29.9.11

Sam Sifton, o crítico do The New York Times, deixa o cargo



Coluna de hoje no Folha Comida:


Descanse em paz, Sam Sifton



Depois de abalar a cena gastronômica, o crítico de restaurantes do jornal 'New York Times' deixa o cargo



A web tem milhões de blogs gastronômicos. A cada instante, novas toneladas de imagens mostram, bem ou mal, o que se come pelas mesas do mundo. Seria eufemismo dizer que se pulverizou o trabalho do crítico (comer fora e reportar o que se viu e provou): comentários sobre restaurantes brotam de todos os lados e metamorfoseiam-se ao serem espalhados nas mídias sociais.
No entanto, a soma desordenada dessas informações jamais igualará o poder de fogo de que gozam os críticos dos grandes veículos -dos quais o mais influente é Sam Sifton, do jornal "The New York Times".

Se a internet castigou o jornal tirando-lhe receita, em compensação deu-lhe centenas de milhares de novos leitores pelo mundo, em tempos em que comer fora e seguir chefs torna-se mania cada vez maior.

Catastrofistas definem jornais como dinossauros em extinção e, no entanto, muitos tornaram-se híbridos, cujo alcance on-line iguala-se ou supera o da versão impressa.
Em junho, Sifton desmontou com magistral habilidade o mito de que o Masa -o caríssimo restaurante japonês- seria o Olimpo do sushi.

Tirou-lhe uma estrela das quatro (cotação máxima) que seu antecessor havia dado. Seguiu-se verdadeiro maremoto na internet de reações contra e a favor, danificando para sempre a imagem do Masa.

Eis porque a crítica de jornal é mais influente e reputada: o carimbo do veículo serve de garantia de que o texto foi apurado e escrito segundo as regras do bom jornalismo.

Enquanto certos blogueiros trocam tapas e beijos publicamente com chefs e colegas e frequentemente usam seus seguidores como moeda de troca, espera-se dos críticos da mídia de primeira linha que não peçam favores, paguem a conta e mantenham uma certa reserva.

Sifton, que chacoalhou a Nova York gastronômica até a raiz desde que assumiu o posto, em 2009, era dos poucos que trabalham assim.

Suas críticas transbordavam humor e audácia, mas na troca com o público ele manteve a ordem no coreto até o fim, anunciado com um tuíte no último dia 13: "Deixo o cargo de crítico para ser o editor nacional do Times. A conta, por favor".

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