Logo e slogan de movimento encabeçado pela chef Mônica Rangel |
Os números que medem a audiência deste blog não mentem: falar do chef Paulo de Barros e seus restaurantes dá muito ibope. Medir um restaurante de São Paulo contra outro, mais ainda.
Já discutir os rumos da gastronomia brasileira................. quase nada.
Mas, desculpem, mesmo sabendo que poucos estão interessados, insisto porque o tema é importante.
Vou resumir, não quero entediar aqueles que vêm ao Boa Vida em busca de dicas de restaurantes de NY ou São Paulo.
Mas o fato é que chegou a hora de abrirmos os olhos e prestarmos atenção no que se passa ao redor: nossa gastronomia está mostrando a cara! Finalmente, exibimos em eventos, aos estrangeiros, pratos nada estereotipados, e falamos de nossos produtos.
Um dia é a Roberta Sudbrack na França, no outro, o Rodrigo Oliveira do Mocotó, na Itália, depois, Rafa Costa e Silva, ex-braço direito do Andoni lá do Mugaritz, no país basco, que recentemente deu show em Mendoza (na Argentina). Sem falar em Felipe Bronze, que arrasou em Paris, no Omnivore. E tantos outros... finalmente!
Quem não presta atenção nessas coisas... tem que prestar, por pouco que seja, sorry... dever de cidadão.
Somos grandes, como país, mas pequenos, ainda, como potência gastronômica internacional - Peru e México nos deixam a comer poeira! (Hãn? Não souberam que Ferran e Albert Adrià estão levando a cozinha mexicana a Barcelona?! Pois leiam mais neste link).
Naqueles países, bem menos blasés, o povo apoia, o governo investe grana, o pessoal presta atenção.... enquanto daqui... pouco conhecem além de bundas, carnaval, feijoada e caipirinha.
Quando vamos acordar?
Quando vamos desencanar de comer tanto salmão chileno e cordeiro neo-zelandês, para começarmos a olhar o que temos ao redor?
Quando vamos perceber que milhões de pobres sem emprego se beneficiariam de programas que dessem valor a ingredientes criados em suas respectivas regiões?
O Alex Atala uma vez me disse, e eu nunca me esqueci: a preservação do meio-ambiente começa pelo homem, pela gente que está lá no mato sem ter do que viver. Não são só os bichos que correm perigo, mas também a gente que está lá, sem ter do que viver.... Quem já viu aqueles índios miseráveis sabe do que ele fala...
Verdade, e, quiçá, se cada leitor deste blog e das revistas de gastronomia fizerem sua parte, sem demagogismo, poderíamos avançar.
É o que espero, e me coloco a disposição da causa, com todo o meu fervor patriótico.
Até aqui, ganhamos grandes defensores, além do próprio Alex Atala.
Uma das maiores é Mônica Rangel, do restaurante Gosto com Gosto de Visconde de Mauá, que vem batalhando duramente pela promoção da causa. Em maio receberá, lá naquele lindo pedacinho de mundo que é Mauá, um representante do ministério do turismo para discutir os rumos da gastronomia brasileira, com a presença de vários outros chefs. Bravíssima!
Sua última briga? Derrubar um tolo anexo a portaria do Ministério do Turismo que diz que
em "Hotéis de 4 e 5 estrelas, as etrelas são para restaurante de cozinha internacional. Diz Rangel: "Na minha opinião, o termo “cardápio de cozinha regional ou típica” para as categorias 4 e 5 diminui completamente a importância de nossa gastronomia. Poderia ser obrigatoriedade de restaurante de cozinha brasileira e internacional o termo. Mais grave ainda, novamente na minha opinião, é o caso dos hotéis históricos, que deveriam valorizar nossa gastronomia, nossa história".
Enfim... uma longa batalha contra o status quo...
Outro bom "lutador" é o chef Felipe Bronze, que, a seu modo, mesmo provocando críticas aqui e ali por seus modos extrovertidos e sua queda pelas preparações usando nitrogênio líquido, apresenta em idas ao exterior um Brasil rico e exuberante, difícil de traduzir (melhor: eles que venham decifrar por si próprios). E amarra parcerias com grande desenvoltura.
Nem vou falar de Roberta, Rodrigo, Thiago, Morena, Alberto, Bel, Mara e tantos outros que estão nesse mesmo barco.
O fato é que o movimento, felizmente, vai pegando embalo.
Avante!
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