31.8.12

Chef Martin Picard serve banquete de maçãs no meio do mato


É raro eu falar aqui no Boa Vida de chefs de Montreal. Talvez porque ache que vá interessar a relativamente pouca gente no Brasil. Mas para meus favoritos eu abro exceção. E Martin Picard definitivamente estrá entre meus favoritos.

Ele não é exatamente flor que se cheire. Já me deu umas baita estilingadas. Mas é do tipo de cão que ladra mas não morde. No fundo, é um gentil gigante. E tem uma genialidade difícil de explicar.

Picard gosta de passar horas no seu sítio, a 40 minutos de Montréal, onde tem árvores de maple e produz maple syrup, além de criar porcos. Lá funciona um pop-up restaurant dele, durante algumas semanas da primavera, cujos lugares são reservados com UM ANO de antecedência pelos doidos admiradores do chef.

Pois este ano ele resolveu abrir o mesmo pop-up, pela primeira vez, no outono, que começa este fim de semana. O tema do menu outonal? Maçãs. Nem preciso dizer que no mesmo dia em que ele anunciou o plano, uns meses atrás, os lugares esgotaram-se.

Amanhã vou passar o dia lá. Mesona de dez. Depois conto...  vejam a seguir um vídeo que eu fiz em uma das minhas idas ao "sítio", ou Cabane à Sucre, com a chef francesa tri-estrelada Anne-Sophie Pic:

E mais Martin Picard:


Chef Martin Picard: quem é esse gentil gigante
O novo livro de Martin Picard
Minha descrição do livro, em detalhes, em inglês

28.8.12

Chef Iñaki Aizpitarte impressiona-se com o Brasil: "senti grande interesse pela cozinha"

Chef Iñaki Aizpitarte colhendo musgos

Nunca vi tantos estrangeiros querendo ir para o Brasil... para comer! Cada dia ouço falar em algum chef renomado que está de passagem marcada ou acabou de voltar. O Jordi Roca, pâtissier-gênio, passou os últimos dias em Tiradentes, Minas Gerais. Daniel Boulud outro dia mandou um tweet enquanto jantava no Oro de Felipe Bronze. E logo antes disso, o controvertido Iñaki Aizpitarte, chef-proprietário dos dois lugarzinhos mais cool de Paris (Le Chateaubriand e Le Dauphin), esteve no Rio e em São Paulo.

O jovem Thomas Troisgros foi seu cicerone e digamos que os dois... divertiram-se a beça. Teve tarde de sábado no Mocotó que emendou com galinhada no Dalva e Dito, e muito, muito mais.

Fiquei curiosa para saber as impressões do chef parisiense, então liguei para ele. Ouvi o seguinte:

"Incrível como o Brasil mudou desde minha última visita, nove anos atrás. Senti um movimento, um grande interesse pela cozinha, há dinheiro e as coisas encareceram muito, os preços são quase como os de Paris! Adorei o Mocotó, onde comi uns ótimos cubos de tapioca, o chef me deu a receita e vou testar aqui. Fui ao D.O.M., claro, que é a referência, e provei várias coisas que me impressionaram. Achei especialmente fantástico o arroz negro crocante, e o abacaxi com formigas que ele serve como uma espécie de trou normand. Me levaram também a uma churrascaria onde me pareceu absurdamente rápido o ritmo com que nos serviam as carnes".

Iñaki é um chef curioso. Parece meio arredio, quiçá até grosso a quem não o conhece. Mas é só fachada: ele é simples, direto, nada fresco. Jantei em seus dois restaurantes uns meses atrás, para escrever uma matéria na revista GQ:

 
Se eu tivesse que resumir minhas impressões do tão falado Le Chateaubriand, diria que é apertado, charmosamente francesinho, caloroso, com garçons apressados e às vezes bruscos. O menu degustação é cheio de personalidade, de misturas inusitadas, umas bem-sucedidas, outras menos. O prato de queijos é matador. Boas sobremesas.

Já o Le Dauphin é ainda mais barulhento, ainda menor. Pouco cômodo, em suma. Arquitetura famosamente assinada por Rem Koolhas (leia-se: mármore branco everywhere). Aqui não há menu degustação, mas sim vários pratinhos. Foi a grande surpresa da minha viagem, tudo o que provei estava espetacular. Por isso escolhi um prato do Le Dauphin para abrir a matéria da GQ (acima, ostras com cenouras e beterrabas curtidas). Aqui também notei parelhas estranhamente felizes de ingredientes raramente casados, como uni e picles; peixe cru e repolho roxo; sopa de couve-flor e ostras. Pode soar estranho, mas na boca é só alegria.

Tem viagem marcada para Paris? Anotem minha lista bistronomiques, incluindo os do Iñaki, onde a boa comida compensa o aperto:

Chatomat
Apertado, minúsculo, fora de mão, serviço de poucos amigos mas.... comida absolutamente deliciosa e descomplicada, focada nos ingredientes.
6 rue Victor Letalle, tel. +33 1 47 97 25 77

Le Chateaubriand
A alta cotação no ranking dos 50 Melhores Restaurantes do Mundo elevou demais as expectativas. Vá esperando um bistrozinho de bairro um tanto bagunçado mas que serve menus-degustação transados e instigantes. E reserve com muita antecedência.
129 Ave. Parmentier, tel. +33 1 43 57 45 95

Le Dauphin
Segundo bistronomique do Iñaki, serve pratos pequenos (prove pelo menos quatro ou cinco) em ambiente ainda mais apertadinho e ruidoso. Grandíssima cozinha!
131, avenue Parmentier, tel: + 33 1 55 28 78 88

Ze Kitchen Galerie
Um dos favoritos da crítica gastronômica carioca Constance Escobar, em cujo taco confio. Para ela, o chef William Leudeuil “sabe ousar sem se perder e preocupar com modismos”.
4 rue des Grands Augustins
tel. +33 1 44320032
http://www.zekitchengalerie.fr

E mais Iñaki Aizpitarte no Boa Vida:

Testando restaurantes em Paris, março de 2012: restagrams
Os "bistronomiques" de Paris: um pouco de background

21.8.12

Chef Alex Atala no TEDx Campos: vídeo da palestra



Mais Alex Atala, hoje no blog... É que queria dividir com vocês esse vídeo que soltaram ontem: a palestra que ele deu em junho no TEDx em Campos do Jordão, na íntegra.


20.8.12

Restaurantes de São Paulo no Eater e na Travel + Leisure





Nunca me pediram tantas recomendações de restaurantes em São Paulo. Os pedidos chegam via Twitter, quase sempre: uma ora, é um dono de um café escandinavo, na outra, um chef inglês, e por aí vai. Outro dia, o pedido veio do Gabe Ulla, do blog Eater. Respondi e, três horas depois, minhas dicas tinham ido parar online...

Impressão minha ou tem cada vez mais gringos indo comer em São Paulo?

Que o interesse aumentou, isso é certo. Hoje, por exemplo, dei uma olhada na matéria sobre São Paulo publicada pela revista americana Travel + Leisure. No geral, achei ok, embora dê para ver que foi escrita por uma gringa que pediu dicas às pessoas certas.

Ela chama a galerista Raquel Arnaud de "newcomer" e diz que no restaurante Fasano "the creative set gathers" (!!!!). Creative set no Fasano?!

Estão também péssimas as descrições de alguns dos pratos: mocofava  virou "cow-hoof soup with sausage", enquanto o pastel de bacalhau da Praça Benedito Calixto foi traduzido como "light and crisp codfish turnover". Sim, sim, tão "light" quanto um torresminho.... :)

Enfim: o importante é ver que São Paulo está virando um destino turístico de peso, em boa parte por causa da curiosidade em torno de sua gastronomia e seus chefs de talento. E isso me faz feliz.


Chef Abraham García do Viridiana, em Madri, cozinhará no Eñe esta semana

Chef Abraham Garcia, do Viridiana, em Madri


Como toda pessoa viciada em Twitter, Instagram e quetais, tenho muitos amigos virtuais. Gente que, como eu, não se cansa de falar de comidas e vinhos. Ao longo dos anos, vou conhecendo melhor essas pessoas, às vezes até nos encontramos "de verdade", no mundo real, e nos tornamos amigos.

É o caso de dois grandes conhecedores de gastronomia e vinhos espanhois, o Victor de la Serna (@VictordelaSerna) e o Pedro Espinosa (@espilva). Trocamos impressões de restaurantes e chefs há muitos anos e ao longo desse tempo tornei-me admiradora de ambos.

Pois eles dois me escreveram no Twitter perguntando se eu estava sabendo que o chef Abraham García está no Brasil.

Primeiro: não sabia. Segundo: por algum motivo, esse chef nunca tinha me chamado a atenção, nem o restaurante dele, Viridiana, em Madri. Mas, se eles estavam me alertando para a importância da ida do chef García a São Paulo e ao Rio, achei que convinha pesquisar.

Fui direto ao site do crítico gastronômico espanhol Carlos Maribona, em quem confio muito. O Viridiana, na opinião dele, é o 11o melhor restaurante de Madri. Diz ele:

"Nem sempre se trata Abraham García com justiça. Os "modernos" acusam-no de antigo, esquecendo quem foi o primeiro a levar a Madri a genuína cozinha fusion. Apesar disso ele segue em frente, com uma cozinha pessoal e autêntica, às vezes bem contundente, que é reflexo de sua exultante forma de ser e que, como ele próprio, não pode deixar ninguém indiferente."

Nada como um bom crítico para resumir em quatro linhas um homem e seu estilo de cozinhar.

Guacamole de manga com vieiras defumadas, na chapa,
um dos pratos que Abraham García servirá no Eñe


Pois então: a quem interessar possa, Garcia cozinhará amanhã e quarta-feira no Eñe paulistano, e quinta-feira (23 de agosto) no Eñe carioca. Reproduzo abaixo o menu, em espanhol (a tradução no press release em português está bem ruinzinha....)


Gazpacho de fresas con arenques del Báltico marinados

Guacamole de mango con vieiras ahumadas a la plancha

Lomo de pez espada con “papas aliñás” al buen gusto andaluz

Rabo de toro estofado al amontillado (trigo salteado al azafrán con uvas pasas silvestres)

Arroz con leche al lemon grass con un toque de chocolate amargo y habas de tonka

Helado de roscón de reyes a la flor de naranjo
(roscón de reyes é um pão doce em forma de rosca tradicionalmente feito no dia de reis, e na Páscoa, enfeitado com lascas de amêndoas e frutas cristalizadas, e que nesse caso terá um toque de flor de laranjeira e servirá de ingrediente principal em um sorvete).




Menu degustação Abraham Garcia
21 e 22 de agosto de 2012
Restaurante eñe São Paulo
R. Doutor Mario Ferraz, 213, Jardins, São Paulo
Tel. 11 3816 4333

23 de agosto de 2012
Restaurante eñe Rio de Janeiro
Av. Prefeito Mendes de Moraes, 222, São Conrado, Rio de Janeiro
Tel. 21 3322 6561
www.enerestaurante.com.br

15.8.12

Dabbous, Koya, etc: os melhores restaurantes de Londres



Já disse isso na Folha e em outros lugares, mas repito: Londres, hoje, é uma das melhores cidades do mundo para quem gosta de comer bem. Cada vez mais multiétnica, a mistura de povos reflete-se no mix de restaurantes: come-se maravilhosamente bem em todas as línguas e tribos. Há desde udons (macarrões japoneses) esplêndidos no Koya, a curries melhores do que os servidos em Mumbai; de alta gastronomia super descompromissada servida em pérolas como o Dabbous a lugarzinhos ultra-casuais dando show de perfeccionismo (o Albion é um). O fio condutor que os une: reverência quase religiosa ao ingrediente de primeira, de preferência inglês, e servido sem disfarces.

restaurante CUT, especializado em carnes, do celeb-chef Wolfgang Puck



Nesta minha última ida a Londres, quase não tive decepções. O único lugar que experimentei e não gostei muito foi a "churrascaria" chique do Wolfgang Puck, chamada CUT. Comida boa mas caríssima, climinha estranho, de lugar onde só vai gente em expense account. Metido a besta, em suma. Também não sairia da rota para comer o brunch do Bistrothèque que achei muito normalzinho para justificar o longo trajeto de táxi.


Mas outros todos onde fui comer estavam ótimos. E um disclaimer: o título diz "os melhores restaurantes de Londres", mas na verdade, são "os melhores restaurantes da viagem". :)
Vejam a seguir a lista:

restaurante Dabbous


Dabbous
Este foi o que mais me impressionou.
Há muitos anos não se via um new kid on the block ascender assim, meteoricamente, em Londres. Ollie Dabbous, depois de chegar ao posto de chef no famoso restaurante Le Manoir Aux Quat'Saisons e passar por curtos estágios em outros restaurantes renomados, como o Noma, em Copenhague, juntou dinheiro de parentes e sócios e abriu o Dabbous sem esperar que emplacasse. Em meras duas semanas, recebeu a primeira de uma série de críticas entusiasmadamente positivas e viu-se com o melhor problema que um chef pode ter: telefone tocando sem parar e inbox entupida de emails. A dura batalha por uma mesa vale a pena: o chef consegue extrair o máximo de sabor do mínimo de ingredientes. Sim, um cozido de perna de vitela com spelt (um cereal) e salsão é muito mais do que a soma de três elementos potencialmente sem-graça. Cebola grelhada com sour cream, beterraba e talos de agrião, idem. “Acredito em simplicidade restrita e clean. Quero um prato que tenha um fator-uau mas pareça fácil, e não tenha cara de comida de chef".
39 Whitfield Street, tel. +44 20 7323-1544


Hedone
Não há como não avisar antes: este restaurante fica muito fora de mão, no extremo oeste de Londres. O consolo: vale as 30 libras da corrida de táxi. A embalagem – um décor singelo, quase sem-graça – esconde um recheio recompensador. A comida, além de excelente, custa relativamente pouco, com um menu-degustação de sete pratos custando L 75 e o almoço com entrada, prato e sobremesa, meros L 30. Espere sabores puros de ingredientes ingleses da melhor qualidade: o chef-proprietário, um ex-blogueiro sueco, busca obssessivamente o mais fresco e mais autêntico produto de seu terroir de adoção, de ovos de pato com gema gigante à incrível arraia de Cornuália que frita na manteiga.
301-303 Chiswick High Road, tel. +44 20 8747-0377  


Udon do restaurante Koya: delícia!


Koya
Melhor do que pedir dica ao primeiro taxista é perguntar a um bom chef onde ele gosta de comer nas noites de folga. Quando vários deles dão a mesma resposta – Koya, o japonês no bairro do Soho – é porque o lugar merece ser levado a sério. Não pelo ambiente, completamente despido de luxos e formalidades, quase espartano, mas sim pela comida, restauradora no melhor sentido da palavra. Os udons (grossos macarrões japoneses) podem ser pedidos frios ou quentes, nadando em saboroso caldo com perfume de peixe, com ou sem ovo cozido, tofu frito, nacos de carne de porco e outras gostosuras. Bebe-se chá, compartem-se mesas e o melhor: gasta-se pouco.
49 Frith Street, tel. +44


St. John
Há anos este é o templo inglês da gastronomia nose-to-tail (fuça ao rabo), em que aproveita-se cada parte do bicho sacrificado. Reverenciado por chefs e críticos, o audaz (e doidinho) chef Fergus Henderson serve em um espaço todo branco pratos sui generis (tutano com salada de salsinha está entre os carros-chefes), em pratos sem enfeites nem firulas. Escondido em ruazinha pacata perto do mercadão de carnes do East End, o St.John é para iniciados e fãs resolutos de miúdos e carnes em cortes incomuns.
26 St. John Street tel. +44 20 3301 8069

 
Upstairs at the Ten Bells
Se o nome estranha, o lugar pode espantar os incautos. Chega-se a esse novíssimo restaurante pop-up ao lado do mercado Spittalfields, no East End, atravessando um ruidoso pub e subindo escadaria estreita, nos fundos do salão. Depara-se com uma sala antiguinha e escurinha, com velas nas mesas, cujo foco do décor é um óleo humorosamente homoerótico. O que os jovens chefs Giorgio Ravelli (ex-The Ledbury) e Isaac McHale fazem de especial? Seguem o mantra produto, produto, produto. Carne de vaca maturada a seco por períodos obscenamente longos (até 66 dias); ovo de faisão com pepino em conserva; perna de cordeiro com anchova e batata. A Inglaterra no prato, em ambiente para lá de cool.
84 Commercial Street, tel. +44 7530492986, sem site


Albion Café: bonitinho e NADA ordinário!



Albion
Por mais luxuoso que seja um hotel, nunca se pode esperar que sirva ovos mexidos devidamente cremosos ou croissants que se esfarelam na primeira mordida. Café da manhã perfeito é verdadeira raridade e o Albion, no hotel The Boundary, passa na prova com louvor. Servindo salmão defumado de fazer virar os olhos, baguetes esplêndidas, a melhor Danish de Londres (massa folhada com creme e frutas) e geleias artesanais, esse mixto de café e boulangerie atrai não-hóspedes de toda a cidade, formando longas filas nos fins de semana. Também servem almoço e jantar, com a mesma pegada apresentação-simples-e-execução-impecável. Além de comes e bebes impecáveis, o Albion ainda tem uma clientela descolada e ambientação ultracool, já que o dono é ninguém menos que o sir Terence Conran, dos maiores nomes do design inglês.
2-4 Boundary Street, tel. +44 20 7729 1051

Amuse bouches do The Ledbury


The Ledbury
Logo que o primeiro amuse-bouche chega à mesa já se começa a ver como é que o belo restaurante em bairro fora do circuito conseguiu galgar este ano 20 posições no mais importante ranking que há, o The World’s 50 Best Restaurants, ficando em 14o. A exímia beleza de cada bocado que se leva à boca não passa da primeira metade da alegria: a outra está na maestria de combinações e cocções. Ostra empanada com dill? Deliciosa. Filé e costela de vaca inglesa cozidos lentamente, com cebola defumada? Sublime. Soufflé de maracujá no qual mergulham, à mesa, bolota de sorvete de vinho Sauternes? Fora de série. Isso sem falar no serviço impecável e no lindo salão com vista para charmosa rua de sobrados e árvores frondosas. Perfection.
127 Ledbury Road, tel: +44 20 7792-9090 


Roka
Um ótimo japonês especializado em robatas, no Soho. Não é novo mas mesmo assim vive cheio e badalado. Mais uma vez, comi maravilhosamente. Dos mesmos donos do Zuma, outro que está na lista dos melhores restaurantes de Londres.
37 Charlotte Street, tel: +44 20 7580-6464


The Corner Room
Nuno Mendes está entre os três chefs de língua portuguesa mais influentes no mundo, mesmo se pouco conhecido pelos brasileiros. Vive há muitos anos no East End de Londres, onde conquistou fama e estrelas com seu restaurante de cozinha experimental Viajante (que de portuga só tem o nome). Há pouco, abriu um segundo restaurante no mesmo endereço – o hotel Town Hall – chamado The Corner Room. Simpático e mais acessível que o irmão maior, tornou-se rapidamente ponto de encontro de gourmets aventureiros. Salmão com aspargos; beterraba com salmão curado e migas de pão: Mendes casa bestsellers nos pratos, mas sempre com algum twist e em apresentações delicadas e belas que gritam alta cozinha. Os preços, entretanto, são 100% bistrô: no almoço, o menu fixo incluindo entrada, prato e sobremesa sai por L 21.
Patriot Square, Bethnal Green, tel. (44-20) 7871-0461

12.8.12

Ervas do jardim: reproduzindo um prato do Relae em Copenhague

O jardim de ervas do hotel Manoir Hovey

Sumi. Saí de "semi-férias", embora férias não existam na minha vida. Fui para North Hatley, vilarejo campestre a 90 minutos de Montreal, onde eu gosto de colher cogumelos de verão (chanterelles, especialmente) no bosque, ir à feirinha de orgânicos e passear por um lindo jardim de ervas no hotel Manoir Hovey.

Colhi milhares de coisas para uma entrada que vou servir na quarta-feira à noite. Será o primeiro serviço de um jantar de "entendidos" da cena gastronômica local, onde cada pessoa prepara um dos muitos serviços.

Eu e minha amiga Marie-Claude "cozinharemos" juntas, e resolvemos tentar reproduzir um "prato" que comemos no incrível restaurante Relae, em Copenhague. Uma entradinha de nada, na verdade, mas daquelas falsamente simples, sabem?

"Taco" vegetal do Relae: prato que mais me marcou na ida a Copenhague



Quando a provei no Relae, vi que  não passava, na verdade, de um montinho de ervas envoltas em uma folha de alface, com um creme de pistache dando o tempero. Mas foi a coisa que mais me marcou na viagem inteira!

Então hoje fui com minha filhota colher ervas, para depois fazer testes na cozinha. O chef do hotel, Francis Wolf, me deu salicorne (aspargo do mar) e alface do mar para juntar ao mix.

E confesso que fiquei surpresa: mesmo sem ser chef, mesmo "cutting corners" (cortando caminho, pulando passos), o resultado saiu fenomenal. Nosso "taco herbáceo" era incrivelmente complexo, como se todo um jardim estivesse concentrado ali, os gostos se transformando a cada momento, a cada mordida, os aromas frescos do jardim espalhando-se pela casa, mesmo que nada tivesse ido ao fogo.

os ingredientes.....

... e o "prato" montado: é só enrolar como
um taco e comer com a mão!


Deliciosa experiência, que me fez aprender muito sobre cada erva e me fez apreciar ainda mais o trabalho do chef Christian Puglisi, do Relae (ex-Noma). Que sacada!

Esse Relae ainda vai dar o que falar, podem escrever.....

A seguir, fotos de algumas das muitas ervas colhidas, que usarei no jantar da quarta-feira:







E mais Copenhague no Boa Vida:

 

Os melhores restaurantes de Copenhague, segundo... várias fontes

Fotos de pratos que experimentei em Copenhague: quanto verde!

A loucura por bicicletas em Copenhague: fotos

Fotos dos pratos do NOMA, restaurante cotado #1 do mundo

Chef René Redzepi, do NOMA, e o simpósio de gastronomia MAD, do qual participei, em julho

Para quem gosta de design: a incrível loja Hay, em Copenhague

Copenhague em outros sites:



10.8.12

Hoteis em Barcelona: Casa Camper e Market


O L. me mandou um email pedindo dicas de hoteis bacanas mas não muito caros em Barcelona. Eu tenho dois favoritos, ambos no bairro mais descolado da cidade, o Raval.

No mapa acima (clicando nele dá para ver uma versão maior), eu desenhei em roxo a Rambla, que separa o Raval (no Oeste) do bairro Gótico (no Leste). Recomendo ao L. e a qualquer pessoa indo a Barcelona que procure se hospedar dentro da área pontilhada (o Eixample, para cima do Raval, também é bacana, mas é bem mais residencial e arrumadinho). O resto eu já acho fora de mão para um turista.

O primeiro hotel que indico é o Market (marcado com um B no mapa), charmosíssimo, com quartos super espaçosos.

O segundo é o Casa Camper (marcado com um A no mapa), que faz mais o estilo descolado. Tanto assim que os quartos maiores têm duas partes: de um lado do corredor, a cama e o banheiro. Do outro, uma saleta de TV com rede.

Já me hospedei em ambos, e recomendo muito. E neste post aqui, eu dou muito mais dicas de Barcelona, inclusive falo de um terceiro hotel, bem mais caro mas lindíssimo, o Mandarin Oriental.

Vejam fotos do meu quarto no Casa Camper:

















8.8.12

Atala, Rizzo, Suadeau e Landgraf lançam associação de chefs APC


Chefs Helena Rizzo e Alex Atala, que cozinham juntos hoje no Manioca


Bacana a iniciativa, e por isso não queria deixar de dividir a notícia com vocês. Os chefs Alex Atala, Helena Rizzo, Laurent Suaudeau e Alberto Landgraf se juntaram para organizar um jantar beneficiente, de lançamento da Associação dos Profissionais de Cozinha (APC), que aconteceu anteontem à noite no Manioca, o espaço de eventos do Maní.

Chefs Laurent Suadeau, Helena Rizzo, Alex Atala e Alberto Landgraf,
no jantar que serviram juntos no Manioca


"E daí?!", vocês podem perguntar.

E daí que eu gosto de ver quando três gerações de cozinheiros (Laurent é o padrinho da turma, Landgraf, o caçula) unem-se por um objetivo comum, e nobre: botar para andar uma associação de profissionais como eles, que sirva para promover discussões sobre os rumos da gastronomia brasileira, e para melhorar a formação dos jovens que queiram entrar nesse mercado.

O jantar levantou fundos para as três equipes que representarão o Brasil na competição gastronômica Bocuse d'Or, em Lyon, janeiro que vem.

Só de curiosidade, o menu que foi servido:


Picles de cenoura, tucupi, praliné de avelã, tomilho limão, Chef Alberto Landgraf
Champagne Ruinart Blanc de Blancs
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Mini Arroz Meloso com Lagostim, Chef Alex Atala
Le Vignes de Pilate VdP Viognier 2009 M. Chapoutier, Rhône

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Paleta de cordeiro recheada e laqueada “Ras El Hanout”, Chef Laurent Suaudeau
Le Monache, Monferrato Rosso DOC 2008
____________________________________________________________

Pudim de Queijo da Serra da Canastra com Doce de Leite, Sequilho de Araruta e Sorbet de Goiaba, Chef Helena Rizzo
Dorato Passito Garofoli

chef Paulo Yoller



Outro evento acontecendo também esta semana me chamou a aternção, até pelo divertido nome: 
Dead Cow. Segundo o press release, "vai unir arte, música e Burgers no dia 11 de agosto, a partir das 17h, no Espaço 66 - um ambiente de gastronomia, arte e design assinado por Vértices Casa e Trupe Gastronômica. Entre as obras de arte da Vértices, estarão os burguers não menos renomados do chef Paulo Yoller, que ganhou o prêmio de melhor hambúrguer em 2011 pela VEJA. Além disso, haverá uma sessão de live painting e da banda instrumental com pegada retrô Os Lontras, formada por integrantes do Mombojó."

Mais informações no Facebook: https://www.facebook.com/events/404518666272383/.

--

5.8.12

Hotel charmoso em Londres: o minúsculo 40 Winks, no East End


Quando estive em Londres, em maio, experimentei três hoteis diferentes. O terceiro, se é que dá para chamar aquilo de hotel, era o 40 Winks, que tem apenas.... DOIS quartos! Fica super fora de mão, no East End. O táxi largou eu e minha amiga M. na porta e, claro, nada de alguém aparecer para ajudar com as malas. Ela aparece na foto sorrindo, mas estava, na verdade, pronta pra me matar. Ela achava que eu tinha arrumado um belo mico.

Mas quando a gente entrou na casinha..... UAU. Nem sabíamos para onde olhar, cada canto parecia pedir para ser fotografado. Amamos!


meu banheiro no 40 Winks

meu quarto no 40 Winks



Não tem internet. Não tem tevê. Não tem elevador. Não tem frigobar. Não tem armário. Não tem chuveiro (!!), só banheira à moda antiga. Mas tem toneladas de charme e bom gosto. O dono, pra lá de excêntrico, é David Carter, que não se acanha em dizer que é um dos designers mais talentosos de Londres. Adora falar dos famosos e das equipes de fotografia que já passaram por lá. Aos viajantes mais aventureiros, e fãs de decoração, recomendo!

 
40 Winks, 109 Mile End Road, Stepney Green, London.
Tel: +4420 7790 0259.
reservations@40winks.org 
A partir de 65 libras por noite








E neste link, mais hoteis em Londres, no Boa Vida.

1.8.12

Chef James Lowe vem ao Epice cozinhar com o chef Alberto Landgraf

chef James Lowe


Desde a primeira vez que experimentei um prato seu, em Paris, onde ele participava de um evento gastronômico, virei fã do chef James Lowe. Meses depois, em Londres, ele me serviu os ovos mais marcantes dos últimos anos - eram de gaivota, recolhidos dos ninhos nas rochas por algum alpinista maluco. Admiro, entre outras coisas, o domínio que ele tem sobre o processo de maturação da carne. Ele mesmo envelhece bifões de vacas que compra em Cornwall, na costa Sul da Inglaterra, chegando a servir a carne com mais de um mês desde o abate. Sabor denso, profundo, não para principiantes.

Até há pouco, ele tinha, com o  sócio Isaac McHale (eles se auto-denominavam Young Turks) um restaurante pop-up escondido no segundo andar de um pub no East End, o Ten Bells. Uma das especialidades era justamente essa carne ultra-maturada, servida crua, como um tartare, e por cima um farelo de pão frito na gordura da mesma vaca.

Pois os dois romperam a sociedade e James agora está para abrir um restaurante dele, estreando sua carreira solo.

O CV básico do moço: depois de passagens pelo Noma e pelo The Fat Duck ele foi head chef do St. John Bread and Wine, em Londres (do chef cult Fergus Henderson).

E enquanto isso, adivinhem: James resolveu viajar. Depois de encantar-se com o que viu e comeu no México, ele chega a São Paulo semana que vem, para cozinhar a quatro mãos com o chef Alberto Landgraf, no Epice. O jantar será dia 13 de agosto.

James disse: "Não sabemos qual será o menu. Estou super animado, será minha primeira ida ao Brasil. Combinei com o Alberto que decidiríamos juntos o que servir, depois que eu tiver uma ideia melhor dos ingredientes à nossa disposição. Adoraria incorporar uns ingredientes brasileiros, inclusive".

Se eu estivesse em São Paulo não perderia essa por nada!


 Epice: Rua Haddock Lobo, 1002, tel. 3062-0866  Preço: 165 reais, mais bebidas.



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