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3.10.11

Restaurantes de Londres: os melhores e as novidades



O E. escreveu pedindo dicas de Londres, e aí notei que precisava dar uma atualizada na minha listinha "best of", pra facilitar a vida de quem vai pra lá em breve...

Os garantidíssimos:

1 - Scott's
Fui lá com a família toda e saí de queixo caído. Isso é restaurante de peixe. O resto é conversa.... Cliquem na imagem para ler a matéria que saiu na GQ.




2 - Hibiscus
Ligeiramente careta, sim, e "fino" à moda antiga. E caro. Fica em Mayfair (já não tinha dito que era careta?). Mas sabem do quê? Bom demais! Aqui, o post em que postrei prato por prato. Pra ir em ocasiões especiais e ver que ainda tem gente fazendo alta cozinha direito nesse mundo.



3- Bar Boulud
Geralmente tenho birra de restaurante "de série". Só que o Daniel Boulud sabe MUITO bem o que faz e acertou na mosca. Terrines, frutos do mar, comida francesa bem feita, clima de brasserie chique. Aqui, o meu post contando os detalhes.

4- Marcus Wareing at The Berkeley 
Para quem não sabe, Marcus Wareing já foi o mais querido e prestigiado dos protegidos do überchef Gordon Ramsay, até o dia em que brigaram. O restaurante no The Berkeley, aliás, era do seu ex-chefe Ramsay e chamava-se Pétrus. Ao passar de mãos, foi rebatizado como Marcus Wareing at The Berkeley e logo tornou-se o melhor da cidade. Caro, chique, etc. - para ocasiões ultra especiais.
Wilton Place, tel. +44 20 7235-1010,
www.the-berkeley.co.uk

5- Roka, um japa nota dez
MUITO bom. MUITO caro. Sempre animado. Super bem localizado, em Fitzrovia. No subsolo tem um bar de saquês bem bacana e barulhento.

Os "pra quem não vive sem uma novidade":

1- Thomas Keller na Harrod's
A modinha da estação, com as filas para conseguir mesa que obviamente a acompanham.

2- Dinner, do Heston Blumenthal, no hotel Mandarin Oriental
Já nem é tão novidade assim, e eu nem achei tão fantástico assim, mas.... aqui, o relato do meu almoço.





Os que EU mais tenho vontade de experimentar:

1- The Gilbert Scott
O lugar mais inglês, mais barato, mais cool e mais historicamente lindo do chef Marcus Wareing. De longe, a melhor novidade do ano, garantem ótimas fontes... Aqui, meu post.

2- Ottolenghi, o fantástico restaurante vegetariano que virou febre.



Os "depois não digam que eu não avisei":

1- Viajante
Um restaurante... viajante. Primeiro, por ficar bem, bem, BEM longe do centro turístico, lá no East End. Segundo, por ser um lugar que serve cozinha de vanguarda, cerebral, diferente de tudo o que já se viu na cidade. O chef, Nuno Mendes, é portuga. Aqui, meu post.

2- Les Deux Salons
Li montes de matérias sobre essa brasserie, altamente elogiosas. Ouvi falar por amigos. Fiquei curiosa. Fui. Jantei. Comi bem. Gastei uma nota. Achei simpático mas nada que valesse o táxi de 20 minutos do hotel.


Os bons e (relativamente) baratos:

1- The Engineer
Parece um pub, mas não é. Boa comida, em uma parte gostosa da cidade, perto de um canal. Pra quem estiver por aqueles lados... Belíssimo cheeseburguer.

2- St. John Bread & Wine
94-96 Commercial St., T: 20 7247-8724, stjohnbreadandwine.com

O segundo restaurante do respeitadíssimo e doido Fergus Henderson, o pai da cozinha "da fuça ao rabo", ao lado do mercado Spittalfields, no East End. Produto, produto, produto. Não há espaço para o supérfluo, como quadros, toalhas de mesa, flores nem pratos enfeitados. Peixes, carnes e saladas frescas são servidos sem frufrus, num salão todo branco tipo refeitório escolar.



Os achados mais surpreendentes:

1- Breakfast do Brown's Hotel

Hoteis de grande luxo não faltam em Londres, do The Dorchester ao Mandarin Oriental, do Park Lane ao The Connaught. Mas são poucos os que aliam os serviços esperados de um grande hotel de primeira classe com o charme intimista de uma guest house. Entre esses poucos, o Brown’s, onde Theodore Roosevelt passou sua lua-de-mel, destaca-se como o mais chique, sem dúvida. Trata-se, atualmente, do meu hotel favorito na capital inglesa.
O lobby é contido, pequeno. Os corredores, quase estreitos. Mas não se deixe enganar pela falta de grandiosidade: o Brown’s é uma das joias do elegantíssimo bairro de Mayfair e a menina dos olhos do dono, sir Rocco Forte (o rei do high londrino).
Nunca dormi lá, infelizmente. Em compensação, tomei um dos melhores cafés da manhã da minha vida. Chique e oh-so-British.
Rua Albermarle, Mayfair, tel. +44 20 7493-9381
www.roccofortecollection.com

2- Eyre Brothers: 70 Leonard St. , T: 20 7613 5346
Coisa rara: os irmãos Eyre, proprietários, pegam no pesado, Robert no salão, e David no fogão. O resultado se vê na qualidade impecável da cozinha ibérica em que reinam marinadas fortes, bacalhau e muito alho. Cozinha rústica e clássica, décor com muita madeira e geometria à la Wallpaper. Faz tempo que não vou, mas adoro o vibe, adoro o charme meio grunge da rua no East End.

3- Counter Café
Um lugar servindo ótimos brunches lá na pqp. Mas segundo minha amiga MoniqueVanni, brasileira que mora em Londres e bloga sobre a cidade, é imperdível.



As melhores fontes de informação:



Novo app do chef Jamie Oliver
Um bacaníssimo guia de onde comprar comidas e comer fora na Inglaterra.
Confesso que a superexposição desse chef anda me cansando um pouco. Ele já começa a parecer, para mim, um samba de uma nota só. Mesmo assim, não dá para negar o appeal dele, o talento para fazer toda receita parecer fácil, e o muito que ele anda fazendo para livrar seu país de junk food.
Mas voltando ao que interessa: o App é muito show, e faz par com um livro sobre o mesmo tema (aqui neste link, maiores detalhes). Dá para navegar facilmente um mapa super bem feito, clicando nos iconezinhos para saber maiores detalhes dos lugares – pubs, mercados, restôs – que ele recomenda.
Eu, que não vou a Londres tão cedo (aqui, inserir cara de triste), não consigo largar o brinquedo.

E-gullet: o mais anárquico, extenso e completo fórum de foodies discutindo restaurantes. Aqui, o link para o fórum focado na Inglaterra. Tem montes de comentários sobre todos os principais restaurantes e chefs.

Os melhores restaurantes da Inglaterra - lista compilada pela mesma revista que faz o famoso ranking The World's 50 Best Restaurants. A lista de 2011 será anunciada 10 de outubro.

Jay Rayner, crítico do The Observer
(Ele recentemente elogiou, por exemplo, o Crooked Well)

2.10.11

Chef Heston Blumenthal em Londres: meu almoço no Dinner




Expectativas sempre são perigosas. Quanto mais esperamos, maior pode ser o tombo.
Não que meu almoço no novo Dinner, do überchef Heston Blumenthal, tenha sido um tombo. Longe disso, a comida estava bem gostosa, exceto uma sobremesa que me esforço até agora para deletar da memória. Mas eu, que acompanhei de longe, lendo blogs e reportagens, o desenvolvimento do ambicioso projeto, acabei me decepcionando com o jeitão super normal do lugar. Tem cara de restaurante chique de hotel, simplesmente. Eu esperava um pouco mais do que havia sido descrito no press release:
“Inspired by Heston Blumenthal’s novel approach to gastronomy and 16th Century historical British style references, Tihany Design conceived the restaurant interior as a subtle, elegant portrait; contemporary and innovative, yet with respect and an understanding for tradition.  Rich natural materials such as wood, leather and iron – historical elements at the root of British style – are utilized in modern ways. The main dining room features floor to ceiling glass walls, which provide diners with a glimpse of the kitchen and more significantly, a unique large scale pulley system. This contemporary stainless steel pulley is modeled after an original 16th century pulley system designed for the British Royal Court’s kitchens. Custom designed by Tihany, the gears and crank resemble the craftsmanship of an oversized watch, mechanically rotating a spit in an open-fire rotisserie. Ivory painted walls add warmth, along with custom-made white porcelain wall sconces in the shape of antique cake molds. Chocolate brown leather and smoky grey velvet textured seating contrasts with plush saffron colored pillows, enveloping guests within.”
O foco do décor, conforme o que se lê acima, era para ser um sistema de engrenagens mecânicas, como o motor de um relógio em tamanho monumental, que deveria fazer girar os espetos de uma grelha com ar histórico. Isso tudo para transmitir a idéia de viagem à Inglaterra antiga, da passagem do tempo. Só que o tal mecanismo não tinha nada de histórico, parecia apenas um relógio de Itu. E a grelha ficava bem escondida.



Se eu não soubesse de toda a história por trás, jamais teria notado as alusões visuais ao tema de cozinha histórica. Sutis demais! Querem um exemplo? As luminárias (vejam na foto acima) são réplicas de antigas fôrmas de pudim. Acham que muita gente nota?



E tem mais: se Heston dizia aos quatro ventos que aquilo era para ser uma brasserie, eu garanto que de brasserie não tem absolutamente nada além das carnes em porções fartas. Nem os preços baixos, nem a informalidade, nem os salsichões com cerveja, nem os copos grosseiros. Não, nada disso…. o Dinner é coisa para bico fino. Os sommeliers, por exemplo, liderados pelo português João Pires (ex-Gordon Ramsay at Royal Hospital Road), vestem-se na maior elegância. Porcelana fina, taças de cristal…. e por aí vai.



Se vi pouca graça no décor, deslumbrei-me com os imensos janelões dando para o parque, esses sim, uma beleza:




Mas vamos ao que interessa: a comida.
Minha irmã ficou chocada quanto apontei a ela o chef do Dinner, o Ashley Palmer-Watts.
“Hãn?! Como assim, o Heston não é o chef?!”

Tsc, tsc…. que tolinha…. Lógico que não, né? Heston hoje em dia virou o Mario Batali inglês, além de comandar seu famoso The Fat Duck (cotado no. 5 no mundo segundo o ranking dos 50 Melhores Restaurantes do Mundo) faz n programas de televisão e anúncios e escreve livros.

Voltando ao Dinner: o chef Palmer-Watts veio me cumprimentar e falou:
“Nem precisa pedir a meat fruit, quero mandar uma de cortesia”.
Explicando: meat fruit, ou fruta-carne, é uma entrada trompe l’oeil que parece uma tangerina mas obviamente não é. Inspira-se na era Tudor, quando aristocratas ingleses (ou melhor dizendo, seus empregados) esculpiam patês de carne em forma de frutas, depois pintavam com corantes comestíveis e serviam em travessas, como se fosse um arranjo de frutas.




A tal “meat fruit” virou estrela-mór do restaurante, sai em toda matéria de toda revista que fala dele.



A tal ponto que eu, sem nunca ter posto um pedaço na boca, de tanto ler a respeito já tinha enjoado.
Mas aí, ela chegou, a “tangerina” linda e lustrosa e perfeita, a película gelatinosa escondendo o interior de sedosa e pastosa mistura de foie gras e fígado de galinha. Eu, boa irmã que sou, não estraguei a surpresa, não contei o que tinha dentro.




“Noooossa, melhor patê da minha vida! Dá pra pedir mais pão?”
rárárá…..
E assim seguimos.
Minha irmã pediu um “Rice and Flesh (c.1390)”.
“Ué, mas já existia risoto na Inglaterra nas priscas eras? Não sabia… Mas tá excelente”, disse.
Provei e comprovei: ótimo risoto ao açafrão, perfeitamente al dente, os pistilos, abundantes, à mostra!



Minha entrada, que tinha o esdrúxulo nome de Salamagundy (receita de 1720, informava o menu), mesclava chicken oysters (um pedacinho da galinha que tem o formato de uma ostra, daí o nome) e tutano de boi. A-do-ro tudo com tutano, mas neste caso o gosto do ingrediente perdeu-se na confusão das folhas que vinham por cima e do forte creme de raiz forte….




Melhor sorte tive com o prato principal, curto e simples: bisteca de porco, repolho. O que deu o tchans foi o molho, ultra concentrado, que parecia feito de sucos de uma assadeira:




Pedimos duas sobremesas, uma boa, outra péssima. Melhor falar da boa: era um tal de Tipsy Cake (Bolo Embriagado, receita de 1810) assado em panelinha de ferro e com gosto de brioche doce. Por cima, era meloso, super doce. Ao lado, trouxeram uns pedaços de abacaxi assado no tal braseiro “histórico” (quem diria, abacaxi na Inglaterra, já em 1810?!).

Estava bem bom.




Lembrem-se da dica: pedir o “Brown Bread Ice Cream (c.1830) with Salted Butter and Caramel Malted Yeast Syrup” é rou-ba-da. O meu tinha gosto de massa de pão crua.



E assim foi meu almoço no restaurante mais falado,  mais badalado, mais concorrido, mais ansiosamente esperado dos últimos tempos.

Gostoso, mas longe de extraordinário.

Dinner by Heston Blumenthal: hotel Mandarin Oriental, 66 Knightsbridge, tel. +44(0)20 7201 3833

E mais: minha matéria em inglês na En Route sobre chefs famosos recriando pratos históricos.




7.2.11

Novo restaurante do Heston Blumenthal em Londres: reserve quem puder

"Fruta de carne"do novo Dinner. Fruta, ou carne?
Um trompe l;oeil inspirado na era Tudor.



Já cortaram a fita do novo restô de Heston Blumenthal, o Dinner by Heston Blumenthal. Que se inspira - e baseia seu menu - numa pesquisa dos últimos 500 ou 600 anos de história gastronômica inglesa – ou seja, versões contemporâneas de pratos antiquíssimos. Uns meses atrás, escrevi aqui: "Aposto que será O acontecimento gastronômico de 2011 na capital inglesa. E corram: a linha para fazer reservas abriu ontem!! Meu conselho para quem estiver planejando ir a Londres? Ligar já, ou reservar online, antes que não sobrem mesas!"

Dito e feito: a linha de reservas abriu e logo entupiu. Óbvio. Recebi agorinha este email deles:







O novo restaurante é o oposto de seu famoso The Fat Duck. Ou seja: nada de pompa à la tri-estrelado Michelin, mas sim uma brasserie ruidosa, com muitas carnes assadas no espeto como na antiguidade, e alusões estéticas à passagem do tempo. Tem 158 lugares e muito couro e madeira no décor.




Dinner by Heston Blumenthal
Mandarin Oriental Hyde Park, 66 Knightsbridge,
Tel. + 44 20 7235 2000
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