Showing posts with label Le Chateaubriand. Show all posts
Showing posts with label Le Chateaubriand. Show all posts

28.8.12

Chef Iñaki Aizpitarte impressiona-se com o Brasil: "senti grande interesse pela cozinha"

Chef Iñaki Aizpitarte colhendo musgos

Nunca vi tantos estrangeiros querendo ir para o Brasil... para comer! Cada dia ouço falar em algum chef renomado que está de passagem marcada ou acabou de voltar. O Jordi Roca, pâtissier-gênio, passou os últimos dias em Tiradentes, Minas Gerais. Daniel Boulud outro dia mandou um tweet enquanto jantava no Oro de Felipe Bronze. E logo antes disso, o controvertido Iñaki Aizpitarte, chef-proprietário dos dois lugarzinhos mais cool de Paris (Le Chateaubriand e Le Dauphin), esteve no Rio e em São Paulo.

O jovem Thomas Troisgros foi seu cicerone e digamos que os dois... divertiram-se a beça. Teve tarde de sábado no Mocotó que emendou com galinhada no Dalva e Dito, e muito, muito mais.

Fiquei curiosa para saber as impressões do chef parisiense, então liguei para ele. Ouvi o seguinte:

"Incrível como o Brasil mudou desde minha última visita, nove anos atrás. Senti um movimento, um grande interesse pela cozinha, há dinheiro e as coisas encareceram muito, os preços são quase como os de Paris! Adorei o Mocotó, onde comi uns ótimos cubos de tapioca, o chef me deu a receita e vou testar aqui. Fui ao D.O.M., claro, que é a referência, e provei várias coisas que me impressionaram. Achei especialmente fantástico o arroz negro crocante, e o abacaxi com formigas que ele serve como uma espécie de trou normand. Me levaram também a uma churrascaria onde me pareceu absurdamente rápido o ritmo com que nos serviam as carnes".

Iñaki é um chef curioso. Parece meio arredio, quiçá até grosso a quem não o conhece. Mas é só fachada: ele é simples, direto, nada fresco. Jantei em seus dois restaurantes uns meses atrás, para escrever uma matéria na revista GQ:

 
Se eu tivesse que resumir minhas impressões do tão falado Le Chateaubriand, diria que é apertado, charmosamente francesinho, caloroso, com garçons apressados e às vezes bruscos. O menu degustação é cheio de personalidade, de misturas inusitadas, umas bem-sucedidas, outras menos. O prato de queijos é matador. Boas sobremesas.

Já o Le Dauphin é ainda mais barulhento, ainda menor. Pouco cômodo, em suma. Arquitetura famosamente assinada por Rem Koolhas (leia-se: mármore branco everywhere). Aqui não há menu degustação, mas sim vários pratinhos. Foi a grande surpresa da minha viagem, tudo o que provei estava espetacular. Por isso escolhi um prato do Le Dauphin para abrir a matéria da GQ (acima, ostras com cenouras e beterrabas curtidas). Aqui também notei parelhas estranhamente felizes de ingredientes raramente casados, como uni e picles; peixe cru e repolho roxo; sopa de couve-flor e ostras. Pode soar estranho, mas na boca é só alegria.

Tem viagem marcada para Paris? Anotem minha lista bistronomiques, incluindo os do Iñaki, onde a boa comida compensa o aperto:

Chatomat
Apertado, minúsculo, fora de mão, serviço de poucos amigos mas.... comida absolutamente deliciosa e descomplicada, focada nos ingredientes.
6 rue Victor Letalle, tel. +33 1 47 97 25 77

Le Chateaubriand
A alta cotação no ranking dos 50 Melhores Restaurantes do Mundo elevou demais as expectativas. Vá esperando um bistrozinho de bairro um tanto bagunçado mas que serve menus-degustação transados e instigantes. E reserve com muita antecedência.
129 Ave. Parmentier, tel. +33 1 43 57 45 95

Le Dauphin
Segundo bistronomique do Iñaki, serve pratos pequenos (prove pelo menos quatro ou cinco) em ambiente ainda mais apertadinho e ruidoso. Grandíssima cozinha!
131, avenue Parmentier, tel: + 33 1 55 28 78 88

Ze Kitchen Galerie
Um dos favoritos da crítica gastronômica carioca Constance Escobar, em cujo taco confio. Para ela, o chef William Leudeuil “sabe ousar sem se perder e preocupar com modismos”.
4 rue des Grands Augustins
tel. +33 1 44320032
http://www.zekitchengalerie.fr

E mais Iñaki Aizpitarte no Boa Vida:

Testando restaurantes em Paris, março de 2012: restagrams
Os "bistronomiques" de Paris: um pouco de background

18.3.12

Chateaubriand, Dauphin, Baratin, etc: restaurantes de Paris resumidos em RESTAGRAMS


Quem me segue no Twitter e no Instagram (username @aleforbes) já sabe um pouco do que achei deste ou daquele restaurante onde comi nesta ida a Paris. Mas de todo modo, para facilitar a vida de quem está de viagem marcada para Paris e quer um resumo resumidíssimo, eis meus Restagrams parisienses. Naturalmente, na capital mundial do mau humor, as notas para o serviço só são altas nos lugares mais finos e caros. Basta sair dali e ir comer algo casualmente para se ter um gostinho da grosseria ou descaso típicos dos locais.

E não custa lembrar, mais uma vez:
DISCLAIMER: Sim, as notas são super subjetivas. De sete pra cima, quer dizer que gostei. Oito, muito bom. Nove, excelente. Dez, perfeito. Nem preciso explicar o óbvio, espero: meço o serviço de um boteco, por exemplo, contra aquilo que espero de um boteco, não comparando-o ao de um lugar fino. Idem a comida. Idem o ambiente. Por isso posso dar um 10 para o ambiente da simplíssima Casa dos Cariris em São Paulo: dentro do que se propõe a fazer, não poderia ser mais charmosa. E, por fim, digo que são notas nada definitivas: refletem a minha experiência naquele lugar naquele dia.


Agapé Substance 
COMIDA: 8.5
AMBIENTE: 6
SERVIÇO: 7
66, rue Mazarine
París (75006)
Metro: Mabillon, Odéon, Saint-Germain des Prés & Saint-Michel
Tel.: +33 1 43 29 33 83



Camélia (chef Thierry Marx)
COMIDA: 8
AMBIENTE: 9
SERVIÇO: 10
251, rue Saint Honoré, hotel Mandarin Oriental
Tel.: +33 1 70987400

Le Baratin
COMIDA: 6
AMBIENTE: 7
SERVIÇO: 4
3 Rue Jouye-Rouve, 75020
Metro: Pyrénees
tek, +33 1 43 49 39 70

Chatomat
COMIDA: 9.5
AMBIENTE:4
SERVIÇO: 6
6 rue Victor Letalle, 75020
tel. +33 1 47 97 25 77






Le Dauphin
COMIDA: 10
AMBIENTE: 7
SERVIÇO: 7
131, avenue Parmentier
París (75011)
Metro: Goncourt, Parmentier & République
Tel: + 33 1 55 28 78 88 





Le Chateaubriand
COMIDA: 9
AMBIENTE: 9
SERVIÇO: 6 (apesar da simpatia do Sébastien, na foto)
129 Ave. Parmentier, 75001
tel. +33 1 43 57 45 95all

COMIDA: 7
AMBIENTE: 7
SERVIÇO: 7
20 rue Saint Victor (Maison de la Mutualité)
75005
tel. +33 1 44 31 54 54
reservations@bistrot-terroirparisien.fr




Thoumieux (chef Jean-François Piège)*
COMIDA: 8
AMBIENTE: 10
SERVIÇO: 10
*fui a um jantar organizado pelo Omnivore em que alternavam-se
pratos do espanhol Quique Dacosta e de Jean-François Piège.
Baseei minha nota somente nos pratos do Piège, claro.
79, rue Saint-Dominique
París (75007)
Metro: La Tour-Maubourg, Pont de l'Alma & Ecole Militaire
Tel: +33 1 47 05 79 79
COMIDA: 9
AMBIENTE: 7
SERVIÇO: 10
*almoço simples, à la bento box, que experimentei nessa que é,
principalmente, uma finíssima casa de chás.
10 Rue St. Florentin
tel. + 33 1 42 60 13 00




24.10.10

Chef Inaki Aizpitarte e os melhores restaurantes bistronomiques de Paris




Faz tempo, infelizmente, que não passo uma temporada em Paris, por isso não sou grande expert em bistronomiques (onda relativamente recente), mas pelo pouco que sei posso dizer o seguinte: os bistrots gastronomiques continuam super em alta.

Pra quem pegou o bonde andando, a bistronomia é tendência que já pegou força há tempos em Paris e Barcelona, principalmente, e ganhou embalo durante a última recessão.

O princípio é o seguinte: chef de alto pedigree, com passagens por restaurantes gastronômicos, sai e abre negócio próprio privilegiando um ambiente despojado e menu de pratos simples mas feitos com uma pegada de haute cuisine.

Técnicas e capricho típicos de haute cuisine, menu, vibe e preços de bar de tapas = restaurante bistronômico.

O termo foi cunhado em 2003 pelo crítico gastronômico Sébastien Demorand: "procurávamos uma expressão para descrever um restaurante que aliava a convivialidade e a descontração de um bistrô e o lado "grande restaurante" da cozinha".

Um bistronomique, em essência, serve alta gastronomia num ambiente simples e descontraído. Comida de primeiro nível, preços lá embaixo (jantar de três serviços entre 32 e 45 euros, sem bebidas). Geralmente, os bistronomiques são pequenos bistrôs fundados por chefs que passaram por grandes restaurantes e que, na hora de abrirem o próprio negócio, não tinham nem grana nem disposição pra fazer um lugar grande, chique ou caro.

Quem ganha com essa dos bistronomiques? Eu e vocês, claro.

Já contei aqui que em setembro eu passei quatro dias no mato com um bando de chefs, na Lapônia. Pois estava lá o Iñaki Aizpitarte, um basco crescido e criado em Paris, super charmoso e divertido. Ele é dono, justamente, de um ótimo bistronomique chamado Le Chateaubriand.


Chef Iñaki Aizpitarte no Cook it Raw, evento de chefs na Lapônia

Chefs Iñaki Aizpitarte (à esq.) e Petter Nilsson (do La Gazzetta, em Paris)
Acabei descobrindo uma super novidade: Iñaki vai abrir um outro restaurante desenhado por ninguém menos que o starquiteto Rem Koolhas! Vai fazer parte de um projeto bem ambicioso de hotel com 80 quartos, piscina, club e jardins, que só deve sair do papel em 2012 ou 2013. E às margens do Sena!



Aproveitando que estamos nesse tema, achei que a lista a seguir poderia ser útil....

Os melhores "bistronomiques" de Paris:

Rue Dupin, 11, Sexto arrondissement, tel. 33 1 42 22 64 56
Um dos pioneiros da bistronomie, esse minúsculo bistrozinho tem grandes ambições culinárias. No menu, pratos como crocante de pé de porco com queijo de cabra fresco e alface frisée, e ris (glândula do timo) de cordeiro com fondue de espinafre e molho de lagostins.

Le Chateaubriand, chef Iñaki Aizpitarte
Av. Parmentier, 129, 11o arrondissement, tel. 33 1 43 57 45 95
O chef basco é dos bistronômicos mais audazes e usa e abusa de desconstruções, espumas e molhos inesperados. O serviço tem fama de ser meio rude, a não ser com habitués, mas o brilho do chef compensa a falha.

Spring, chef Daniel Rose
Jantar a 39 euros
Rue de la Tour d’Auvergne, 28, Nono arrondissement, tel. 33 1 45 96 05 72
O chef é americano, de Chicago, mas formou-se na França. O lugar é minúsculo e disputadíssimo. E a cozinha, de autor, pode combinar, por exemplo, escargots, foie gras e beterrabas cruas no mesmo prato.

La Régalade, chef Bruno Doucet
Avenida Jean Moulin, 49, 14o arrondissement, tel. 33 1 45 45 68 58
Jantar a 32 euros
O bistrô foi fundado por Yves Camdeborde, o pai da bistronomia em Paris, em 92. Ele passou por grandes cozinhas – culminando na do Le Crillon, sob a batuta do mentor Christian Constant, e ao abrir o Régalade lançou tendência ao servir um menu a preços ultra acessíveis e com serviço super descontraído. A coisa pegou, forte, e seus amigos chefs resolveram copiar a fórmula. Depois de 12 anos de sucesso ininterrupto, resolveu vender e partir pra outra. Quem tomou as rédeas foi Bruno Doucet (ex-Pierre Gagnaire e Apicius), que prudentemente mateve várias tradições do Régalade: o menu mudado semanalmente, a 32 euros, a terrine caseira servida para quem espera mesa, etc. O prato mais famoso é o soufflé ao Grand Marnier.

Le Comptoir, chef Yves Camdeborde
Le Comptoir, 9 Carrefour de l’Odéon, 6th Arr., Paris; 011-33-1-43-29-12-05
O mais cheio e badalado dos bistronômicos, foi aberto pelo chef Yves Camdeborde depois que ele vendeu o La Régalade, e fica num hotelzinho chamado Relais St. Germain, dele também. No começo da refeição, trazem à mesa um pão inteiro sobre tábua de madeira. Oferecem queijos afinados pela maison Boursault, com acompanhamentos: mel, geléia de pimentão e de blackberry, etc. No almoço e no jantar dos fins de semana, está mais pra brasserie. Mas nos jantares durante a semana vira um mini restaurante gastronômico, servindo menus degustação de 5 serviços a 32 euros. Imprenscindível reservar com MESES de antecedência!


Chez L’Ami Jean
Rue Malar, 7, tel. 33 1 47 -5 86 89
Jantar a 34 euros
Ruidoso, com garçons pouco pacientes e menu às vezes difícil de decifrar. Mas a comida maravilhosa compensa qualquer chateação. Carne de vaca desfiada com creme de cenoura, gazpacho com ravióli, bochechas de porco com penne, etc.



E mais:
Onde comer bem e barato em Paris, por Riq Freire no Viaje na Viagem


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...