24.5.12

50 Melhores Restaurantes: a lista que muitos amam odiar



Já fazem duas semanas que foram anunciados os eleitos do importante ranking "The World's 50 Best Restaurants" mas o bafafá continua. Em conversa com chefs e uma amiga carioca o assunto voltou à tona. Outra amiga me pergunta minha opinião, para uma matéria que está escrevendo sobre o tema.

Sendo assim, achei que viria a calhar postar aqui a versão original (e mais longa) da coluna que escrevi para a Folha falando disso... Lá vai:

São mesmo os 50 melhores do mundo?


   Fui comer no Mugaritz, famoso restaurante do chef Andoni Aduriz em San Sebastian, na Espanha, número 3 no ranking Os 50 Melhores Restaurantes do Mundo. Não gostei. Mês passado jantei no nono colocado, o Le Chateaubriand, em Paris. Trata-se de um bistrô dos mais barulhentos, com serviço apressado, mesas espremidas e comida ótima - mas não espetacular. 

   Diante disso, poderia juntar-me às crescentes multidões que acusam de injusta e fajuta a lista dos “50 Best”, cuja edição 2012 será anunciada no próximo dia 30 em Londres.  Lista que hoje em dia tem o poder de lotar os restaurantes altamente cotados, mais venerada por chefs até do que o Guia Michelin. Ao invés disso, pergunto: existe algum ranking 100% objetivo ou exato? Dá para elaborar regras e critérios que pareçam corretos para todos? Confia-se no Michelin cegamente? Claro que não.

    Já disse muito e repito: o ranking dos 50 Best deve ser visto não como uma declaração absoluta de que tal restaurante é melhor do que tal. Compilado a partir dos votos de mais de 700 chefs, restaurateurs, gourmands e críticos gastronômicos (entre os quais me incluo), define apenas quem está em alta – e digo isso no bom sentido.  Uso-o como utilíssimo retrato de quais restaurantes mereceram, no último ano, mais atenção e elogios dos especialistas.

      A lista está aí para ficar e tem um poder monstruoso. Grant Achatz, do Alinea, em Chicago, conta: “Em maio de 2010 fui a Londres para a premiação. Alinea subiu para a sétima posição no ranking, mas ainda por cima foi nomeado o Melhor Restaurante na América do Norte. (...) Pessoas ligavam no restaurante dizendo que nosso site tinha saído do ar. Meu sócio me mandou um texto em Londres: ‘Servidores caíram. Cinquenta mil pedidos de reservas na última hora! Telefones não param de tocar’ ”.

    Aos que estão no business, digo: ao invés de remarem contra a maré em vão, mexam-se. Apresentem-se em fóruns lá fora, recebam estrangeiros como chefs-convidados, apareçam na mídia e na internet. A dura verdade é que entrar para a tão almejada (e polêmica) lista dá muito trabalho, e manter um restaurante sempre no mesmo alto nível de excelência não passa do primeiro requisito. O segundo consiste em atrair jurados a provar sua cozinha. 

E  mais posts sobre o 50 Best aqui no Boa Vida:





3 comments:

  1. OI Ale,
    Mais uma vez obrigada pelo post. Concordo absolutamente com a sua matéria, ou seja, fico feliz em constatar que embora não seja expert no assunto, meu palpite tem coerência.
    Beijoca!
    Carolina

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  2. Ale, o que voce opina deste texto de Martin Berasategui?
    http://www.martinberasategui.com/blog/2012/05/07/corto-y-cierro/

    Gabriel Daniel.

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  3. Querer defender essa lista, omitir as falhas absurdas que ela tem (como o fato de você e a maioria dos jurados sequer terem experimentado uma fração razoável dos restaurantes premiados. Inclusive seria interessante ver os recibos dos jurados... quantos deles será que comeram no DOM no último ano? Ou no Noma, para ficar entre os primeiros) e compara-la ao guia Michelin é uma baita desonestidade intelectual.

    Sobre chefs "venerarem" a lista, creio que esse sentimento seja limitado a uma panelinha de chefs bem relacionados, aqueles quer participam de congressos de gastronomia e têm cadeira cativa nessa lista de 50 melhores. Duvido que haja um chef em Nova York que troque uma posição na lista por uma cotação alta no New York Times, ou um chef europeu que troque, digamos, o 15º lugar nessa lista por três estrelas Michelin. Estar nos cinco primeiros lugares da lista dos 50 pode até ser uma belíssima promoção do seu restaurante, mas quem está olhando com atenção para o 44º por exemplo?

    Óbvio que o guia Michelin pode ser contestado em alguns pontos também, afinal é um guia e não a verdade absoluta escrita em pedra. Porém é um guia sério, que seleciona inspetores com certo rigor (nada comparável a pedir para o Josimar Melo selecionar um monte dos seus amigos para servirem de jurados), faz com que eles comam em todos os restaurantes selecionados pelo menos uma vez por ano (e muitas vezes em alguns) e, até que se prove o contrário, conduz uma avaliação anônima e isenta.

    Quanto à necessidade dos chefs se dedicarem mais às relações públicas, que você mesmo sugere nesse post, isso soa tão errado que nem é preciso comentar.

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