cariris – literalmente, a casa deles, cujo endereço não divulgam – onde servem em determinadas noites diversos pratos de seu país natal (eles são da cidade do México), em ambiente super informal e… caseiro. Apesar da relativa dificuldade de acesso (ou talvez até por causa do elemento surpresa) a Casa virou hype total.

chef Lourdes Hernandez (Foto: Divulgação)

Quando conheci o casal imediatamente nos demos bem: gente autêntica, aberta, culta, simpática.


Pois eles estão por trás do Hecho en Mexico, primeiro restaurante mexicano do Itaim que tenta ser verdadeiramente... mexicano! Deram uma assessoria para os donos do Hecho, o ex-modelo Fernando Rigobello e o  Ernani Assunção, um brasileiro que vive em Nova York, onde é dono do BarBossa.

 tacos da Lourdes, neste caso, de língua com azeitona e abacate

Por enquanto, o Hecho está semi-pronto, mas já funcionando para almoço e jantar. O menu limita-se a comidinhas como tacos, sanduíches, saladas e quesadillas - mas deverá crescer conforme os donos forem firmando os pés.

Estive lá almoçando e adorei a vibe do lugar, mesmo faltando, ainda, terminar vários elementos da decoração. Como a inauguração foi agorinha há pouco, não seria justo fazer julgamentos definitivos, mas acho que vão precisar dar uma firmada na cozinha. Provei uma quesadilla meio gringa demais para o meu gosto (queijo demais, sabores de menos), e taquitos bons, fresquinhos, mas um ou dois pontos abaixo dos que faz dona Lourdes... 

tacos de pollo (frango) adobado do Hecho en Mexico



De todo modo, aguardem as cenas dos próximos capítulos: acho que os donos farão os ajustes necessários e o Hecho pegará seu ritmo. Ou pelo menos é o que espero, como quase-vizinha e fã ardorosa da (verdadeira) cozinha mexicana.

Rua Renato Paes de Barros, 538, Itaim, tel. 3073-0833


6.12.11

Spago, Figurati, Mangiare, Girarrosto... overdose de restaurantes italianos em São Paulo!

Spaghetti alle vongole do Spago    Foto: Carlos Bertolazzi

Tô indo pra São Paulo. E já comecei a fazer a lição de casa: a lista de restaurantes novos que tenho que experimentar. E não é que antes mesmo de começar já cansei?! A lista é I-MEN-SA! Do Spago eu sei um pouco, porque sigo o chef-proprietário Carlos Bertolazzi no Twitter (quem não segue, né?). Mas dos outros... não sei praticamente nada. Quem se habilita a comentar, recomendar, etc? Anyone? ;)






O chef Carlos Bertolazzi, amigo de meia São Paulo e assistido pela outra metade na tevê, em seu programa Homens Gourmet, acaba de abrir um italiano sem grandes ambições gastronômicas. Não é para esperar achar ali cozinha autêntica toscana ou piemontesa. Na verdade, trata-se de uma cantina ítalo-americana - que pretende ser animada, convivial. Uma coisa inspirada nos restôs italianos de Nova York, com climinha badalado (meio asssim... Zena? ;) - e spaghetti with meatballs no menu.
R. Leopoldo Couto de Magalhães, 681, Itaim, tel. 3078-0796. 12h/15h e 18h/0h (sáb. e dom., 12h/0h).

View Larger Map

Girarrosto
Como tudo em que o chef Paulo de Barros bota a mão (exemplo? Due Cuochi!), o Girarrosto vai ser um estouro, aposto.
Já no ano passado, ele contou para a Patrícia Ferraz do Paladar: “Vamos oferecer comida italiana simples, massas típicas da Toscana a preços mais baixos que os do Due Cuochi”. Na época, não se sabia que ele sairia da sociedade no Due Cuocchi...
Como indica o nome, no Girarrosto o foco será o girarrosto, ou "girador de assado", ou, em bom português, tevê de cachorro. Abrirá muito em breve, onde era o Pandoro.
(Paulinho já tem, como sabem, o Italy, um imenso italiano nos Jardins que tem feito muito sucesso)

Basilicum Trattoria
Em Santa Cecília, serve clássicos como ossobuco com polenta, spaghetti com frutos do mar, tiramisù.
R. Tupi, 496 - Santa Cecília, Tel: 3662-2977


Figurati
Dos mesmos donos do Le Vin.
R. Min. Rocha de Azevedo, 1.041, Jardins, Tel: 3062-4198


Mangiare
Na Vila Leopoldina, serve pizzas e bisteca à fiorentina.
Av. Imperatriz Leopoldina, 681, Vila Leopoldina, Tel: 3034-5074.


Mello & Mellão Trattoria
No Itaim Bibi, o chef Hamilton Mello (de quem não ouvia falar há anos) manda ver nos pratos com prosciutti, grana padano e altri ingredienti cari. ;)
R. Pais de Araujo, 184, Itaim, Tel: 3078-0812


E fiquem atentos: logo mais será aberto ainda mais outro italiano - ou "ítalo-caipira", como prefere o chef Jefferson Rueda. Trata-se do novo negócio de "Jeffinho", em parceria com o restaurateur Marcelo Fernandes, que já tem o Kinoshita e o Clos de Tapas. Este, aposto, será o mais sofisticado de todos. Jefferson tem passado os últimos meses viajando muito pela Europa, estagiando aqui e ali, aprendendo, pegando ideias.... A ver o que sairá como resultado.

5.12.11

Brasil sediará edição do OMNIVORE, evento foodie cult lançado na França

Pôster hilário do OMNIVORE 2012: quem reconhece os chefs?
(Para ver em tamanho maior, basta clicar)

No Brasil, já percebi pelas conversas que andei tendo, ninguém sabe o que é o OMNIVORE.

Ainda...

Mas podem anotar: logo, logo, todo cara com flor de sal na despensa e Michelins na estante vai estar por dentro.

O OMNIVORE apareceu no meu radar quando eu soube que o bad boy Iñaki Aizpitarte, chef-proprietário do Le Chateaubriand e do Le Dauphin, iria fazer um "Fucking Dinner" - assim mesmo, era o nome oficial! - em Nova York, no Momofuku Noodle Bar, em 2009.

chef Iñaki Aizpitarte, do Le Chateaubriand (Paris)

Fui lendo daqui, lendo dali e logo aprendi que o Fucking Dinner do Iñaki fazia parte de um evento maior, armado por uma turma de franceses. O tal OMNIVORE.

Não é como o Gastronomika da Espanha ou o Mesa Tendências. Nada a ver. Tem palestras, mas em clima bem mais informal. E tem comilanças, menores e maiores, abertas ao público, em restaurantes e em lugares maiores, como píers ou galpões. E foca sempre em chefs jovens e atrevidos.

O chefão da coisa chama-se Luc Dubanchet. Cara muito importante no mundo da gastronomia de vanguarda, foi por muitos anos uma pessoa importante no time do Gault Millau (assumiu a direção de redação em 1999) e por uma época editou a seção de gastronomia da GQ francesa.

Ele lançou o festival em 2003 e a coisa logo deslanchou.

Até hoje, era um evento esparso, que acontecia uma vez por ano na França, outra em Nova York. Mas eles acabam de anunciar que o OMNIVORE globalizou-se: em 2012 fará uma turnê mundial.


  • Genebra, 5-7 de fevereiro
  • Paris, 11-13 de março (na Maison de Mutualité)
  • Bruxelas, 18-21 de março
  • Moscou 24-27 de abril
  • Copenhague 26-28 de maio (segundo eles, "OMNIVORE foi o primeiro a revelar a cozinha nórdica ao mundo quando René Redzepi participou do festival em 2006")
  • Shangai 12-14 de junho
  • Nova York 14-16 de julho
  • Montreal 18-20 de agosto
e...
  • São Paulo em setembro! (datas a confirmar)


Trata-se do primeiríssimo evento internacional de gastronomia a pisar em solo brasileiro, portanto, tenho certeza, vai abalar alicerces.

chef Felipe Bronze, do ORO:
OMNIVORE abraça o Brasil

E vejam que bacana: o Felipe Bronze, do ORO, no Rio, vai participar da edição parisiense do OMNIVORE, aqui o link.




Em 2010 essa mesma turma armou evento BEEEEM divertido em Nova York…. O nome: Le Grand Fooding.

Era uma série de quatro jantares em que alguns dos chefs favoritos do guia  cozinharam em solo novaiorquino. O nome da série: Four Fucking Dinners. Todos em restaurantes do David Chang.

Pascal Barbot, do impossível de conseguir reserva l’Astrance, de Paris, cozinhou no Momofuku Ko, do… igualmente impossível de conseguir reserva!
Inazi Aizpitarte do Le Chateaubriand cozinhou no Momofuku Noodle Bar, do mesmo David Chang.

O terceiro restaurante de Chang, o Momofuku Ssam Bar, recebeu como chef-convidado, David Kingch, do Manresa, em San Francisco. E o lendário Michel Bras cozinhou ao lado de Wylie Dufresne e o próprio Chang no WD-50, o tecnoemocional de Dufresne.

Os lugares se esgotaram mais de um mês antes….

Em 2010 fizeram uma “guerra” de mentirinha entre Nova York e San Francisco, liderada, de cada lado, por dois chefs de renome.  Chang representava Nova York. O zen Daniel Patterson, do Coi, comandava a outra banda.



Na prática, ninguém brigou com ninguém. Um monte de gente se aglomerou no MoMA PS1, filhote do museu MoMA, pra comer e beber muito bem, numa espécie de piquenique gourmet: champa Veuve Clicquot, comidinhas by Chang, etc. Mixologistas de ambas as costas também estavam lá servindo bebidas – cada um criou um coquetel e no final a idéia seria eleger um vencedor….

O de Nova York era Jim Meehan, autoridade no assunto, barman do ultrahype PDT (Please Don’t Tell).

Rolou até harmonização de pizza com vinho!

Este  foi o programa da primeira noite:


Programa do dia sequinte:




Se o programa paulistano tiver o naipe desse, estamos feitos...

3.12.11

Samba no Pirajá e Pra Ver as Meninas: a festa que eu estou perdendo...



OUTRO AUDIOPOST - APERTEM PLAY ANTES DE LER!


Hoje o samba saiu... lá no Pirajá.

Souberam da farra organizada mais conhecida como projeto “Para ver as meninas”?

Teve as cantoras Mariana de Moraes (neta do Vinícius de Moraes), Thaís Macedo, e a cozinheira Donzília Gomes, do premiado Bar da Portuguesa, da Zona Norte do Rio. Começou agora ao meio-dia, deve estar pra acabar...

Comandado por Moacyr Luz, padrinho da casa, o projeto reúne nomes de destaque nas áreas de música e gastronomia e já trouxe para a cidade Mart’nália, Verônica Ferriani, Thalma de Freitas, Mariana Baltar, Ana Costa, Aline Calixto e as chefs Kátia Barbosa, do boteco Aconchego Carioca, e Rosiana Coelho, do Pontapé Beach.

Os quitutes preparados por dona Donzília para a festa? Pastel de camarão com catupiry e risole de bacalhau. Portuguesa radicada no Brasil, Donzília comanda o Bar da Portuguesa, aberto em 1972, em uma esquina de Ramos, tradicional bairro do subúrbio carioca. Ele foi eleito em 2010 o melhor boteco da cidade pela revista Veja Rio e já serviu como cenário de um encontro histórico, entre Pixinguinha, morador de Ramos, e o violonista Baden Powell, registrado pelo músico francês Pierre Barouh no documentário "Saravah".

Então não resisti em republicar aqui as fotos que tirei no último "Pra Ver as Meninas"....

Não era qualquer sambinha não…. Estavam lá, em dezembro passado, o grande Moacyr Luz, o prodigioso Carlinhos Sete Cordas (adivinhem o que ele toca?) e um outro craque carioca, o Gabriel, no cavaquinho.


E mais uns paulistas também muito bons de samba….



Cheguei tarde mas ainda deu para pegar a sessão-larica do final… sem querer entrar pra “briga do cabrito de boêmio”, posso dizer que tava mais-do-que-bom! Cabritada à passarinho das sérias…




Este camarão à milanesa com Catupiry não era meu mas…. saquem só:


Isso sem falar naquele chopp do Pirajá, de espuma densa como uma musse, servido no copo perfeito, que vai chegando sem parar, sem que a gente tenha que pedir. Êêêê, delícia!

Lavou minha alma.


 

 

Bar Pirajá

Av. Brigadeiro Faria Lima, 64 – Pinheiros – (11) 3815-6881
Segunda a quarta, do 12h às 1h. quinta a sábado do 12h às 2h. Domingo, do 12h às 19h.
www.piraja.com.br/

1.12.11

Restaurante Joe Beef, em Montréal: porque amo o lugar, porque amo o livro

Montreal tem alguns lugares que eu considero mágicos, irreproduzíveis.

O Joe Beef, pequeno restaurante de dois chefs ultrabacanas, é um deles. Já escrevi N vezes sobre o Joe Beef, em guias e matérias sobre Montreal e acho que TEM que estar no roteiro de qualquer pessoa que visite a cidade.

Não é chique. Não tenta ser gastronômico. Não é especialmente confortável.

Eu diria que é uma espécie de Mocotó nórdico.

Ao saber que tinham lançado um livro, corri a arranjar um exemplar. Comecei a ler e simplesmente não consegui largar. E quem é que lê livro de restaurante?!

Pois não só li como comprei – acreditem!! – quatro cópias na Amazon, pra dar de presente no Natal a amigos que curtem cozinhar. Sim, eu gostei tanto assim. Tanto que escrevi um post desses bem sinceros e apaixonados - que mostra bem o que livro tem de especial - só que está em inglês. Aqui o link.

E resolvi dar como destaque em uma página de lançamentos de livros na GQ:




Delícia de leitura!

Mostro aqui pra vocês uma entrevista que fiz com os chefs-proprietários, Fred Morin e Dave McMillan. Mesmo quem não entende inglês pode achar graça, já que mostra bem o jeitão da dupla e do restaurante, vejam:




Joe Beef
2491, rue Notre-Dame O., Montréal, 514-935-6504

A chef Roberta Sudbrack no Canadá: pesca no gelo e revista En Route


Acabei de ver a matéria que acaba de sair na bacaníssima revista En Route sobre pescaria no gelo, produzida em um hotelzinho de luxo que é um velho conhecido meu: o Relais & Châteaux Manoir Hovey

Lindíssima, ficou. E o mais divertido? Eu fui figurante na matéria! Explico: soube em fevereiro que iam levar vários top chefs canadenses para pescar no gelo em North Hatley. Por acaso, um lugarejo onde eu vivi durante sete anos (por acaso uma ova, mas isso já é outra história, mais complicada...)

Eu não ia perder essa, né? Ainda mais no quintal da minha ex-casa!

Bom, o pessoal da revista me conhece há séculos (sou colaboradora), e me ligou pra pedir umas dicas, tal e coisa.

E eu perguntei: "ora, uma super chef brasileira, a Roberta Sudbrack, vai estar por aqui nessa mesma data, porque não convidam ela também?" 

E assim foi. Roberta topou. Pois lá fomos nós brasileiras, eu com minha pele comprada a 200 dólares de uma velhinha, juntar-me à trupe sobre o lago congelado. 

Os chefs estavam paramentados chiquemente em parkas vermelhos e outras finezas levadas pela produção (revista de primeiro mundo...) 

A matéria que está este mês da En Route. Eu apareço com meu casaco de pele
da vovozinha (cliquem na imagem para ver maior)


Era um dream team québecois composto por Normand Laprise (Toqué, que está para Montreal como o D.O.M. para São Paulo), Fred Morin do Joe Beef, aquele "lugarzinho" que eu AMO e vivo elogiando aqui, os chefs do próprio Manoir Hovey, Roland Ménard e Francis Wolf, e David Fergusson do Jolifou.
(Para quem não sabe o que é o Joe Beef - aqui, "leitura obrigatória", meu último post a respeito)

Os chefs preparando o jantar em uma cozinha improvisada

Naquela noite, quando cada chef preparou um prato, em improvisação livre, depois comemos todos juntos ao redor de uma bela mesona antiga de madeira. 

A mesa onde jornalistas e chefs jantaram juntos: a night to remember
Infelizmente, não posso mostrar todo o banquete que foi servido - afinal de contas, a matéria era da En Route e não tem coisa mais chata do que jornalista que rouba pauta dos outros.

Só digo o seguinte: nunca na minha vida comi ovos mexidos com tamanha quantidade de (ótimas) trufas negras - foi esse o prato servido pelo Normand Laprise. De uma simplicidade extrema, mas por outro lado, o supra-sumo do luxo. Ele estava encantado, tinha acabado de achar um fornecedor dos sonhos, que tinha umas trufas de primeiríssima. Olha elas aqui, sendo picadas pelo chef:


Mais do jantar, não mostro. Tá lá na versão online da matéria, eis o link.

A equipe da revista En Route

Mas voltando à pescaria: ao chegar em North Hatley - nunca me esqueço - Roberta quase morreu de susto quando viu aquele gelo todo.

Se fazia frio? Nossa senhora, vocês nem imaginam. Uns menos 15 mais ou menos!

Apesar do frio e da neve, a famosa chef se animou a vir comigo conhecer um pouco do que faz o Québec tão lindo.

Vales nevados, lagos congelados que cobrem o horizonte como uma manta fofa e alva.
Ficamos no Manoir Hovey, e passamos o dia fazendo as coisas mais típicas daqui.





Depois de uma manhã inteira pescando, graças a Deus rolou uma pausa para almoço de salmão, ostras com raiz forte e vódca, cozido de linguiça e feijões verdes.

Tudo servido na varanda, como se fosse um piquenique para esquimós!! (O que não se faz por belas fotos....)


Roberta Sudbrack com os chefs do Manoir Hovey, J-F Hébert e Francis Wolf, durante o "piquenique"

Fred Morin e Normand Laprise abrem ostras para o "piquenique" ártico
Depois do almoço, ainda encaramos uma partida de hockey no gelo, em pleno jardim do hotel!


E no final, outra vodquinha pra espantar o frio, no pub do hotel - imaginem só a farra hivernal...


Roberta Sudbrack, de preto, entre Fred Morin (gorro vermelho)
e Normand Laprise, depois da pescaria.
Eu apareço à direita do chef Laprise. (cliquem na imagem para ver maior)
Da esq. à dir.: Roland Ménard, Fred Morin,
Roberta Sudbrack, Normand Laprise


Foi dureza aguentar o vento cortante, pegar o jeito dessa pescaria estranha, com vara curta e anzol que entra no lago gélido através de um buraco feito com uma espécie de britadeira-saca-rolha. Umas coitadas trutazinhas famintas morderam a isca - logicamente que a gente estava ali mais para fazer de conta do que pescar algo com alguma "sustança"...






Vejam só a chef Roberta Sudbrack festejando, depois de pegar seu primeiro peixinho:





A própria En Route fez outro vídeo - BEM mais bonito e bem-editado. Aqui, o link.

E a ficha dos restaurantes dos chefs que participaram da pescaria:
Le Jolifou (David Fergusson)
1840, rue Beaubien E., Montréal, 514-722-2175

Lawrence (onde trabalha a bela sommelière Etheliya Hananova)
5201, boul. Saint-Laurent, Montréal, 514-503-1070

Joe Beef (Fred Morin)
2491, rue Notre-Dame O., Montréal, 514-935-6504

Manoir Hovey (Roland Ménard, Francis Wolf, J-F Hébert)
575, ch. Hovey, North Hatley, 800-661-2421

Roberta Sudbrack
Rua Lineu de Paula Machado, 916, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 55-21-3874-0139

Toqué! (Normand Laprise)
900, pl. Jean-Paul-Riopelle, Montréal, 514-499-2084
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...