22.11.10

Chegada em San Sebastian, na Espanha, onde reina o chef Juan Mari Arzak

Chef Juan Mari Arzak na cozinha de seu restaurante, o Arzak

Nossa, como o tempo voa... acabo de desembarcar em San Sebastian, no País Basco. Estou animada, ansiosa, contando as horas, porque acho que vai ser uma semaninha espetacular.

E quem diria: eu estive aqui há apenas um mês e meio, em uma passagem-relâmpago, pra jantar no famoso três estrelas Michelin Arzak com minha amiga Marie-Claude Lortie. Chegamos à tarde, largamos as malas, trocamos de roupa e duas horas mais tarde fazíamos um tour da cozinha experimental do chef Juan Mari Arzak (o grande padrinho e mentor dos principais chefs de vanguarda espanhóis) e da filha e braço-direito Elena:








Amoras falsas e verdadeiras: impossível adivinhar qual é qual!
Nada é por acaso: o complicado caderno de notas de Juan Mari e Elena

Detalhe da vasta "biblioteca" de temperos e especiarias do mundo todo


O jantar foi muito bom, mas começou meio estranho, com o sommelier não entendendo muito bem o que a gente queria (um vinho diferente com cada prato) e teimando em servir-nos Txakoli, o branco local. Mas foi só o próprio Juan Mari Arzak aparecer que a coisa mudou de figura no mesmo instante. Ele veio à mesa, cumprimentou-nos com a habitual simpatia e perguntou:

"Hombre, como vai? Tá indo tudo bem?", e eu:

"Er..... hããn... tá indo ok, mas o vinho poderia estar melhor". Foi a senha pra abrirem-se as portas do paraíso e daquele ponto em diante o serviço melhorou mil por cento, e o sommelier subitamente compreendeu que a gente não estava ali a passeio. :)


Comemos, entre outras coisas:

Patata, bogavante y copiba

Lagosta em uma casquinha feita de batata com molho à base de copaíba, uma árvore amazônica de onde se extrai o óleo, que Arzak descobriu graças ao Alex Atala. Foi o melhor da noite.



CRÓMLECH Y CEBOLLA CON TE Y CAFE

Uns "menires" curiosíssimos, semi-ocos e frágeis, parecendo batatas souflées, só que feitos de mandioca e huitlacloche, o fungo que os mexicanos adoram. Desintegrava-se na boca, revelando um untuoso foie no recheio. Inesperados e saborosos farelos de chá e de café completavam o prato.

Mas a brincadeira visual mais incrível de todas era esta, as mignardises em forma de "oficina":




Já era uma da manhã quando passamos ao bar, onde entrevistamos Arzak e sua filha (e parceira na cozinha) Elena até 2 ou 3 da manhã. Mas essa conversa vou guardar pra Prazeres da Mesa... :)



Ao final, Arzak, eterno gentleman, ofereceu:

"Querem que eu leve vocês pra comerem uns pintxos amanhã?"



Nem pensamos duas vezes, óbio. "SIM!" E logo estava marcado nosso tour-privê com chef Arzak.



No dia seguinte, chovia cântaros. Passamos de táxi no restaurante pra pegar Juan Mari, que já nos esperava debaixo de um toldo, a cabeça toda molhada de chuva. O taxista arregalou os olhos e perguntou:

"Nossa, mas é o próprio Juan Mari?!" 

Achamos a maior graça no espanto do homem e, nos sentindo super privilegiadas, apanhamos Juan Mari e seguimos pro Centro Velho de San Sebastian.

O tempo era curto, então só dava pra dar uma passada em um lugar de tapas moderninhas, e outro bem clássico. Os favoritos de Juan Mari. Mas isso já é tema pro próximo post....

E mais San Sebastian:

Gastronomika: a programação completa 
O incrível restaurante Mugaritz, do chef Andoni Aduriz 
Dois ex-cozinheiros do Mugaritz mudam-se para São Paulo para comandar o novo Clos de Tapas


2 comments:

  1. Oi Alexandra,tanto ano nesta vida e só me interessei hoje por "entrar" no seu mundo. Cheguei a tempo e não saio mais. Bom comentário, excelente objectiva crítica e um grande "savoir faire". Fiquei fan, tem de vir a Portugal experienciar o topo da grande cozinha dos autores Lusos. bj Octavio Costa

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  2. Puxa Octavio, que coisa otima vc ter virado leitor do Boa Vida, seja sempre bem-vindo e claro que irei a Lisboa, acho q ja em abril, inclusive! :)

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