18.7.10

Bar Boulud em Londres, no hotel Mandarin Oriental: ponto pro Daniel Boulud!

Quando comecei a escrever sobre grandes chefs e gastronomia, no início dos anos 90, o rei do mundo chamava-se Alain Ducasse (acima). Tinha mais estrelas Michelin do que qualquer de seus concorrentes. Só abria restaurantes de sucesso. Mas.... o que o tempo não faz... Desde então, Ducasse sofreu algumas derrotas bem doídas – especialmente o fracasso de seu primeiro restaurante gastronômico em solo americano (de frente para o Central Park) e o semi-fracasso do segundo, chamado Adour. Pouco depois, Joël Robuchon desencanou da aposentadoria precoce e entrou de novo na corrida, abrindo uma série de Ateliers com seu nome e abocanhando várias estrelas pelo caminho. E hoje, o único chef que ameaça seu posto de chef mais estrelado e poderoso do mundo não é mais Alain Ducasse, e sim Daniel Boulud.





  Daniel, francês radicado em Nova York, está com a bola toda. Fez seu nome com o restaurante homônimo, bastião do Upper East Side, o bairro mais chique e conservador da cidade – e que recentemente conquistou a tão almejada terceira estrela Michelin. Hoje Daniel tem restaurantes também no Midtown e no West Side – onde fica o Bar Boulud, especializado em vinhos em taça e boas charcuteries. De dois anos para cá, o chef arriscou abrir algo mais informal em Downtown, onde modas e gostos são outros. Sua brasserie DBGB está entre os principais atrativos da rua Bowery – que era barra-pesada mas hoje virou super hype - quase ao lado do badaladíssimo Bowery Hotel. Um sucesso estrondoso.

  Agora, Daniel deu seu primeiro passo na Europa: abriu, em maio, uma filial do Bar Boulud em Knightsbridge, no chiquíssimo hotel Mandarin Oriental.


Eu estive lá literalmente no primeiro dia de funcionamento, quando Daniel ofereceu um almoço de celebração para os vencedores da eleição dos 50 Melhores Restaurantes do Mundo (50 Best) – escrevi sobre os bastidores desse evento na última edição de Wish Report.

    Era um dia de grande importância para o chef, que estava desde cedo na cozinha, comandando tudo e – quem diria! – botando a mão na massa.



Conforme Boulud dava os toques finais aos pratos que seriam servidos – coisa rara, já que o überchef raramente cozinha hoje em dia – ele contava para mim o que significava aquela inauguração. “Não só  hoje eu tenho a plateia mais exigente do mundo, como o restaurante sequer está pronto, eu queria ter tido uma semana para ensaiar”, disse. “Mas isto aqui antes de mais nada é um bistrô, e sei que eles querem algo casual e gostoso. Comida de chef, não comida de cliente: simples e tradicional e nada fancy. Soul food. Então acho que vão gostar”.

    O “simples” de Boulud, claro, não é exatamente o que se costuma chamar de simples. O Bar Boulud serve plateaus de frutos do mar de onde pendem pinças de lagosta e enormes camarões:



Outra especialidade: esplêndidos frios e embutidos, terrines e patés.



O altíssimo padrão é garantido por Gilles Verot, um dos maiores charcutiers da França e fornecedor oficial do Bar Boulud. Especialmente denso e complexo estavam o pâté grand-père (múltiplas camadas contendo foie gras, jus de trufa, vinho do Porto e figo), e o pecaminoso rillon (barriga de porco frita e ultra crocante). Adorei as fotos falsamente antigas nas paredes, a cozinha aparente e a “arte” bolada por Vik Muniz, grande amigo de Daniel: fotos enquadradas de manchas de vinho em guardanapos.










   Mesmo sendo um nome que associamos, sempre, a Nova York, Daniel Boulud já virou peça chave da cena foodie londrina. Para quem for a Londres, digo sem medo de errar: uma reserva no Bar Boulud é fundamental. Até o peixe ao vapor estava maravilhoso!







Bar Boulud: hotel Mandarin Oriental, 66 Knightsbridge Rd., Londres, tel. 44-2- 7235-2000, http://www.mandarinoriental.com/london/

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