24.3.11

O grande Angelo Gaja dá super jantar no hotel Emiliano dia 31



Passei muitos anos frequentando super degustações de vinhos. Bebia muita coisa boa. Um privilégio, admito. Desde meus 20 anos foi assim: lautos almoços, conversas com super enólogos, uma escola em companhia de grandes entendedores e bebedores, que me serve até hoje.

Mas desses anos todos, lembro-me claramente de pouquíssimos encontros, pouquíssimos vinicultores.

Lembro-me, sim, de quão impressionada fiquei com Robert Mondavi (e a mulher dele, que tinha um paladar apuradíssimo). O casal recebeu pequeno grupo para um almoço estupendo no velho Fasano da Haddock Lobo. Assim como lembro-me da revelação que foi meu primeiro gole de Krug Clos de Mesnil, em companhia de monsieur Krug em pessoa, no La Tambouille.

Diria que a terceira grande experiência inesquecível foi ouvir falar, por uma hora, o incrível Angelo Gaja, em almoço no Pomodori uns três anos atrás. Que histórias! Que carisma! Que vinhos! Que homem!

Pois ele vai a São Paulo de novo semana que vem. Comemora 50 anos de carreira com um jantar de estourar a boca do balão. Se eu recomendo? Ora, ora.....  que pergunta!




Aqui, maiores informações, do press release:

Verdadeira lenda do vinho e maior nome da Itália, o produtor Angelo Gaja comemora 50 anos de carreira com um jantar exclusivo no Hotel Emiliano no dia 31 de março, quinta-feira, às 20h30. A convite de Ciro Lilla, o carismático italiano – eleito diversas vezes o “Homem do Ano” por revistas como Decanter e Wine Spectator – vem ao Brasil para falar ao público de sua trajetória e do que mudou no mundo do vinho nas últimas cinco décadas. No evento, ele também apresentará algumas de suas melhores criações, seis grandes vinhos, especialmente selecionados para a noite.

Angelo Gaja assumiu a prestigiosa propriedade familiar em 1961, aos 21 anos. Percebeu que os principais problemas da região eram a má qualidade das uvas e as técnicas rudimentares de vinificação utilizadas até então. Deu início a uma grande revolução no panorama do vinho italiano e, com genialidade e perfeccionismo, conseguiu talhar vinhos finíssimos e repletos de elegância, e colocar o Barbaresco entre os grandes vinhos do planeta.

Gaja é único produtor a receber as “quattro stelle” do guia Gambero Rosso, para o qual o produtor, “rei do vinho piemontês, e do vinho italiano em geral”, “construiu um verdadeiro mito enológico”. Mesma opinião tem a Wine Spectator, que afirmou que “em pouco menos de vinte anos, Gaja conseguiu fazer o que não havia sido feito em mil anos”.

Os vinhos de Gaja “são verdadeiras ‘obras de arte’, que valem cada centavo que custam”, segundo o crítico Robert Parker. Seu emblemático Barbaresco é um dos maiores ícones do vinho italiano, com uma assinatura única, apresentando enorme elegância e complexidade e longo potencial de envelhecimento. Prestígio equivalente têm seus maravilhosos Nebbiolo de vinhedo: Sorì San Lorenzo, Sorì Tildin e Costa Russi, em Barbaresco, e Conteisa e Sperss, em Barolo. Darmagi é o grande Cabernet Sauvignon de Gaja, enquanto o Sito Moresco é um classudo corte de Nebbiolo, Merlot e Cabernet. Seus brancos piemonteses têm grande classe e complexidade, em especial o Gaia&Rey, um fantástico Chardonnay.

O produtor também possui duas reputadas propriedades na Toscana, elaborando tintos tão elegantes como seus piemonteses. Em Pieve S Restituta, produz dois excelentes Brunello di Montalcino e em Ca’ Marcanda, na região de Bolgheri, faz três ótimos supertoscanos.

No jantar, serão servidos os seguintes vinhos de Gaja:

Alteni di Brassica Langhe Sauvignon Blanc 2008
Ca'Marcanda DOC Bolgheri 2006
Barbaresco 2005
Sperss Langhe Nebbiolo 2005
Conteisa Langhe Nebbiolo  2001
Brunello di Montalcino Sugarille 2000

Os vinhos serão acompanhados por um menu especial composto por:

- Vieiras marinadas com limão siciliano e amêndoas tostadas
- Polenta mantecata com ragú de cogumelos e trufas
- Carré de cordeiro com brasato de feijão branco
- Tartine de manga gratinado com zabaglione de vinho pasito

Todos os participantes ganharão um exemplar do livro “A arte de fazer um grande vinho”, de Edward Steinberg.

21.3.11

Four Seasons Park Lane, em Londres: hotel ressurge depois de mega-reforma


Londres tem vivido uma época dourada na hotelaria. Não só há uma série de cinco estrelas com inauguração prevista para 2011 – entre eles o 45 Park Lane, quase vizinho ao Dorchester – como alguns velhos clássicos voltaram à cena mais luxuosos do que nunca e, principalmente, antenados com os gostos atuais.

Há algum tempo, neste espaço, contei da reinauguração do The Savoy, um ícone londrino que passou por uma metamorfose multimilionária. E agora há pouco foi a vez do relançamento do Four Seasons Park Lane, que havia sido fechado em 2008 para extensas reformas.

Muita coisa mudou para melhor. O spa foi do porão para o décimo andar e tem super vistas para o Hyde Park e janelões panorâmicos, por exemplo. O número de quartos foi reduzido: agora são 192, além de 45 suítes de diversos tamanhos (algumas com lareira e terraço).



O restaurante, Amaranto, tenta uma fórmula nova e fluida: cada um come mais ou menos formalmente, no horário que quiser, podendo até escolher um de três ambientes diferentes – não é preciso reservar. Um híbrido de lounge e restaurante, de menu italianado, tocado por chef trazido de Roma.

Four Seasons Park Lane: Hamilton Place, Park Lane, Tel. 44 (20) 7499-0888

17.3.11

GQ Brasil será lançada com festão dia 23 de março



Pronto, acabou o segredo: sumi porque aceitei um convite para fazer parte da equipe da nova revista GQ Brasil, que sai nas bancas.... semana que vem!

Proud moment... :)

15.3.11

É hora de ir para a cabane à sucre aqui no Québec: a primavera chegou!



Muitos costumes dos québecois ficam Lost in Translation. Quem é de fora simplesmente nunca ouviu falar. Exemplo: a mania de correr para as cabanes à sucre tão logo comece a primavera.

Como dá para adivinhar pelo nome, são, literalmente, cabanas de açúcar, ou cabanas no meio de florestas onde eles recolhem a água das érablières (ou maple trees), depois fervem e fervem e fervem até reduzir aquilo a um xarope, o famoso maple syrup.

Tradicionalmente, nesta época do ano, a família vai a uma cabane (hoje há muitas, virou programão turístico) e come até explodir. Porco, feijão com maple syrup, torta de carne de veado, torta de nozes, torta de maple syrup, sopa de ervilha com bacon... uma coisa assim super light! :)

Hoje em dia, há duas cabanes hype, que renovaram completamente a tradição. Uma, que é a top de todas, é a do chef cult Martin Picard - mas essa só vou mostrar depois, em vídeo. A outra é uma pseudo-cabane que de cabane não tem nada, em pleno bairro antigo de Montréal, o Vieux Montréal.

Chama-se La Cabane. Na verdade, um hangar onde puseram um  monte de arte inspirada nas florestas daqui e servem pratos inspirados nos clássicos das cabanes, mas em versão totalmente 2011.



Fui a essa cabane "hype" semana passada, quando caiu uma linda nevasca, e fiz um vídeo, para quem tiver curiosidade.... (e aqui, link para meu report prato-a-prato do jantar na La Cabane)

12.3.11

Hotel Gansevoort Park, em Nova York: novidade perto do Eataly e do Ace




O hotel Gansevoort do Meatpacking District muita gente já conhece – até eu já fiquei lá, anos atrás, em um quarto com vista pro Pastis e pro Rio Hudson. Hotel meio de balada, no miolo mais agitado do  bairro.

Mas pouca gente conhece o novo Gansevoort Park Avenue, seu irmão caçula. Abriu há poucos meses na rua 29 esquina com Park Avenue, em um pedaço que nunca foi muito atraente mas agora está começando a mudar de figura. Uns chamam de Park Avenue South (mais chique), outros, de Koreatown. E, de fato, trata-se de um pedaço híbrido, nem uma coisa nem outra, que ainda está se encontrando.

A rua 29 é a mesma do Ace, pra mim o hotel mais cool de Nova York (0nde fica o John Dory Oyster Bar do qual falei no último post….)

Logo ao fazer o check-in percebi: não há dúvida que este é um hotel-butique, no sentido de ser moderninho e badalado, um entra-e-sai initerrupto de gente jovem, música lounge tocando, lobby escurinho com móveis oversize:





Meu quarto era bastante bom, mesmo sendo dos menos caros:





E tinha um banheiro com baheira gigante:




Minibar com bela “curadoria”: laricas bem selecionadas, garrafas tamanho adulto, brincadeiras do tipo “intimacy kit”.



Dock para iPod já virou um luxo básico, disponível em quase todos os hoteis, mas no Gansevoort eles fornecem também o iPod, já carregado de música. Bacana…




Achei divertida a plaqueta de “não perturbe”:



O café da manhã, quando estive lá, era servido no bar da cobertura, nada confortável:







Mas agora já estão servindo breakfast no restaurante Asselina, anexo ao lobby  – bem melhor!

Pelo menos, pra compensar o desconforto de tomar café diante de uma mesinha baixa de bar, e ainda por cima em copos de papel ao invés de xícaras, na cobertura a vista é bonita…




E dá pra dar uma espiada na tão falada piscina (meio mirradinha perto do que haviam me descrito):




À noite, o Gansevoort Park Avenue bom-ba! Cheguei lá pela meia noite e meia de meu jantar e passei lá na cobertura pra ver o que rolava. Minha nossa Senhora, centenas de pessoas de copos em mãos, som alto, balada forte. E o bar é imenso, inclui várias salas que eu tinha visitado durante o dia:






Pensei dois segundos se me animava a ficar ali, na muvuca, mas logo apertei o botão do elevador: era tarde, e outro dia de longas comilanças me esperava….

Gansevoort Park Avenue Rua 29 esquina com Park Avenue, tel. (212) 317-2900

Aqui, link para todos meus vídeos de hotéis em Nova York...

Hotel Intercontinental Times Square, em Nova York: ótimo negócio!


 Fotos: divulgação

Vivo pingando de hotel em hotel. Não só é meu trabalho, como acho fascinante. Sempre que vou a uma cidade marco três, cinco visitas, e me levam a ver vários quartos, para conhecer, comparar.

Fiz isso recentemente em Nova York. Já contei (e mostrei) um pouco do Gansevoort Park, e também do The Surrey, mas a verdade é que a grande surpresa da viagem não foi nem um nem outro, mas sim um hotel que descobri meio por acaso no dia em que eu ia embora.

Me falaram para ir dar uma olhada no novo Intercontinental do Times Square e, confesso, não botei muita fé. Hotel de rede… bem naquele miolão bagunçado da Times Square…. Mas fui mesmo assim -- não se deve fazer julgamentos sem ver com os próprios olhos.

Pois bem: eu estava errada ao esperar pouco. O hotel é show! Não só isso como tem uma penthouse suite de babar, a mais bonita e sexy que já vi na vida! Sei que trata-se de uma afirmação grandiosa, por isso resolvi mostrar para vocês, em fotos em vídeo. Tem uma tal lei que proíbe a construção de edifícios de mais de 9 andares em um pedaço de Manhattan que, para sorte do hotel, fica bem em frente a ele.

Resultado: o hotel tem algumas das vistas mais espetaculares da cidade!






Show, não?
 
Intercontinental Times Square: 300 West 44th St., tel. (212) 803-4500


11.3.11

Hotel novo em Londres: Corinthia, com vista para o Big Eye


Se eu contasse para minha irmã quantos hotéis andam abrindo em Londres – onde ela mora – de bate-pronto, ela responderia: “it’s the Olympics, stupid”.

Savoy, Four Seasons, etc etc etc.

De fato, só pode ser isso mesmo: as Olimpíadas 2012 impulsionando as inaugurações. O fato é que nunca vi tantos hotéis abrindo em Londres na mesma época. Uma verdadeira enxurrada!




O último da leva? O lindinho Corinthia, com pinceladas de verde-ervilha, chique, de frente para a roda-gigante London Eye.


Vi as fotos. Gostei muito. Agora, resta fazer o test-drive!


Corinthia Hotel: Whitehall Place
Tel: +44 (0) 20 7930 8181
E-mail: london@corinthia.com

9.3.11

Chefs José Avillez e Vitor Sobral opinam sobre a crítica gastronômica portuguesa

chef Vitor Sobral, estrela-mór da cozinha portuguesa


Recebi agora cedo um email que me chamou a atenção. Acontece, no fim deste mês em Lisboa, um fórum gastronômico organizado pela ACPP - Associação de Cozinheiros Profissionais de Portugal. E entre um evento e outro, marcaram para o meio dia do 29 de março um "debate" descrito assim:


"A crítica Gastronómica em Portugal” - Manuel Gonçalves da Silva, José
Avillez e Vitor Sobral (Aprox. 30 min)"

Trinta minutos?! Ora.... isso não vai dar nem para o cheiro! Se gastarem dez minutos apresentando os chefs - que são as duas maiores estrelas de Portugal - sobrarão vinte para tratar de tema dos mais espinhosos. Primeiro, duvido que Avillez ou Sobral tenham vontade de dizer o que realmente pensam sobre nós críticos. Segundo, se quisessem dizê-lo, certamente precisariam de mais do que alguns minutos!

Quem conduzirá o bate-papo será o crítico gastronômico Manuel Gonçalves da Silva. Ele começou no jornal Diário Popular no ano em que eu nasci. Ou seja: experiência não lhe falta. Entre muitos outros trabalhos, escreveu sobre gastronomia para Casa Claudia, Exame e Visão, além do guia de restaurantes Repsol.

Chef José Avillez


Sem querer desmerecer o nobre objetivo de levantar a questão sempre tão controvertida do papel e da valia do crítico, atrevo-me a dizer que muito do que pensa o Manuel já foi dito no ótimo fórum online português Nova Crítica-Vinho, onde ele escreveu o seguinte:


"Hoje escreve-se muito, em todo o lado, mas quase sempre mal, porque em mau português e de um modo geral sem uma abordagem séria das questões. O restaurante é apresentado como um lugar mais ou menos da moda, onde o desgin corresponde ao perfil da clientela e a comida também, seja isso o que for. Há outra escrita, feita por bons profissionais do jornalismo e da gastronomia, mesmo sendo embora autodidactas nesta matéria – José Quitério, David Lopes Ramos, Duarte Calvão e pouco mais – que assinam textos substanciais. Posto isto, direi: ainda bem que há tudo isso. O leitor dispõe agora de informação, cuja qualidade lhe compete avaliar. A grande diferença em relação ao passado recente é a informação disponível, parte da qual irrelevante, é certo, mas alguma com categoria. As pessoas aprenderão, com o tempo a escolher o trigo do joio.

Fragilidades, no jornalismo gastronómico e na crítica gastronómica, há muitas. Estes géneros do jornalismo são considerados menores. Raramente têm espaço próprio a que seja dado o devido relevo e quase nunca são exercidos em exclusividade. Por outro lado, da parte de quem de quem escreve nota-se a falta de contacto estreito com a realidade – o mundo da cozinha e da restauração –, a superficialidade da análise (pelo motivos anteriores, ou seja, as limitações do espaço, conjugadas com o insuficiente conhecimento da realidade) e alguma imprecisão ao nível dos conceitos em textos que, ora são meramente descritivos, ora críticos. 


Obviamente, o jornalismo gastronómico não tem a importância que devia ter! Nem de perto, nem de longe. E não admira. Quantos decisores ou responsáveis dos Órgãos de Comunicação Social sabem comer? Repare-se neles quando vão aos restaurantes: onde é que vão, como é que estão e o que é que comem? Reflexos do tal problemazito cultural…"


Eu discordo de algumas coisas ditas pelo Manuel, a começar pela afirmação de que o jornalismo gastronômico é considerado menor. Era, Manuel, era.... Hoje, já não - pelo contrário, os críticos ganharam uma força tremenda com a disseminação da internet. 

Para não me alongar muito, deixo um link de um texto meu que explica melhor o que quero dizer com isso, publicado no portal Vida Boa. 


Aqui neste link, o site oficial da ACPP com maiores detalhes sobre o Fórum.

A ficha de inscrição pode ser pedida por email: acpp@acpp.pt (ao cuidado de Marina Oliveira).

2.3.11

Restaurante hype em Nova York: The Lion, no Village



Tem gente cujo bom gosto é tão óbvio que eu nem titubeio ao receber alguma dica: confio cegamente. É o caso da linda jornalista Kim McLoughlin, super entendida de gastronomia, que conheci na Finlândia no ano passado. Ela tem um portal chamado Red Visitor repleto de dicas de viagem (em inglês) que eu vivo consultado para saber as últimas.
Ontem, li ali sobre um novo restaurante em Nova York que anda super badalado, chamado The Lion. Pela descrição, me pareceu ser a versão 2011 do  The Waverly Inn, que foi a coqueluche de 2008. Na época, descrevi o Waverly assim:
Se na sua próxima ida a Nova York você conseguir uma mesa no pequenino restaurante The Waverly Inn, considere-se importante. Desde os anos 70, quando todo o who’s who jantava no lendário Elaine’s, não se via um lugar tão exclusivo. Sequer número de telefone tem, para afastar os zé-ninguéns. O fenômeno é tal que mereceu matéria no The New York Times: “Em qualquer noite o restaurante recebe uma combinação de bilionários, estrelas de cinema, intelectuais e estilistas, e quiçá um astro de rock ou lenda do esporte.” Por trás do restaurante está o jornalista Graydon Carter, diretor de redação da Vanity Fair.
Não sei se o The Lion vai chegar a tanto, mas os elementos em comum são muitos. Ambos ficam no Village. Ambos homenageiam clássicos americanos no menu (hambúrguer, cheesecake, etc) e também no décor. Ambos têm arte muito boa nas paredes (no caso do The Lion, quadros de Basquiat e fotos de David La Chapelle). Ambos privilegiam a clientela famosa e vip sem pedir desculpas – no caso do The Lion, os reles mortais comem no porão, enquanto a sala de jantar mais bonita fica reservada só para aqueles-que-não-querem-ser-vistos.

The Lion – No.62. West 9th Street, West Village, tel. 1 (212) 353 8400

A chef Roberta Sudbrack no Ferreira Café, em Montréal




Apesar da fama de francesinha das Américas, o que Montréal tem de melhor não são apenas os restaurantes afrancesados, mas também os portugueses. Frango grelhado nota mil no Chez Doval, cozinha tradicional e generosa na Casa Minhota e, para aquelas noites mais especiais, o Ferreira Café.

Às vezes, para explicar o Ferreira Café, acabo comparando-o ao Antiquarius mas na verdade… o lugar não é bem como o Antiquarius paulistano, que anda meio caidinho. O restaurante tem em comum com o Antiquarius do Rio, aí sim, o fato de serem considerados os melhores portugueses de suas respectivas cidades (embora uma amiga tenha me contado que o bacalhau do Antiquarius carioca também já viu dias melhores).

Embora seja portuguesíssimo, o Ferreira tem uma vibe que lembra mais um Gero: homens de negócios, gente conhecida, etc. Música alta, escurinho, uma ou outra beleza bebericando um vinho no bar à espera do namorado. Ah, sim: o Ferreira tem também garçonetes très mignonnes sempre de vestidinho curto e justo, como gostam os… homens de negócios.

A cozinha não tem grandes pretensões mas é sempre boa. O chef açoriano sabe grelhar sardinha sem deixar passar do ponto; realçar um bacalhau com uma redução de Porto, dar cara nova a clássicos portugueses, rejuvenescidos. A melhor sobremesa que já provei lá? Bolinho de figo com sorvete de batata doce e especiarias casado com um senhor porto Tawny da Quinta do Vallado.

O melhor prato? Caldeirada de arroz e frutos do mar repleta de nacos suculentos de lagosta:




Até o pastel de nata vem à mesa vestido para festa, uma metade montada sobre a outra, quenelle de sorvete ao lado. Mas, confesso, eu prefiro meu pastel de nata sem nada “para atrapalhar”…. :)




O dono do lugar, lógico, é portuguesíssimo: Carlos Ferreira é praticamente o embaixador de Portugal neste país:



Já fui n vezes ao Ferreira. Por que falar dele hoje? Porque uma super chef brasileira, a Roberta Sudbrack, do restaurante homônimo, cozinhou lá na semana passada, como parte do importante Highlights Festival, que este ano homenageia as mulheres (chefs, vinicultoras, sommelières, etc).


Estive lá para o jantar - lógico! - e comi como rainha. Era especialmente de lamber os dedos (sim, porque comi com a mão) esse canudinho super crocante recheado de maçãs assadas, que era para ser passado no molho de caremelo e na "farofa" de pistache que vinham junto. Nham!



Vejam minha reportagem com ela, quando fomos às compras pelos mercados de Montréal:





O Festival, agora já foi…. Resta guardar a dica do Ferreira Café, para a próxima vinda a Montréal!

Ferreira Café: Rua Peel, 1446, Montreal, tel. (514) 848-0988


Aqui, o link para o post mostrando a chef fazendo pescaria no gelo em North Hatley, a uma hora de Montreal.

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