Já falei aqui milhões de vezes mas não canso de repetir: tenho a grande sorte de poder contar, publicamente e nos bastidores, com leitores incríveis, que às vezes viajam mais e sabem mais do que eu. Com eles, divido a paixão pela boa mesa.
Um desses leitores - e novo amigo, diga-se - é o Pedro-Otavio Mendes. Chique. Inteligente. Viajado. Engraçado. Em suma, um super cara.
Eis que o Pedro-Otavio me manda um email dizendo que tinha descolado reserva pra almoçar no NOMA dia 29. Ia sozinho. Sim, pegaria um voo de Londres, onde mora, só pra ir conhecer o tão falado restaurante número 1 do mundo.
Juro que QUASE me juntei a ele! Se não tivesse uma seção de revista pra fechar e uma filhota pra cuidar... teria saltado num voo pra Copenhague!
Fiquei aqui, trabalhando loucamente, mas, pelo menos, Pedro-Otavio mandou um relato in-crí-vel que serviu de consolo. Ele não fez como eu, não descreveu cada prato, patati, patatá. Apenas mandou Instagrams lindos, poéticos, que por si sós resumem o lugar, e um texto sucinto que diz tudo. Tinha que compartir com vocês.... Lá vai:
NOMA, por Pedro-Otavio Mendes
"O meu almoço estava marcado para a uma e cheguei pontualmente.
Fui sentado e veio o maître perguntar o clássico de restrições, explicar que só há o menu degustação de com 20 pratos e como eu estava de apetite. Ele também explicou que os primeiros 10 pratos são servidos bem rapidamente e devem ser comidos com a mão.
Nessa hora, ele mexe o vaso da mesa de lugar, e um dos pratos já estava lá misturado com as flores.
Bem, este foi o pedaço de que eu gostei menos. Achei que foi muito rápido mesmo. Como eu estava sozinho, veio prato atrás de prato e não dava tempo para processar ou quase se lembrar do que vc já havia comido. Devo supor que eles devam querer que vc se deixe levar pelos sabores. Depois quando o ritmo diminuiu, ficou num passo mais legal/normal.
Rolou uma certa cozinha experimental, com ingredientes feitos de maneira inusitada, e.g. o galho inicial que 'musgo', o mexilhão que tinha a concha de baixo comestível, cenoura desidratada, rabanetes com solo comestível de avelãs, ou o parfait de pinho da sobremesa (que era aerado e se desfaz na boca).
Agora, aqui a ênfase era mais no inusitado que no espetáculo ao se comparar com o Fat Duck por exemplo. Nada de fumaças, dissoluções de relógios, perfumes sendo jogados no ar… Foco na comida e nos ingredientes. Almocei faz 8 horas e ainda tenho um gosto de pinho ecoando pela boca.
O pato, era como se comesse chão de floresta, gosto de mato, lindo. De novo, sabores bem típicos e locais. Se fosse dar uma cor para a refeição, seria verde. Herbal, punchy, da floresta. Por cierto, también he hecho el pairing de zumos con la comida. Deliciosas combinações (6 ou 7) entre normalmente 2 ingredientes num mesmo suco (p.ex. pera com pinho, cenoura com óleo de juniper, pepino com gooseberry).
Depois do almoço, fui passear pelas várias cozinhas (inclusive a churrasqueira que fica ao ar livre) e vi o refeitório deles mesmos, uma sala de private dining, os escritórios. Tudo no mesmo local. Segundo o Sam (chefe daquele turno), eles tentam fazer algo novo com o espaço cada 3 meses.
Entendo como nem todos gostem, não é para qualquer um. Ingredientes não convencionais, overload de informação e necessidade de estar com a mente aberta para apreciar a interpretação/visão do chefe."
O chef René Redzepi, MAD Foodcamp, o livro do NOMA, 50 Melhores Restaurantes do Mundo, etc: cliquem aqui para ler mais sobre o NOMA.
Olá, você pode passar o Instagram do Pedrp-Otávio? Adoraria segui-lo!
ReplyDeleteObrigada