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13.3.12

Editora Phaidon em alta: livros de Atala, Andoni Aduriz e Magnus Nilsson em 2012


Minha última coluna na Folha falava sobre livros. 

Mas só hoje fui ver que a Phaidon, que disse ser a mais prestigiosa editora de livros de gastronomia, foi escolhida para a lista de "Tastemakers" (formadores de opinião) da revista Bon Appétit para 2012. Eles pelo jeito viram o mesmo que eu: a editora está com tudo. 



O livro do Andoni Aduriz do Mugaritz sai em maio e recebi esta semana as fotos. Lindas! O do Alex Atala já foi noticiado aqui e ali (inclusive neste Boa Vida),  mas o que aprendi, lendo a Bon Appétit, é que a Phaidon também está preparando um livro com Magnus Nilsson, o garoto incrivelmente talentoso do Faviken, do qual vivo escrevendo aqui. 

Bom ver que mesmo em 2012 e com toda essa onda de iPad iPhone e iTudo ainda tem gente suficiente comprando livros e engordando a conta de editoras como a Phaidon. Longa vida aos livros de papel!



E a seguir, eis o primeiro rascunho do que veio a ser a coluna publicada (editada e bem mais curta) no Comida:



Novo livro do Martin Picard, lançado semana passada


O gentil gigante Martin Picard, caçador e incentivador da chamada cozinha nose-to-tail, é idolatrado por cozinheiros dos dois lados do Atlântico. O chef televisivo Anthony Bourdain declarou famosamente que seu restaurante Au Pied de Cochon em Montréal “é uma ode ao excesso, não hesito pegar um vôo de Nova York só para comer lá”. Dada a legião de fãs, não surpreende que o novo e já controverso livro de Picard, Cabane à Sucre Au Pied de Cochon, seja iconoclasta como o autor. 



Há desde sua patissière posando nua em uma banheira de maple syrup a uma receita de sushi de esquilo; centenas de fotos passo-a-passo de como preparar receitas doces e salgadas a demonstração de como se arranca a pele de um coelho. Grotesco ou artístico? Sexual ou didático? Picard adora confundir e desafiar convenções.

Desde que o mundo é mundo – ou desde que saiu o primeiro dos cinco volumes da enciclopédia L’Art de Cuisine Française, de Marie-Antoine Carême, em 1833 - chefs publicam livros com suas receitas. Uma busca por “Mario Batali” na livraria online Amazon faz aparecerem dez títulos publicados pelo cozinheiro-celebridade. O escocês Gordon Ramsay tem mais que o dobro disso: 23! A grande maioria fica só nisso: livros de receita. Já o de Picard soma-se a outro time: o dos chefs que definem seu estilo e demarcam território através da palavra impressa.

O pioneiro, como de hábito, foi Ferran Adrià, que revolucionou o mercado editorial ao lançar em 1993 seu primeiro “catálogo geral”: El Bulli 1983-1993. Aquele catatau de capa dura listava cada prato criado pelo catalão e seu time, com descrição técnica e foto – e até um DVD! A partir daquele momento, podiam copiar o quanto quisessem, que a autoria dos conceitos e combinações já tinha sido explicitada... “Havia muitos livros que davam receitas (...) mas poucos centravam na análise de estilos, de métodos de criar. O catálogo representou uma vontade de codificar nossa cozinha do ponto de vista teórico, atitude que prosseguiu nos livros seguintes”, diz Adrià.

revista Lucky Peach do chef David Chang


Demorou muito até surgirem outros lançamento verdadeiramente notáveis, até  de repente abriram-se as comportas. Nunca se viu tamanho bombardeio de grandes lançamentos de chefs, cada qual procurando fazer algo totalmente novo. David Chang, chef-proprietário do Ko e outros restaurantes Momofuku, quis inventar uma revista pensada para iPad mas desistiu. Sua descoladíssima Lucky Peach, impressa e vendida online, sai quatro vezes por ano e faz enorme sucesso. 

René Redzepi, dono do restaurante cotado número um no mundo, o Noma, em Copenhague, mandou ver com o Noma: Time and Place in Nordic Cuisine, lançado em 2010. Um livrão com a sua cara: fotos de pratos nus e crus intercalados com paisagens gélidas, e um diário personalíssimo como introdução, acompanhado de mapa. Foi lançado com grande pompa em megaevento na Sydney Opera House, na Austrália – vendiam-se ingressos só para ver o chef falar! - e na sequência Redzepi fez turnê mundial assinando autógrafos. Hoje, publicar algo com a Phaidon, editora dele, tornou-se o maior prêmio ao qual um chef de renome pode aspirar. Pelo menos dois conseguiram: em maio sai o livro de Andoni Aduriz, do Mugaritz na Espanha, e em outubro, o de Alex Atala.

O verdadeiro divisor de águas, no entanto, é outro: a série Modernist Cuisine, último status symbol entre foodies. Custou anos e fortunas para ser produzida pelo milionário Nathan Mhyrvold (que não é chef mas amigo de todos os que importam) e jamais será batida nos quesitos peso (um homem não consegue carregar os cinco volumes sozinho!), aprofundamento técnico e beleza fotográfica. A cada vez que consulto um dos volumes aqui em casa, assusto-me com o peso de todo aquele papel lustroso. Aí está a grande ironia: cozinheiros caminham na contra-mão da migração do papel para o digital, como se buscassem, ao retratarem-se em livros que acumulam pó na estante, a permanência.


1.2.12

Exclusivo: chef Rafa Costa e Silva, ex-Mugaritz, abrirá restaurante no Brasil

Chef Rafa Costa e Silva, recém-saído do Mugaritz.
Foto: Per-Anders Jörgensen para Mugaritz

Quantos milhares de cozinheiros escrevem em CVs e press releases coisas do tipo "com passagem pelo El Bulli de Ferran Adrià"? Acho que hoje em dia não tem coisa mais comum em currículo de chef do que a tal passagem pelo El Bulli - ou algo do tipo, seja Fat Duck, Celler de Can Roca ou D.O.M.

Geralmente, não é mentira, só "douramento de pílula". Descascar cenoura e cortar cana de acúcar em palitos como estagiário no El Bulli não quer dizer que o cara seja um bom cozinheiro.

Já o caso do Rafa Costa e Silva é beeeeeem diferente. Esse jovem carioca, formado pelo Culinary Institute of America nos Estados Unidos, trabalhou de janeiro de 2007 até dezembro passado no Mugaritz, o restaurante basco atualmente cotado #3 na lista dos 50 Melhores Restaurantes do Mundo.

E quando saiu era o braço direito do genial Andoni Aduriz. Cargão de grande responsa para um rapaz tão jovem (32 anos!). Não exatamente um peso-pena....

O sonho de todo cozinheiro é ter seu negócio próprio e Rafa, apesar da posição de grande prestígio no Mugaritz - achou que era hora. Queria voltar para seu Rio de Janeiro natal. Falou com Andoni e diz que o patrão reagiu muito bem. "Ele disse 'nem precisa me explicar nada, eu também segui esse caminho quando saí do El Bulli, quis voltar para casa e abrir meu restaurante, pode contar com a gente'".

Eu o conheci em 2010, quando fui almoçar no Mugaritz. Almoço estranho, com alguns pratos perturbadores sobre os quais nunca escrevi. Uma tarde surrealmente silenciosa e sóbria, que me deixou um tanto perplexa, para ser sincera - sempre atrapalha quando vamos comer em um lugar do qual esperamos demais.

A parte mais divertida foi o tour da cozinha, depois do cafezinho, quando Rafa explicou como funciona a in-crí-vel cozinha deles, reconstruída recentemente depois de um incêndio.

Pois Rafa está de volta ao Rio e já anda conversando com gente interessada em montar uma sociedade.

"Quero muito abrir no Rio, mas a verdade é que em São Paulo seria mais fácil, primeiro porque consegue-se um aluguel menos caro, e segundo porque tem mais cultura gastronômica e maior abertura para gastronomia de vanguarda".

Ou seja: ele está considerando as duas alternativas.

Eu, particularmente, torço para que ele escolha o Rio e ache por lá mesmo um sócio-investidor. Faria um bem danado à cidade, tão carente de bons endereços gastronômicos, ganhar mais um chef de alto nível.

Aguardemos as cenas dos próximos capítulos....

3.9.11

San Sebastian: os melhores restaurantes da cidade basca e arredores



Hoje recebi um email que me tocou profundamente, de um leitor que, por acaso, é também alguém que conheço desde a infância. São emails como o do Fábio que me encorajam, que me fazem insistir em dedicar uma vida e tantas horas dos meus dias ao meu trabalho.

Um trechinho diz assim:
"Seria oportuno, quiçá oportunista, solicitar "some inside info" das suas recentes
explorações ibéricas... mas não, tentarei não abusar da sua boa vontade e do seu precioso
tempo ao ler as próximas linhas...

Na mesma página da web onde encontrei "as estrelas
españolas", um comovente relato da sua ida ao Akélarre com Dr. G, inspirou (com o perdão da redudância), comoveu... (...)

Eu acabei traçando o roteiro-pré-Ibiza com o Phil para San Sebastian e Bilbao... Nele, Akélarre era/foi a grande atração... Até então, Akélarre soava como uma estranha palavra basca no vocabulário... Afinal de contas, nã estamos falando de um El Bulli, de um Arzak, ou de algo que o valha (?)... Foi, entre sorte e
intuição, uma escolha "under the radar"...

Ansiosas semanas anteciparam a nossa memorável experiência sob o vistoso bigode do carismático Pedro Subijana... Espero poder voltar lá um dia, durante o dia, para almoçar e apreciar as sinuosas curvas até chegar naquele inesquecível
espaço...

Needless to say, o seu relato só trouxe doces lembranças de uma distante noite há 4 anos
atrás... Talvez, a mais especial que tive com meu querido irmão..."
Diante de tão bonito relato, logicamente eu não poderia deixar de me manifestar aqui, pra dizer que SIM, Fábio, você pode e deve pedir "inside info".

Confesso que depois de minha última ida a San Sebastian, em novembro de 2010, voltei achando que os melhores restaurantes não são os mega-famosos-e-estrelados, mas sim os lugares simples e focados em produtos, sem grandes combinações ou invenções.

Confesso também que saí decepcionada do Mugaritz, e que desta vez a ida ao Akelarré deixou saudades, querendo dizer que a comida, a meu ver, caiu um ou dois pontos...

E no Arzak, feio dizer, acho que tudo pode ser maravilhoso, desde que o próprio Juan Mari esteja lá, ele é tão divertido e carismático que a coisa parece não ter a mesma graça sem ele.

Portanto, a seguir, te passo minhas experiências favoritas em San Sebastian e arredores:

Atxondo, o vilarejo perdido onde fica o lendário Etxebarri


1 - Extebarri, o top dos tops
Não tem, pra mim, coisa melhor no mundo do que um almoço no lendário restaurante Etxebarri, perto de Bilbao. Uma experiência mística, quase: um vilarejo de dez casas de pedra, montanhas de picos nevados, animais pastando, calma bucólica. Restaurantezinho simples, com ar de fazenda. O chef-proprietário, tímido, é o rei da grelha. Até ovo o cara prepara nas super grelhas dele, com um cuidado e um rigor monásticos. Cozinha de produto, sem firulas. Vá de menu degustação, sem medo de ser feliz. Uma super gamba. Um super bife. Uns super percebes. De chorar de tão bom.

Nem pense em ir até lá sem um choffeur de responsa. Vai se perder e a viagem custará o dobro. O meu cobrou 150 Euros para levar, esperar duas horas e voltar.




Restaurante Extxebarri





Menu de comidinhas do Bernardina


2- Vinoteca Bernardina: jamon Joselito e outras delícias, sem turistas
O restaurante simples bacana de verdade, onde não vão turistas. Pequeno, aconchegante, ótimos vinhos, petiscos impecáveis. A comida mata a pau e há montes de jamón Joselito (a Ferrari dos presuntos espanhóis).



 3- Elkano: peixes, kokotxas e lagosta na parrilla
Outro lugar in-crí-vel. Simples, modesto, menu limitado. Mas.... que peixes, minhanossasenhora! Longe, sim, mas vale cada euro cobrado pelo taxista (20 a 30 minutos de San Sebastian). Eu contei tudo em detalhes neste post.
Calle Herrerieta, 2, Guetaria, tel. +34 943 140024



Eu e o chef Juan Mari Arzak, de pintxo em pintxo    Foto: Marie-Claude Lortie


4- Ganbara, o melhor para pintxos
O Centro antigo de San Sebastian tem montes de lugares de pintxos, muitos excelentes. Mas eu, que tive o imenso privilégio de ser levada pelo próprio Juan Mari Arzak para um giro pelos bares favoritos dele, concluí depois da maratona gulosa que o número um é, sem dúvida, o Ganbara.
Pintxos clássicos e de-li-ci-o-sos. Cogumelos incríveis (e especialidade deles). Tudo de primeiríssima.
(Para quem lê bem em francês, minha amiga Marie-Claude Lortie fez excelente relato do nosso giro de pintxos com o Arzak neste post, cheio de fotos).
Calle San Jeronimo,19, tel +34 943 42 25 75

5- Martin Berasategui
Não vou mentir: faz tempo que não vou ao restaurante principal desse chef, que leva o seu nome. Da última vez que fui, escrevi o seguinte: "O jantar foi esplêndido. Obstinado, estudioso e perfeccionista, Berasategui conquistou três estrelas Michelin para seu restaurante homônimo nos arredores de San Sebastián e um lugar no olimpo dos grandes chefs espanhóis com muita labuta. Descrito por Rafael García Santos, principal crítico gastronômico da Espanha, como “um fenômeno da natureza, um superdotado destinado a ganhar todas maratonas gastronômicas”, o obstinado chef está sentado no olimpo dos grandes, à direita de Adrià todo poderoso. Jovens garçons, super entendidos, diziam-nos como “atacar” cada prato: beber em dois goles, ou mergulhar no caldo tal antes de morder, e assim por diante. O que ficou é uma lembrança embaçada mas deliciosa  de lindos pratinhos, ora de sopas espumosas, ora de frágeis tubinhos recheados com cremes ou folhas, pérolas brilhantes de cenoura ou nabo, nuvens  esbranquiçadas de cebola."






E mais sobre San Sebastian e o fórum anual Gastronomika que acontece ali todo novembro:


Chef Martin Berasategui agora tem sete estrelas no Guia Michelin

Mugaritz, do chef Andoni Aduriz: entendendo a filosofia de um gênio

Meu jantar no Arzak: passeio pelo laboratório e papo com Juan Mari e Elena até alta madrugada 

Meu almoço no Akelaré com o chef Daniel Boulud - com vídeo


Brasil, México e Peru serão o tema do Gastronomika 2011

Abertura do Gastronomika 2010: noitada no Museo del Whisky

Palestra de Ferran Adrià no Gastronomika: vídeo mostrando os pratos de 2010

Gastronomika: programa completo inclui grandes nomes como Adrià, Andoni, Arzak, Anthony Bourdain e Daniel Boulud  

Chef Josean Martínez-Alija do restaurante do Guggenheim Bilbao anuncia novo - e revolucionário! - restaurante para o início de 2011 

Uma semana em San Sebastian para o Gastronomika: as lições que aprendi e os gim tônicas que bebi

Resumo (em espanhol) do Gastronomika pelo crítico Carlos Maribona 

27.11.10

Chef Josean Martínez Alija anuncia: novo restaurante em início de 2011

Chef Josean Martínez-Alija, do Guggenheim Bilbao


Isso aqui não vai ter o menor interesse para os não-foodies, eu sei. Mas é grande notícia no mundo dos chefs. Ontem, durante o fórum gastronômico Gastronomika, o chef Josean Martínez Alija, do restaurante Guggenheim Bilbao, anunciou que abrirá um novo restaurante, cujo nome ainda está em segredo.



O projeto não será um espaço novo qualquer, mas sim um lugar que pretende mudar as regras do jogo, fazendo o serviço de mesa interagir mais com cada prato servido. Ou seja: não esperem pratos e talheres normais, mas sim modos de servir totalmente inesperados. O salão vai virar peça-chave do processo criativo.



A revista de alta gastronomia APICIUS já tinha revelado mais detalhes, mesmo antes do congresso. O maître Urko Mugartegui, que está bolando com o chef aquilo que os dois já chamam de "o restaurante do futuro", disse à revista que "O essencial dessa filosofia se interpreta no salão mediante a uma mise-en-scène que busca a cumplicidade do comensal no jogo de provocação".

Maiores detalhes, ele não quis dar, usando a tática Ferran Adrià de criar suspense deixando para contar tudo só mais pra frente. Não revela o nome nem a localização exata do restaurante, mas já se sabe que ficará pegado ao do Guggenheim.

Vamos ver no que vai dar. Eu sou muito desconfiada de ideias que envolvam a participação dos clientes, porque eles, afinal de contas, chegam ali com níveis de conhecimento e interesse muito díspares e por isso podem criar situações de descontrole, em que chef e maître perdem as rédeas.

Democracia no desenrolar de jantares em grandes restaurantes costuma dar errado..... Esperemos que seja mais uma aventura de aumentar a participação dos garçons no que se passa à mesa, e não os clientes...

E uma curiosidade: sabiam que o chefe do Josean é o Andoni Aduriz? Sim, o restaurante do Guggenheim pertence ao grupo comandado pelo chef-proprietário do Mugaritz, o IXO.

Aqui, a parte da apresentação do Josean em que ele falou do novo restaurante - que deve ser inaugurado em fevereiro de 2011 - e mostrou umas imagens computadorizadas do novo espaço.
Atenção: eu filmei com meu iPhone o vídeo que era mostrado, então a qualidade é péssima. Para enxergarem o tour virtual, aumentem a janela do vídeo abaixo para tela cheia.



E mais Gastronomika e San Sebastian no Boa Vida:

Abertura do Gastronomika 2010: noitada no Museo del Whisky

Palestra de Ferran Adrià no Gastronomika: vídeo mostrando os pratos de 2010

Gastronomika: programa completo inclui grandes nomes como Adrià, Andoni, Arzak, Anthony Bourdain e Daniel Boulud

4.8.10

Mugaritz, restaurante de Andoni Aduriz em San Sebastian: incrível


Chef Andoni Aduriz (à dir.) com Ferran Adrià (à esq.) e Joan Roca
no 50 Best de 2010, em Londres




por Alexandra Forbes



Andoni Aduriz. Mais conhecido simplesmente como Andoni, é chef sério,  introvertido, estudioso, aplicado, filosófico.

Seu restaurante Mugaritz, em San Sebastian, país Basco, está entre os melhores da Espanha.


Foto: Kathryn Yu

Eis a trajetória do Mugaritz, resumida:

1998 – inauguração
2000 – 1a estrela Michelin
2005 – 2a estrela Michelin
2006 – fica em 10o lugar no 50 Best (50 Melhores Restaurantes do Mundo)
2007 – publicação de Diccionario Botánico para Cocineros, sétimo livro de Aduriz
2010 – Fevereiro: assustador e traumático incêndio na cozinha; abril: 5o lugar no 50 Best
junho: reabertura após reforma/restauro


Andoni é profundo conhecedor de seu entorno, de plantas e bichos e principalmente flores e ervas. Vê a natureza ao seu redor com olhos de filósofo:


“Ao meu modo de entender a gastronomia, o papel desempenhado pela natureza não é meramente decorativo ou tangencial, pelo contrário: trata-se de uma questão central, pois ao cozinhar não fazemos mais do que propor nossa interpretação  dela.”


Trata-se de um chef que conhece intimamente seu terroir.  Que tem relacionamentos verdadeiros com pescadores e açougueiros, de expert pra expert.

Aduriz faz parte de um novo movimento gastronômico chamado Neonaturalismo, que inspira-se na natureza, e presta homenagem a ela, tanto ao colocar no prato ingredientes cuidadosamente escolhidos e tratados, como ao mimetizá-la nas apresentações.

Exemplos?

"Pedras" que, na verdade, são batatas. No Mugaritz.
Foto de Kathryn Yu.


Paus e troncos e gravetos aparecem nos mais diversos tamanhos e formatos nos pratos neonaturalistas. Como neste prato abaixo, que parece um pedaço de pau largado na praia. Na verdade, o “pau fossilizado” é salsify, um tubérculo longo e estreito.


 Salsify fossilizado com ovas e acentos do mar, de Andoni Aduriz. Foto: Kathryn Yu



A vitela servida no Mugaritz é outro trompe l'oeil: os gravetos parecem carbonizados. O “carvão” que aparece no centro é na verdade um tenro pedaço de vitela. A ele Andoni Aduriz acrescenta cinzas de ramos de parreira queimados.

Cortado com faca, o "carvão" revela-se: vitela rosada. Foto: Kathryn Yu


Andoni Aduriz adora usar flores em suas composições. Aqui, são lírios:

Lírio com queijo de cabra cremoso do Mugaritz, por Kathryn Yu


Flores aparecem também nesse prato que parece um caldo quente mas não é:

Caranguejo negro, flores, pistilos de açafrão e gel frio de camarão, do Mugaritz


Se em alguns pratos a natureza surge na forma de um elemento -- uma “pedra”, um “tronco”, uma flor, etc -- em outros o chef dá um “zoom out” e recria todo um cenário, uma paisagem. Os pedriscos, a areia, até o mar -- tudo pode ser incorporado ao “tableau de comer”, ou à natureza morta.

Jantar no Mugaritz, em suma, é uma experiência filosófica que excita tanto o cérebro quanto as papilas.


Un día en Mugaritz from Mugaritz on Vimeo.


Fotos do Mugaritz, por Kathryn Yu.

Mugaritz:
Tels. (34) 943 522 455 / 943 518 343
info@mugaritz.com
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